* Por Bruno Pinheiro
Depois de quase duas décadas trabalhando com relações públicas, lidando diariamente com decisores de marketing e acompanhando as movimentações de grandes empresas e startups, afirmo sem medo de errar: o marketing que se aplica hoje em dia é absolutamente maluco e foge de qualquer parâmetro lógico do sucesso.
Os fundamentos basilares do marketing (não, não vou citar Kotler aqui) têm um único objetivo: dar musculatura robusta às marcas. Marcas fortes vendem mais bons produtos, que, por consequência, fidelizam seus clientes e o moinho do comércio segue sua rotina. É difícil identificar o momento exato em que marcas passaram a se guiar como bois em uma manada, assustados e correndo todos para a mesma direção, sem pensar no quê se faz.
Um exemplo: ESG. Hoje, a tara das empresas é dizer que seguem os princípios de ESG. Eu me lembro, há mais de uma década, que a tara era ter o “Selo ISO 14001”, que referendava o dono dele como respeitador de práticas ambientalmente seguras. Eu me lembro, há mais de duas décadas, que empresas contratam, diariamente, auditorias para aferir se seus números estão corretos e se suas componentes seguem as políticas de boa governança. Que raios mudou, ora bolas?
A onda ESG é pura embalagem, é marketing de manada, é seguir o boi da frente para não ficar para trás. Por princípio elementar, toda e qualquer empresa precisa ter governança positiva, se preocupar com a comunidade em que está inserida e ser ambientalmente responsável. Por que o marketing explora isso? Onde está a vantagem em ser o que se deve ser? Gasta-se a verba para divulgar o que, por princípio, é o que se espera de qualquer companhia.
O mesmo pensamento se aplica para as startups. Hoje em dia, a moda é “Inbound PR”. E vai todo CMO correndo procurar especialistas nisso. O que é assustador, afinal de contas, a definição de Inbound PR é, nada mais nada menos, que fazer assessoria de imprensa utilizando canais digitais. Se você trabalha com marketing, seja em startups ou em grandes companhias, tente não acompanhar a manada.
Mais do que isso: preocupe-se em ações orientadas a gerar negócios, trazer novos clientes e construir uma reputação inabalável. Não se oriente por fluxo das conversas de internet, aprenda a perceber que 99% do que acontece nas redes sociais é fugaz. Um marketing consciente sabe que, em tempos de competição acirrada, o que convence um potencial cliente é a percepção do quanto aquela marca resolve o seu problema, e não se ela tem um símbolo de ESG cravada na sua landing page.
* Bruno Pinheiro é assessor de imprensa há mais de 15 anos e trabalhou com grandes clientes como CVC e Canais FOX do Brasil. É empreendedor desde 2013 na PiaR, assessoria de imprensa voltada para agentes de inovação. Em quase 10 anos de existência, a empresa conta com mais de 40 clientes e premiações do setor.