* Por Mauricio Trezub
Este período de pandemia em que vivemos, mudou radicalmente muitas tarefas, das comuns às mais complexas. Além da perda irreparável de vidas, houve alguns pontos de aprendizado com toda essa crise sanitária que fez com que muita gente tivesse que ficar mais tempo em casa. Gamers e artistas souberam aproveitar o espaço para expandirem sua imagem por meio do mundo virtual, mas as marcas não ficaram para trás ao ver o surgimento dessa oportunidade. Foi assim que as primeiras lives commerce começaram a aparecer no Brasil.
Desconhecida até então pelo público brasileiro, as live commerces podem ser consideradas descendentes dos clássicos programas de TV onde produtos são mostrados e o consumidor podia adquiri-los por meio de uma ligação telefônica. A diferença é que hoje tudo é muito mais prático e rápido do que pegar um telefone, discar um número e aguardar para ser atendido. Um clique no canto inferior da tela, ou escanear um QR Code disponível, agiliza o acesso à página do produto que está sendo exibido. A missão do cliente é somente digitar suas informações de pagamento e concluir a compra. Isso se já não tiver cadastro, pois, com ele já realizado, pouco mais de um ou dois cliques são necessários para adquirir mais um bem de consumo.
O que aqui se tornou novidade na metade do último ano, com as ações feitas pela rede de lojas Renner e das Lojas Americanas, na China, havia sido criado em 2016 e gerou, somente em 2019, a expressiva quantia de US$ 60 bilhões. Lá as plataformas de gigantes como Alibaba (Taobao Live), TikTok (Douyin) e Kwai (Kuaishou) controlam atualmente 80% deste mercado avaliado em US$ 4,4 bilhões.
Embora algumas empresas já tenham iniciado os trabalhos aqui, o mercado do live commerce no Brasil ainda está em consolidação. Especialistas já consideram essa tendência como o futuro do e-commerce, já que milhões de usuários preferem tirar dúvidas e interagir com os vendedores online do que fazer compras sozinhos em marketplaces cheios de ofertas tão variadas que, às vezes, é difícil achar o que se precisa. Porém ainda é necessário amadurecer mais essa proposta e cativar o público do Brasil.
Um dos primeiros setores a identificar essa oportunidade foi o da beleza. Tirar suas dúvidas com, na maioria das vezes, influencers especializados, transmite uma maior confiança ao comprador, assim como as respostas em tempo real aproximam o público do apresentador e, consequentemente, da marca.
Mas as marcas não precisam ficar reféns de apresentar links, botões ou QR Codes. Uma outra tendência que pode e deverá ser implantada junto às lives é o chat-commerce. Através dele, os vendedores podem conversar com os clientes enquanto a live é apresentada, o que traz novas possibilidades como a criação de coleções de produtos, onde os vendedores podem mostrar um catálogo a seus consumidores, além de fornecer mais informações respondendo a dúvidas específicas.
No geral, se adequar às tendências é essencial para que as marcas cresçam ou mantenham seus status. Além disso, um segmento que movimentou em 2020 a quantia de US$ 120 bilhões somente na China, mostra que o potencial dessa maneira de vendas é enorme. Aproximar marcas de consumidores e gerar uma apresentação por meio das lives e do chat-commerce, pode ser, nessa década que se inicia, a “galinha dos ovos de ouro” no Brasil. Em tempo, para não ficarem esquecidas ou de lado, as empresas precisam iniciar, o mais rapidamente possível, as suas adaptações e ficarem atentas ao que surgirá no mercado nos próximos anos, mas podem começar com o que já tem no mercado, como as lives e chat commerces.
*Mauricio Trezub é um empresário brasileiro que ocupa o cargo de CEO da OmniChat desde julho de 2020. É formado em Ciências da Computação pela Universidade Federal do Paraná e possui um MBA em Administração e Marketing. Antes de ocupar o cargo mais alto na empresa, Mauricio fundou outras empresas como Behavior, FControl e Ciashop, além de ter sido Head de e-commerce na Totvs. Era investidor da OmniChat desde 2016. Sua gestão é focada em princípios como feedbacks constantes e transparência. O CEO acredita na importância de incentivar e valorizar os colaboradores a terem autonomia e sentimento de dono