* Por Rodrigo Petroni
Uma vez que a pandemia do novo coronavírus modificou os hábitos de consumo dos brasileiros, acelerou o crescimento das lojas virtuais e abriu caminho para a adesão de novos métodos de pagamento no país. Acredito que tanto o Governo do Estado de São Paulo quanto a Prefeitura devem estar pensando em estratégias para a modernização do sistema de bilhetagem eletrônica do transporte público da capital, buscando adequá-los as novas expectativas dos passageiros e as mais recentes necessidades operacionais.
Estamos passando por um período de transição, onde as carteiras físicas perdem espaço para carteiras digitais que armazenam os nossos dados e realizam transações por aproximação de forma rápida, segura e criptografada. Imagine se pudéssemos fazer tudo através dos nossos smartphones, desde a compra e a recarga do Bilhete Único, bem como a leitura do QR Code diretamente nos validadores eletrônicos, debitando o valor da tarifa dos ônibus, metrôs e trens diretamente da nossa carteira digital?
Além de substituir as passagens unitárias, hoje comercializadas em forma de bilhetes magnéticos ou cartões de plástico, os usuários teriam mais comodidade e flexibilidade, já que poderiam adquirir as passagens a qualquer e hora e lugar, diretamente do seu smartphone, evitando deslocamento e perda de tempo em longas filas. Permitir que os clientes do sistema de transporte público possam se deslocar utilizando sua carteira digital como meio de pagamento, é fundamental em um mundo tão dinâmico.
O maior desafio para as empresas que desejam reformular os atuais modelos de negócios dos transportes coletivos é desenvolver soluções simples e que não necessitem que as pessoas tenham smartphones de última geração, pois a grande maioria dos utilizadores são trabalhadores da classe C, D e E que não têm acesso a tecnologias caras.
A mobilidade do futuro precisa de meios de pagamentos revolucionários, que fujam de soluções “mais do mesmo”. Talvez, se houvesse um aplicativo de mobilidade urbana completo, onde, além de oferecer serviços de roteirizador e pagamento da tarifa do transporte por QR Code, os cidadãos pudessem criar uma conta digital e ter um cartão virtual gratuito, por exemplo, teríamos algo inovador e inclusivo, focado em abraçar os mais de 45 milhões de adultos desbancarizados.
O dinheiro físico ainda é muito presente na vida das pessoas e o Bilhete Único existe há mais de uma década e meia, mas precisamos admitir que é algo que já ficou bastante obsoleto. O coronavírus trouxe lições importantes para os empreendedores e todos os setores da nossa economia têm gargalos imensos para serem resolvidos. Me coloco à disposição para quem, assim como eu, deseja pensar em alternativas para desburocratizar transações por meio de QR Code.
* Rodrigo Petroni é CEO e cofundador da UPM2, startup paulista que oferece soluções de mobile payment para desburocratizar transações por meio de QR Code.