* Por David Iacobicc
Hoje, segundo o CB Insights, existem 863 empresas que valem mais de US$ 1bilhão e toda semana há notícias do nascimento de uma nova. Isto quer dizer que a valorização deste tipo de empresa floresceu exponencialmente.
Entre as empresas mais notáveis a atingir esta categoria está a Stripe, a fintech de pagamentos americana que vale atualmente US$ 95 bilhões. Além disto, destacam-se também as startups, como a plataforma australiana de desenho gráfico Canva (US$ 40 bilhões), a empresa americana de videogames Epic Games (US$ 48,7 bilhões) e a empresa chinesa de e-commerce Shein (US$ 15 bilhões).
Se olharmos para a região, na América Latina já existem dois decacórnios. O primeiro foi a plataforma de e-commerce argentina Mercado Livre, que alcançou esta categoria em 2017. A segunda corporação foi a Nubank, fintech brasileira que criou um “neobanco”, com um cartão internacional respaldado pela Mastercard sem taxas ou comissões anuais e que pode ser administrado a partir de uma aplicação móvel.
Natureza Tech
A existência de startups decacórnios não significa apenas que há empresas com uma avaliação maior, mas também que há uma nova forma de olhar a indústria a partir do investimento em empreendimentos com base e desenvolvimento tecnológico.
O conceito inovador destas novas empresas surge a partir de uma nova forma de perceber o valor de uma empresa. As startups, por natureza, são empresas mais focadas em seu crescimento do que em suas utilidades.
Um dos casos mais destacados do mundo é a Amazon, fundada em 1994, que em 2016 anunciou quatro trimestres consecutivos de rentabilidade.
É por isto que muitas startups seguem o exemplo do conglomerado de Jeff Bezos e, sendo assim, precisam de mais investimento a longo prazo com foco na inovação e no desenvolvimento de novas tecnologias.
A tecnologia tem sido um grande condutor deste tipo de novo negócio. Quando surge um decacórnio, por exemplo, produz-se um efeito multiplicador ao seu redor. Isto significa que estas empresas possuem características para ser empregadores importantes de recursos de alta qualificação, com impacto salarial, gerando um relevante efeito multiplicador na demanda local por produtos e serviços, além do núcleo de fornecedores que cada empresa também desenvolve.
No entanto, a inovação e a tecnologia estão no centro de muitos desses projetos, uma vez que geralmente são transformadas em eixos fundamentais do desenvolvimento de talento através de diversas iniciativas de formação em tecnologias, que se espalham positivamente sobre toda a indústria do conhecimento.
Se observarmos os números do cruzamento entre tecnologia, negócios e faturamento dos decacórnios, o equilíbrio é mais do que positivo.
Apenas no primeiro trimestre do ano, de acordo com o relatório da FT Partners, cinco startups se uniram ao seleto clube: FNZ, avaliada em US$ 20 bilhões; Blockchain, com um valor de US$ 14 bilhões; Open Sea, que atingiu a avaliação de US$ 13,3 bilhões; Bolt, que conseguiu atingir os US$ 11 bilhões e a Alchemy, que conquistou uma avaliação de US$ 10,2 bilhões.
Finalmente, se analisarmos os casos mais destacados de decacórnios no mundo, como a plataforma de hospedagem Airbnb; a empresa aerospacial SpaceX do fundador da Tesla, Elon Musk; a empresa de desenvolvimento de aplicações de informática, Palantir; a rede de locais de trabalho compartilhados, WeWork; a rede social de imagens, Pinterest e a Lyft, concorrente da Uber, o fator que as une, impulsiona e define é a inovação tecnológica que desenvolvem e como se beneficiaram de suas empresas parceiras.
Portanto, não é surpreendente pensar que em breve os decacórnios serão cada vez mais comuns e que o impacto destes será o de moldar novos e melhores serviços em todo o mundo.
* David Iacobicci é Diretor Comercial Lumen Chile