* Por Rafael Kenji
O mundo atingiu, em 2022, a marca de 8 bilhões de pessoas, com uma velocidade cada vez maior de crescimento nos países em desenvolvimento e um cenário oposto nos países desenvolvidos, como Estados Unidos, Japão e a maior parte da Europa.
Do lado dos países com crescimento populacional, como o Brasil, China, Índia e diversos países do continente africano, as soluções tecnológicas e escaláveis para resolver problemas comuns destes locais serão ainda mais necessárias.
Por existirem grandes desigualdades socioeconômicas, comuns em países nessa etapa de desenvolvimento, as soluções criadas no Brasil podem ser adaptadas e reaproveitadas para aplicação fora do país. Tem-se, então, um bom motivo para a internacionalização das startups brasileiras: o uso da tecnologia para uma realidade muito parecida em relação a aspectos macroeconômicos, diferenciando detalhes como política, cultura, costumes e idioma.
Por outro lado, os países desenvolvidos possuem um alto IDH, muito relacionado ao elevado uso da tecnologia e industrialização, mas com queda expressiva na natalidade e crescente envelhecimento da população. Esse cenário gera uma demanda não apenas por mão de obra de trabalho, mas também por soluções que diminuam a necessidade de atuação direta em determinados setores, como varejo, vestuário e agronegócio.
Muito por causa desses fatores que países como Portugal, Espanha, Reino Unido, Austrália e Canadá realizam chamadas públicas de investimento em startups a fundo perdido e o incentivo à migração dos chamados “cérebros”, grupos de pessoas altamente qualificadas, em idade produtiva, envolvidos com o mercado de trabalho ou produção científica.
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A migração dos “cérebros” induziu até mesmo os Estados Unidos a facilitarem a disponibilização de vistos de trabalho e permanência para estrangeiros relacionados a universidades, ou então aqueles que possuem investimentos no país. O greencard é disponibilizado atualmente para estrangeiros que investem pelo menos 800 mil dólares em áreas de alto desemprego, ou de ao menos US$ 1,05 milhão nas demais áreas com pelo menos 10 empregos diretores ao longo de dois anos. Esse valor já foi de US$ 1,8 milhão.
Os dois cenários indicam para uma facilitação gradual na migração de startups para os demais países do globo, em cenários opostos, mas com aberturas na absorção das tecnologias.
Contudo, uma observação importante é que a internacionalização segue regras fiscais e legislativas do novo país, com exigências quanto à necessidade ou não de contratação de pessoas nativas no local, ou até mesmo instalação da empresa fisicamente em determinadas cidades, com maiores necessidades. Outro ponto importante é quanto ao retorno do dinheiro, que pode sofrer tributações na saída do novo país e na entrada no Brasil.
Não existe uma regra única sobre qual é o melhor país para uma internacionalização, já que cada local tem suas peculiaridades, que vão ser mais ou menos adequadas para o produto de cada startup e cada cliente.
A única regra é: o momento mais adequado para a internacionalização da startup é quando o mercado brasileiro já foi totalmente contemplado, não apenas em número, mas em oportunidades. Afinal, o Brasil tem um mercado de 208 milhões de habitantes, sendo também a porta de entrada para a América Latina, com uma população de quase 600 milhões de habitantes.
Rafael Kenji Hamada é médico e CEO da FHE Ventures, uma Corporate Venture Builder cujo principal objetivo é desenvolver soluções inovadoras voltadas ou adaptadas para as áreas de saúde e educação.
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