* Por Fabiany Lima
Buscar um investimento para garantir o crescimento ou expansão do negócio é uma das preocupações quase que intrínsecas a todos empreendedores em uma ou mais etapas de uma startup. O grande problema é que, para conquistar o tão sonhado aporte, é necessário dispor de tempo e energia para encontrar o investidor certo, o que nem sempre casa com a rotina atribulada de um founder.
Em meio a isso, há uma realidade que precisa mudar (e muito) no Brasil: o processo de captação e busca de investidores ainda é algo bem moroso – são meses a fio entre cafezinhos, discussões e negociações intensas até que o deal seja concluído. Em comparação a outros países, o que falta por aqui é um amadurecimento de ambas as partes para que tudo ocorra de forma mais ágil e rápida.
De um lado
Por parte dos empreendedores, uma das principais mudanças que precisam ocorrer é que, antes de começar a maratona de buscas e encontros para apresentar o projeto, é preciso se perguntar se a startup tem todo o necessário para receber aporte como está atualmente. Isso porque, grande parte dos investimentos acabam não sendo concluídos ou são adiados por meses, simplesmente porque o interessado não consegue completar com sucesso os requerimentos de due diligence exigidos.
Esse procedimento é imprescindível para verificarmos toda a documentação, finanças e esclarecimentos referentes ao plano de negócios, operação e planejamento para o futuro do negócio. Em outras palavras, nada além do que o fundador já deveria ter na ponta do lápis.
É ideal ainda ter em mãos uma apresentação completa com números sempre atualizados, e estar preparado para responder, a qualquer momento, questões mais técnicas sobre a operação e KPIs para facilitar a análise de um possível investidor. Algumas vezes, funcionários-chave são convidados a participar de reuniões para falar de suas funções, relação com os fundadores e visão sobre a empresa, por isso, vale prepará-los para abordar questões importantes sobre a sua startup.
Na outra ponta
Em relação aos investidores brasileiros, a mudança e o amadurecimento devem acontecer no sentido de serem mais transparentes durante as negociações, para que as coisas aconteçam no menor tempo possível. Pois o tempo é sim um índice a favor dos negócios e, quanto mais rápidos e francos forem as partes, mais veloz acontecerá a conclusão (ou não) do aporte. Quando há um match, o ideal é que todo o processo seja finalizado o mais breve possível – entendemos que, de dois a quatro meses é tempo suficiente!
Outro ponto importante é em relação ao cap table. Porque se o empreendedor e o investidor não conseguirem enxergar, a longo prazo, a importância de tomar decisões de diluição e composição de forma saudável, podem acabar inviabilizando rodadas futuras.
Junto a isso, é necessário que os investidores sejam justos na negociação e nos termos do aporte – forçar demais o valuation para baixo visando aumentar a participação na startup, ou ainda fazer exigências abusivas nos contratos com a intenção de minimizar o risco deles, pode ser prejudicial na conquista de novos aportes.
Mais do que chefes, os empreendedores precisam de parceiros de negócios! Com essas mudanças mínimas, o ecossistema se solidificará e terá melhores oportunidades para todos, assim como já é visto mundo a fora. Pense nisso!
* Fabiany Lima é diretora-geral da Dilimatch, uma consultoria estratégica para investidores brasileiros e estrangeiros que aportam em iniciativas nacionais, e para startups que procuram por investimento.