* Por Caio Bretones
Desde novembro de 2020, quando foi lançado, o Pix vem superando rapidamente outras formas de transações financeiras como preferência do consumidor, sendo aceito nas maiores lojas on-line do país e, agora, dividindo a segunda posição entre as formas de pagamento mais disponibilizadas no e-commerce junto ao boleto bancário.
Lembrando dos inúmeros estabelecimentos comerciais físicos que disponibilizam o QrCode do Pix no balcão de atendimento, e ainda oferecem desconto caso o cliente escolha essa opção.
Segundo dados divulgados neste ano pelo Banco Central do Brasil (Bacen), a quantidade de chaves cadastradas e o montante em transação aumentam mês a mês. Em junho passado, por exemplo, foram 469 milhões de chaves cadastradas e mais de R$ 889,1 milhões em operações utilizando o Pix.
Em termos de tecnologia, o Pix é extremamente seguro. Mesmo assim, as fraudes podem acontecer, especialmente pela rapidez do processo. O sistema está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana e as transferências ocorrem em menos de 1 segundo, e ainda por cima são gratuitas para os usuários, fatores que levaram o e-commerce, por exemplo, a se beneficiar.
Mas ainda há dois principais desafios para uma maior adesão ao Pix no setor, sendo o primeiro a grande aceitação do parcelamento sem juros, e o segundo relacionado às fraudes ou intercorrências nas compras on-line, ficando mais difícil para o consumidor reaver o dinheiro, caso necessário.
Após o terceiro vazamento de dados do Pix, a segurança das informações de usuários no universo digital foi questionada. De acordo com o Banco Central, dados cadastrais vinculados a 2.112 chaves Pix vazaram entre os dias 25 e 26 de janeiro de 2022.
Em dezembro do ano passado, 160.147 chaves caíram na rede, e em agosto, na primeira vez em que isso ocorreu, foram 414.526 chaves. Contudo, de acordo com o BC, não foram expostos dados sensíveis capazes de trazer grandes prejuízos aos clientes.
Nos dias atuais, temos medidas de segurança suficientes para diminuir os riscos de fraudes e golpes. Além disso, já foi comprovado que o sistema Pix é um ambiente seguro, fazendo uso de criptografia e ações antifraude. Ninguém está totalmente livre de incidentes com a segurança online e não podemos demonizar o ambiente digital.
Como não existe total segurança na rede, só resta nos proteger como podemos para não cair em golpes causados por vazamento de dados. Como conselho, é sempre bom investirmos em senhas fortes, verificação em duas etapas, nunca fornecer dados de forma desnecessária, verificar o site de compras que está navegando e, no caso do Pix, sempre ficar de olho nas movimentações financeiras, além disso, bancos não fazem ligação depois do horário de expediente.
Embora o Pix esteja dando nome a diversos golpes, o maior risco é o fator humano. O sistema de pagamentos instantâneos possui a mesma segurança que o Sistema Financeiro Nacional utiliza para TED e DOC, e as transações contam com camadas de autenticação criadas pelos próprios bancos. O sistema de pagamento instantâneos é uma forma simplificada de identificação.
Por ser novidade, o risco de fraudes e golpes no Pix é maior, pois muitos ainda não o conhecem, mas fazem uso da mesma linha de segurança de outros serviços financeiros. O que muda é que o sistema tem sido mais explorado por ser novo e atrair cada vez mais usuários, o que faz com que golpistas busquem enganar e levar a vítima a cometer erros e conduzindo outros usuários a associar as fraudes à ferramenta, mas que até o momento não houve nenhum reflexo da fragilidade do sistema.
Golpes sempre envolvem as características humanas dos usuários, que podem ser vítimas de fraudes em diversos momentos, como no cadastro de credenciais, no roubo de dados, na transferência para contas de golpistas, entre outros.
Além disso, o usuário se torna o maior risco do sistema, pois boa parte dos golpes no sistema de pagamentos instantâneos usa a engenharia social, considerada uma das práticas mais comuns, na qual os criminosos buscam fazer a vítima ceder dados da conta do aplicativo de mensagens para assumir o comando do perfil e, desta forma, passam a pedir dinheiro aos contatos e solicitar que seja transferido por Pix.
Não é justo dizer que o Pix é mais vulnerável a golpes e fraudes, uma vez que a tecnologia utilizada em parceria com as instituições financeiras enfrentou os mais diferentes testes, passando a ser considerado um dos instrumentos de inclusão financeira mais promissores.
É importante considerar que o aprendizado é um fator de grande importância para nos prevenir de fraudes para além do ambiente digital. É preciso estar atento aos riscos e seguir à risca as orientações das instituições financeiras e dos especialistas que deixam à disposição dos usuários uma série de instruções e diretrizes de como implementar a tecnologia financeira de forma segura em nosso dia a dia.
Caio Bretones é sócio-fundador e CEO da Mobile2you, mobile-house especializada no desenvolvimento de aplicativos financeiros sob medida (tailor-made), com especialidade em fintechs e soluções digitais.