A Solví, empresa comprometida em soluções de resíduos e valorização energética, quer atrair startups da área de meio ambiente. A companhia criou a SMARTie, que consiste num programa de aceleração que buscará ideias inovadoras voltadas à destinação, valorização, transporte e uso de resíduos para gerar ou otimizar energia. Para buscar essa aproximação, estão previstos tickets entre R$ 500 mil a R$ 3 milhões junto aos empreendedores da área.
O novo projeto foi apresentado pelo diretor técnico do Grupo Solví e integrante do conselho da SMARTie, Diego Nicoletti, durante uma live no Youtube em comemoração ao Dia do Meio Ambiente. A transmissão ao vivo pela internet que debateu o tema “Inovação é a Nova Sustentabilidade” foi organizada pelo State Innovation Hub, um ambiente de inovação de biotecnologia e sustentabilidade. O programa da companhia ficará sediado nesse espaço localizado na Vila Leopoldina, Zona Oeste da capital paulista.
A criação da STARTie mostra também um esforço em ampliar sua atuação com o foco em inovação, desta vez com a aproximação junto às iniciativas empreendedoras fora da empresa. Na prática, o novo projeto de aceleração da companhia acompanha um movimento de franco crescimento nesse setor no país. Entre 2015 e 2019, houve um crescimento de 207% no número de startups no país. Até o fim do ano passado, essa quantidade era de 12.727 unidades, de acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups).
“A partir de agora, o Grupo Solví adiciona as startups como foco para atuar na inovação em meio ambiente. Geralmente, elas têm uma boa solução, mas precisam dar um salto que não depende só dela. Por outro lado, a empresa tem toda uma estrutura de corporação consolidada e pode oferecer uma cadeia de parceiros. Ou seja, tudo aquilo que é necessário para escalar”, explicou Julio Begali, head de Operações da SMARTie.
Como vai funcionar
O corporate venture destinado ao meio ambiente estará sediado no State Innovaton Hub e irá funcionar com um total de seis fases. A SMARTie lançou no fim de junho a primeira etapa do programa, com lançamento de desafios para atrair as startups que atuam em quatro diferente verticais (segmentos), todos destinados ao meio ambiente. Entre elas, estão a de valorização de resíduos, recuperação e otimização de energia, logística e logística reversa, e otimização e automação de processos.
Para cada vertical, a SMARTie vai organizar dois diferentes desafios. No caso da valorização de resíduos, o processo abrangerá o tratamento do chorume e o de lodo das estações de tratamento de efluentes (ETEs). Já no de recuperação e otimização de energia, haverá os desafios de aplicação de energia limpa e o de resíduo como combustível.
A vertical de logística e logística reversa contará com os temas aplicação de blockchain em resíduos e economia circular. Por último, a de otimização e automação de processos abordará como desafios a transformação digital aplicada às gestões ambiental e a de frota e logística. Os desafios serão lançados pelos canais digitais do próprio programa nas redes sociais @smartie.global e no site oficial da SMARTie até o dia 31 de julho.
Recebimento das inscrições e entrevistas
Depois do lançamento dos desafios, a SMARTie dará início à segunda etapa, com o recebimento das inscrições das interessadas. O processo de captação funcionará por meio de um formulário disponível online. A meta é conseguir captar pelo menos 300 startups.
A terceira etapa será através das entrevistas de seleção junto às escolhidas na fase anterior. A equipe da SMARTie fará uma análise de comportamento e competências – conhecido como assessment – das startups. Em seguida, ocorrerão reuniões por videoconferência para as interessadas detalharem melhor suas soluções, a sua equipe e estrutura.
A partir dessa avaliação, será elaborado um relatório de recomendação com as selecionadas para análise do Conselho SMARTie, composto pelos principais executivos do Grupo Solví. Serão escolhidas 20 startups nessa fase, até o fim de agosto.
Pitchs e provas de conceito
Depois da seleção, os escolhidos mostrarão suas ideias por meio dos pitchs de dez minutos cada. Os representantes das startups responderão as perguntas feitas pela banca, também composta por executivos do Grupo Solví. Esse processo que corresponde à quarta etapa de todo o processo definirá até 10 selecionados, no início de setembro.
Após essa fase, eles entrarão na quinta etapa, que corresponde o de provas de conceito Nessa parte, os contemplados passarão por mentorias técnicas concedidas pelos próprios diretores executivos do Grupo Solví. “Cada um deles ficará responsável por uma startup e passará orientações, vivências e experiências para esses escolhidos, além de ajudar nas conexões internas”, detalhou Begali.
Durante a fase de provas de conceito, as startups também visitarão a sede do Grupo Solví, no bairro do Jaguaré, em São Paulo e as operações da companhia. Fora isso, elas também farão estudos de viabilidade de suas ideias inovadoras, terão acesso aos modelos de negócio e conexões necessárias para formatar seus respectivos projetos.
Demo day
Após a prova de conceitos, as startups passarão pelo demo day, que consiste em fazer uma nova apresentação à banca da SMARTie. Após a demonstração da ideia inovadora, os componentes da banca poderão optar por três formas de aceleração para cada startup. A primeira delas é a parceria de negócios, explica o head do programa.
“Nesse caso, a banca propõe uma maneira do Grupo Solví se tornar um cliente, ou um fornecedor ou um parceiro da própria empresa. No entanto, a companhia não entra com investimento em participação societária”, esclareceu Begali.
A segunda maneira de aceleração a ser oferecida é o de equity. Nessa situação, a empresa entra com recursos para serem aplicados na startup. “O Grupo Solví adquire uma participação minoritária no projeto”, ressaltou o head SMARTie. A terceira opção pode ser um modelo misto, que envolvem investimentos e uma parceria de negócios.
Além disso, a banca pode optar por não fazer proposta para a startup que fizer a apresentação. “Nossa pretensão é propor algo para todas as selecionadas nessa fase, mas vai depender se a ideia inovadora de fato é viável”, finaliza Begali.