* Por Fabiany Lima
O Brasil é, sabidamente, um país com grande potencial para o desenvolvimento de novas empresas, principalmente quando falamos de iniciativas inovadoras. Prova disso é que nos últimos quatro anos o número de startups dobrou, passando de cinco mil negócios em 2017, para 13 mil atualmente, segundo a Associação Brasileira de Startups.
Com boas soluções em finanças, educação, agronegócio, mobilidade entre outros segmentos, esse ecossistema tem atraído olhares mundo afora, tanto que, em 2019 aproximadamente US$ 3,1 bilhões foram aportados em nossos negócios – volume 121% maior do que 2018, e 342% superior a 2017. Em 2020, mesmo em cenário de pandemia, o valor investido nas startups por aqui, até o momento, é superior a US$ 668 milhões, de acordo com pesquisas do Distrito.me.
Entendo que essa dinâmica se mantém por algumas razões. Os investidores estão sempre buscando oportunidades em mercados grandes e suficientemente desenvolvidos como o nosso para criar soluções disruptivas. A dimensão populacional e os problemas internos sociais e de infraestrutura faz com que nossos empreendedores tenham uma característica de trabalhar melhor na adversidade, se superar, e fazer muito com pouco. A criatividade e versatilidade dos brasileiros, portanto, é bem vista pelos investidores externos.
Há também a questão do dólar, que acima de R$ 5 há alguns meses – sem previsão de baixar -, acabou gerando uma diferença monetária muito grande para estrangeiros que desejam aportar por aqui, ao passo que um mesmo valor investido em uma startup nos EUA, por exemplo, pode ser direcionado e distribuído em cinco negócios no Brasil. Ou seja, apostando em empresas brasileiras é possível distribuir os ovos em mais cestas, aumentando a chance de, pelo menos uma delas crescer e se desenvolver.
Por fim, lembro que o mercado brasileiro vem amadurecendo e gerando muitas possibilidades, principalmente para aquisição. Isso porque os investidores enxergam que é muito mais conveniente comprar uma startup brasileira em estágios iniciais já adaptada aos costumes nacionais; do que lançar, no Brasil, soluções semelhantes vindas de outros países que trazem culturas totalmente diferentes e conquistar esse mercado do zero. Junto a isso, o custo de uma startup brasileira em início de operação costuma ser bem menor – em relação a talentos – do que as de outros países. Nesses pontos, o Brasil sai em vantagem.
Aos brasileiros que buscam oportunidade de investimentos de capital estrangeiro, indico entender esses pontos a favor do seu negócio e, a partir daí, profissionalizar a gestão e administração do negócio para se manter pronto para aportes; e intensificar a qualificação profissional a fim de ampliar aumentar as possibilidades de desenvolvimento de novas tecnologias disruptivas.
Quanto melhor for sua solução e a performance que ela apresenta, maior serão as possibilidades de acesso a capital para financiar seu crescimento exponencial. Uma startup com desempenhos sólidos dará melhores possibilidades de retornos para seus investidores, virando uma bola de neve positiva de investimentos e crescimento.
Vale também estudar um outro idioma (inglês, preferencialmente) para ampliar as chances de captação e negociação fora do Brasil, mesmo para quem opera internamente. Os empreendedores que entenderem essas prerrogativas e buscarem desenvolver um relacionamento com fundos e anjos nacionais e estrangeiros, partem com algumas vantagens. Dinheiro há! A escolha vai depender do potencial do seu negócio.
* Fabiany Lima é diretora geral da DiliMatch, uma consultoria estratégica para investidores brasileiros e estrangeiros que aportam em iniciativas nacionais, e para startups que procuram por investimento.