* Por Henrique Volpi
O software como serviço (SaaS) é vital para a maneira como inúmeras empresas modernas operam. Essa indústria já vale mais de US$ 145 bilhões segundo o Gartner e a sua taxa de crescimento anual está projetada para superar 17% em 2022.
O modelo, atualmente, vive um boom, mas a ideia é antiga, criada na década de 60. Nesse tempo poucas empresas podiam comprar e manter computadores e servidores.
Em vez disso, elas conectavam seus monitores a um servidor centralizado onde poderiam assinar os serviços de que precisavam. E nada mudou em 60 anos, basicamente o acesso ao software é alugado, ao invés de se cobrar uma única vez pela licença.
O modelo de negócios de software como serviço é uma vitória tanto para clientes como para empresas. Para quem empreende, o SaaS é dimensionado rapidamente, gera receita recorrente e é gerenciado facilmente. Para os clientes, oferece comodidade e investimentos reduzidos.
E a demanda do cliente está mudando. Eles estão mais dispostos a pagar pelo acesso a um produto ou serviço em quantias menores do que pagar valores únicos antecipadamente. Os consumidores recebem atualizações constantes do software e fácil acesso a novos recursos e tecnologias de ponta.
Com uma enorme explosão de empresas SaaS entrando no mercado, estamos vendo serviços de software disruptivos entrando nos processos corporativos de todas as formas.
E, a partir do SaaS ajudando a otimizar os processos de negócios, levando a operações mais fluidas e automatizadas, as empresas de capital de risco estão mergulhando de cabeça para encontrar os melhores e mais brilhantes empreendedores para apoiar.
De software de imagem a ferramentas de colaboração, o SaaS está se tornando uma rota extremamente lucrativa para empresas de capital de risco.
Em 10 anos, segundo o The Global VC, o financiamento SaaS cresceu quase sete vezes e ultrapassou o crescimento geral do financiamento de capital de risco em quase seis vezes.
Só em 2021 nos Estados Unidos, dados da CB Insights mostraram que 27 empresas de SaaS abriram capital, representando cerca de US$ 225 bilhões em capital de mercado.
Uma das razões pelas quais há tanto interesse dos investidores em software como serviço é porque o seu uso continua a crescer rapidamente, abrangendo uma gama mais ampla de setores do que se imaginava anteriormente. Hoje, setores inteiros como agricultura, varejo, construção e música, dependem desse tipo de sistema para serem mais efetivos e entregarem sua proposta de valor.
E se a receita é recorrente e pode ser planejada, por que não investir? A previsibilidade é o aspecto mais importante tanto para quem investe quanto para quem faz parte da operação.
Outra questão é que investidores e mercados odeiam a incerteza. Esse sentimento soa ainda mais verdadeiro quando se trata de uma aposta feita por fundos de capital de risco na fase inicial da empresa. Qualquer oportunidade de reduzir o risco do negócio permite uma maior chance de investimento.
É fácil ver como o SaaS pode ser um modelo de negócios poderoso e altamente atrativo para os investidores. Claro que se chegar ao status de unicórnio não é simples mas com um conceito sólido, planejamento adequado e uma abordagem estruturada para uma evolução orgânica, é possível construir um negócio lucrativo e rapidamente escalável.
Henrique Volpi é sócio-fundador da Kakau Seguros, formado em Administração pela PUC-SP, com especializações em fintech pelo MIT e em liderança do futuro pela Singularity University. Trabalhou em empresas como BMC, EMC Dell e Servicenow. Foi coautor do livro “The INSURTECH Book: The Insurance Technology Handbook for Investors, Entrepreneurs and FinTECH Visionaries”.