* Por Fabiano Nagamatsu
O mundo acompanhou no último mês o problema do Silicon Valley Bank (SVB), o 16º maior banco em tamanho de ativos dos Estados Unidos, com US$ 212 bilhões, e uma grande exposição de startups apoiadas por fundos de Venture Capital (VCs). Como qualquer outra desestabilização no mercado financeiro, ela gerou uma explosão de incertezas e um certo desespero da parte do mercado.
A situação foi como esperado: site saindo do ar pelo excesso de tráfego vindo do temor de resgatar seus investimentos, telefones tocando sem parar… foi uma semana digna de arrancar seus cabelos para empreendedores e startupeiros em geral.
A quebra do Silicon Valley Bank aconteceu por uma combinação de fatores. A elevação da taxa de juros fez com que o custo para empréstimos ficasse mais alto, ocasionando na diminuição de investimentos em ações de tecnologia – o que beneficiava o SVB diretamente. Por isso, a queima de caixa dessas empresas dobrou no período. Isso provocou com que muitas startups sacassem os fundos mantidos pelo SVB (fonte que representava cerca de 89% das fontes de financiamento do banco).
Para ajustar o desbalanço provocado por esse movimento, o SVB anunciou a venda de US$21 bi em ativos, o que mostrou sua fragilidade ao gerar uma perda patrimonial de US$1,8 bi. Isso fez com que muitos VCs aconselhassem as startups de seus portfólios a tirar seus bens do SVB. Quanto mais fundos foram retirados do banco, maior ficou o problema e o mercado financeiro sentiu sua quebra de forma generalizada.
Mesmo com a garantia de intervenção de reguladores que apoiaram o banco para honrar seus depósitos, o mal-estar no ecossistema ainda é visível. Precisamos encontrar uma forma de lidar melhor com o mercado que nos inserimos que, como todos sabemos, é de alto risco e sempre foi regado de incertezas.
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o problema do SVB não deixa de ser impactante para o ecossistema de startups. Mas não significa que tudo está perdido. Até mesmo porque elas nascem da incerteza, do alto risco e a sua capacidade de se ajustar às mudanças de mercado com agilidade está na base da sua teoria de negócio. Ou seja, startups são intrinsecamente empresas capazes de sobreviver a esse tipo de alteração.
É a partir de problemas como esses que novas ideias e novos negócios têm espaço para surgir, com suas soluções inovadoras. Resiliência, espírito empreendedor, e inovação tem tudo a ver com encontrar novas formas de encarar crises. Essas, que sempre vão acontecer. Passamos pela pandemia de Covid-19, a crise imobiliária, a crise econômica de 2014 a 2017 e nosso ecossistema inovador não deixou de gestar unicórnios. Passaremos por isso, também.
É possível que o susto que levamos este mês seja um alerta mais ao mercado tradicional do que ao das startups, que já nascem com a capacidade de adaptação. As grandes empresas e bigtechs também são vulneráveis às mudanças do mercado. Até porque a tecnologia tem mudado completamente os costumes do consumidor e empresas mais dinâmicas têm melhor capacidade de absorver essas mudanças.
Tudo é baseado na nossa capacidade de encontrar novos caminhos de acordo com o cenário que nos é apresentado pelo mercado. Possibilidades existem e é nosso dever identificá-las. É para isso que estamos aqui. Pensando fora da caixa e amadurecendo o mercado de inovação, aprendemos a diversificar nossos investimentos para assegurar que nosso capital não sofra tanto com possíveis quedas e seguimos evoluindo no nosso trabalho.
Fabiano Nagamatsu é cofundador da Osten Moove e mentor de negócios no InovAtiva Brasil, maior programa de aceleração de startups da América Latina, indicado dois anos consecutivos entre os 10 mais influentes em mentoria e investimento do Startup Awards 2019, iniciativa da Abstartups, e finalista como mentor do ano em 2020 e 2021.
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