* Por Tatiana Pimenta
É difícil encontrar uma empresa que estivesse 100% preparada para algo como a pandemia de covid-19, a quarentena e o isolamento social. De uma hora para a outra, passou a ser necessário reformular diversos aspectos do próprio negócio, entender novos modos de consumo e, principalmente, lidar com os desafios que a crise sanitária trouxe para o faturamento.
Empresas e consumidores foram se adaptando mutuamente ao novo modo de interagir, respeitando as limitações e as regras impostas pela questão de higiene e saúde. Isso serviu como um termômetro, a literal “sobrevivência do mais apto”. Quem conseguiu inovar e entender o quê e como mudar, continuou operando. Os negócios que não conseguiram chegar lá, na maioria dos casos, deixaram ou deixarão de existir.
Das 716 mil empresas fechadas entre março e julho, mais de 520 mil tiveram a pandemia como o principal fator de encerramento, de acordo com o IBGE. O fato de tudo isso ter acontecido em pouco mais de 4 ou 5 meses gera uma reflexão importante, um aprendizado trazido pelo “novo normal”: é necessário compreender as novas diretrizes de mercado. E, na medida do possível, contar com ferramentas para inovar rapidamente e não correr o risco de perder seu negócio por não estar preparado.
Adaptação aos modos de consumo
Um dos aspectos que mais mudou diante das limitações da pandemia foi o modo de consumir diversos tipos de serviço. Restaurantes, por exemplo, de um dia para o outro se viram sem poder receber clientes com a mesma frequência, assim como lojas em shoppings, mercados, academias, barbearias e outros estabelecimentos com pontos fixos.
Quem já estava pronto para oferecer delivery e outros serviços a distância conseguiu sobreviver, apesar da redução no faturamento. Já, quem precisava de tempo para acertar essas questões, em muitos casos viu o negócio decair rapidamente, mesmo após reduzir salários e demitir colaboradores.
E, como bons Homo Sapiens que somos, não podemos esquecer que adaptação significa sobrevivência. Neste período vi meus pais, mesmo parte do grupo de risco (ela com 72 e ele com 78) se reinventarem à frente de um pequeno restaurante.
Eles souberam utilizar os incentivos do governo como as medidas provisórias de suspensão de contrato. Durante o período de 60 dias em que estiveram fechados, se prepararam para a volta. Reestruturam a equipe, o formato de atendimento e, no retorno das atividades, mantiveram o salão fechado e optaram por operar somente com delivery. E assim seguem, firmes e fortes, se adaptando e sobrevivendo.
Empresas que se preocuparam com a inovação previamente puderam, inclusive, ampliar o seu faturamento. Pode parecer sorte, mas na verdade esse sucesso está mais ligado a uma visão de mercado abrangente e precisa.
Adaptação às novas diretrizes de trabalho
Além do consumo, a maneira de trabalhar também foi completamente alterada, tanto para atender às exigências relacionadas à saúde e evitar contaminação quanto para manter o isolamento. Para isso, quem podia, decidiu trabalhar em casa.
O home office surgiu como uma possibilidade de as empresas continuarem trabalhando e evitar demissões e outros problemas. É uma solução viável em determinadas condições, mas exige alguns cuidados e uma atenção maior aos fluxos de atividades.
Isso sem falar no quanto o regime pode afetar a saúde mental dos colaboradores. Muitas pessoas com um alto nível de estresse por estarem em casa, rodeados de tarefas. Os solteiros trabalhando mais para compensar a solidão, os casados com filhos tendo que lidar com o estudo a distância dos pequenos, conciliar rotinas da casa, do trabalho e por aí vai. Todos com seus desafios individuais, se adaptando.
Mais uma vez saíram ganhando as empresas que souberam auxiliar os membros de suas equipes neste momento, seja na parte estrutural (com equipamentos, auxílios específicos) ou na preocupação com a saúde e a organização do dia a dia.
O que podemos aprender com isso?
Diante de um cenário como o da pandemia de covid-19, é de extrema importância compreender que nada voltará a ser 100% como era antes. A vida mudou, tudo está diferente e o que resta agora é absorver as mudanças e descobrir como entrar realmente nesse “novo normal”.
Mas, será que realmente aprendemos com isso? Veja alguns pontos de destaque:
Servimos pessoas, não números
Se antes o mais importante, na maioria das vezes, era entregar o serviço ou produto rápido, com eficiência e mais barato que a concorrência, hoje não é mais assim. Passou a ser mais valorizada aquela empresa que mostra o cuidado com os clientes, que demonstra estar pronta para servi-lo com segurança e compreendendo suas necessidades.
Praticamente não existe mais nada que seja “em massa”, e quanto mais pessoal e particular for a experiência para o cliente, mais ela será vista como uma boa opção. Pense: em um momento desses, com o isolamento, um atendimento amigável, um recado de esperança e algo menos robótico às vezes é muito para alguém que está passando por um grande stress emocional.
É o momento de sermos mais humanos!
Transformação digital não é mais um diferencial, e sim uma necessidade
É praticamente certo dizer que as empresas que passaram sua operação para o digital tiveram e têm mais chance de sobreviver ao período da pandemia (e também ao futuro).
Há certo tempo, oferecer um atendimento a distância era um diferencial, mas hoje pode ser a diferença entre ter e não ter clientes. Um ponto crucial na inovação é descobrir como oferecer todos os seus serviços e/ou produtos de forma digital, facilitando a vida do consumidor sem perder eficiência. É o caso da Vittude, que oferece terapia online pensando totalmente em manter a relação entre paciente e psicólogo a melhor possível, mesmo no ambiente virtual.
Evita-se o contato físico, mas o humano, que é o mais importante, se mantém com todo o cuidado necessário — cada um em sua casa. E, não posso deixar de destacar que, neste período de pandemia, vimos o braço corporativo da Vittude crescer mais de 800%. Foram inúmeras as empresas que passaram a adotar o apoio psicológico como um benefício corporativo.
Organizações como SAP, Grupo Boticário, Raia Drogasil e inúmeras startups e scale-ups passaram a investir na saúde emocional do seu time. Afinal, se estamos na era da transformação digital, não existe ativo mais valioso que a mente saudável do seu colaborador, não é mesmo?
Quem não se adaptou ao digital, muito provavelmente se viu perdendo rapidamente toda a chance de manter seu negócio funcionando. Não importa o tamanho ou o ramo de sua empresa, a essa transformação é essencial!
Devemos estar preparados para o pior
Quem, há um ano atrás, esperava por uma situação como essa pela qual estamos passando Provavelmente ninguém. E ficou muito claro que a maioria do mundo dos negócios não estava preparado para lidar com um novo modo de consumir e trabalhar.
Portanto, deve ficar de aprendizado o fato de que tudo pode se tornar diferente (seja melhor ou pior) do dia para a noite, e devemos estar preparados para isso, o máximo que for possível.
Devemos inovar constantemente, buscar possibilidades, entender as necessidades do mercado e não deixar para implementar ideias somente em momentos críticos, pois como percebemos, às vezes pode ser tarde demais.
Tatiana Pimenta é CEO e fundadora da Vittude. Engenheira que se apaixonou pela Psicologia, pelo estudo constante do comportamento humano e da felicidade. Foi executiva de sucesso em empresas de grande porte como Votorantim Cimentos e Arauco. Única brasileira finalista da premiação internacional Cartier Women’s Initiative Awards em 2019. Faz terapia há mais de 8 anos, é maratonista amadora e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade.