* Por Gustavo Raposo
A maior parte dos trabalhadores no mercado de hoje é formada por millennials, que não têm as mesmas prioridades e nem se relacionam com dinheiro da mesma forma que outras gerações. Ou seja, é necessário adaptar-se às demandas contemporâneas e saber comunicar-se na mesma frequência. Desta forma, os novos Recursos Humanos – RH – das companhias dos mais diversos setores já nascem com profissionais de marketing, psicólogos, sociólogos, comunicadores e até neuropsicólogos.
Ao RH de hoje, por exemplo, cabe ajudar o funcionário a também enfrentar seus dilemas financeiros. Colocar-se à disposição para escutá-lo, dar acesso aos melhores produtos, auxiliá-lo e direcioná-lo a um profissional interno ou externo que possa esclarecer as dúvidas mais complicadas não é favor. É um diferencial.
Contudo, nenhuma empresa vai saber como anda a vida financeira de seu colaborador sem estabelecer ou recriar vínculos de confiança entre o departamento pessoal e o próprio pessoal. Para isso, é mandatório respeitar a privacidade das informações de cada um e adotar ferramentas tecnológicas que permitam auxiliar a gestão ativa do RH.
Agora, o que pode ajudar nessa caminhada é a tecnologia. As novas ferramentas estão transformando a sociedade como um todo, e, claro, os Recursos Humanos. Em resumo, a área passou a ser menos operacional e mais estratégica dentro das companhias, com a adoção dessas ferramentas.
Além da tecnologia, a disseminação de novas práticas internas também tem dinamizado os modelos de trabalho. Assim, amplia-se um olhar de qualidade sobre os reais problemas dos colaboradores e abre-se a chance do profissional de recursos humanos auxiliar, de fato, os profissionais da empresa.
Nessa esteira, sem dúvida, como já pontuei, a saúde financeira dos profissionais é um tema sensível. Algo que pede um olhar mais cuidadoso sobre como a empresa pode auxiliá-los nessa tarefa. O RH não pode negligenciar a falta de acesso que os colaboradores possuem a serviços e produtos financeiros justos.
Até porque os números no País sobre o assunto não são desprezíveis. Dados do Serviço de Proteção Crédito (SPC Brasil) afirmam que há 61 milhões de brasileiros com alguma conta em atraso nesse começo de 2020. E quando se olha mais de perto para o universo das empresas, a situação chama ainda mais a atenção.
Não há como negar que um profissional preocupado com sua conta corrente tende a render menos do que alguém que está com a saúde bancária estável. Em outras palavras, por mais privada que seja a forma como os funcionários administram seu salário, é, sim, uma questão que indiretamente diz respeito à empresa. Para isso, é preciso compreender as transformações pelas quais passam o próprio universo dos contratados.
Uma das chaves para isso é a educação financeira e a manutenção constante do tema na pauta da empresa. De nada adianta uma aula sobre o tema se novas abordagens não forem feitas e novas tecnologia não são implementadas.
Tudo bem, tudo bem que existem iniciativas que a empresa pode oferecer aos colaboradores para além do vale-refeição, transporte e seguro saúde. Por exemplo? Crédito consignado, com débito direto em conta e baixas taxas de juros, é uma dessas formas. Mas não se trata apenas de emprestar dinheiro, é preciso ser um aliado na formação da competência de gestão financeira do funcionário.
Afinal, no fim das contas, um departamento de Recursos Humano mais acessível só é possível quando a transparência é um dos mandamentos principais na cultura da empresa. Dessa forma, o colaborador se sente acolhido e compreendido.
* Gustavo Raposo é catarinense, empreendedor e CEO da Leve Capital. Em 2007 desenhou a Arvus Tecnologia, especializada em serviços e produtos para agricultura de precisão. Comprada em 2014 pelo grupo sueco Hexagon AB, a empresa de AgTech é um case de sucesso na área.