* Por Carlos Baptista
São muitas e variadas as medidas que foram tomadas pelas empresas em decorrência da crise da covid-19, mas o principal desafio das organizações diante da pandemia é o de manter os colaboradores engajados e produtivos durante esse período. Pesquisa da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) aponta que 55% das empresas acreditam que maior desafio na crise é manter profissionais engajados.
Mas o que é engajar? Como se faz isso? De acordo com o dicionário, é o ato de participar voluntariamente de uma atividade e se dedicar a ela com afinco. Penso que, para um profissional se dedicar com afinco, ele deve estar conectado com a empresa e não só cumprir uma atividade. Para que esteja conectado, o profissional precisa conhecer e compartilhar do propósito da organização. Caso contrário, o profissional não vai se empenhar na atividade. Esse é o grande segredo para que a pessoa se conecte.
Para que essa conexão seja possível, existem três aspectos importantes a serem considerados. A comunicação é o primeiro. Neste novo cenário, as empresas aumentaram a quantidade de canais formais, mas essa medida não é o suficiente, porque se tornam meramente informativos. Engajar é trazer o profissional para “dentro” da organização. O gestor deve compartilhar com seu colaborador o que está acontecendo e, mais que isso, deve dividir a questão, o problema, inclusive pedindo sugestões. A grande maioria dos líderes acaba por comunicar resultados e ações mas esquece de explicar as razões e objetivos que estão por trás daquelas medidas.
O segundo ponto é transformar a empresa numa organização mais ágil. Para isso, o líder deve empoderar e incentivar as pessoas a tomarem as decisões. Deve ter em mente que o erro pode acontecer e deve ser encarado como natural. A diferença está em olhar esse erro como parte do crescimento da equipe seguindo em direção ao objetivo. Várias empresas criaram os gabinetes de crise e gestão de riscos, mas poucas criaram grupos de trabalho que desenhem as alternativas pós crise repensando os modelos de negócio. O grau de incerteza agora é maior que já era e, por isso, o líder deve aceitar novas possibilidades e não apenas cobrar.
O terceiro ponto refere-se à flexibilidade. O gestor precisa ser flexível porque essa gestão por comando e controle, que sempre foi aplicada, morreu! Esse modelo não funciona mais e muito menos consegue engajar as equipes. Por exemplo, ao invés de controlar os horários e as atividades, o gestor deve compartilhar os objetivos e validá-los juntamente com os colaboradores. Desse modo eles poderão apresentar as alternativas de como alcançar esses objetivos.
O fato é que engajamento gera produtividade. E nestes momentos de incerteza e impactos financeiros, a melhoria nos resultados virá da produtividade e mantendo o equilíbrio psicológico das equipes.
O atual momento mostra que é necessário abrir mão da “receita do bolo” ideal, desconstruindo a forma de liderar e buscando outros meios de manter uma equipe motivada e empenhada a sair desta crise junto com a empresa.
* Carlos Baptista é especialista em transformação digital e processos ágeis para as empresas. Professor e coordenador do núcleo de seleção de alunos do MBA da FIAP. É empresário, consultor de negócios e mentor. Possui mais de 30 anos de experiência em TI no Brasil e Portugal.