A Neomed, startup que oferece soluções para simplificar a relação entre clínicas, laboratórios e hospitais que necessitam de laudos médicos, recebeu um aporte de R$ 6,5 milhões. A rodada de investimentos foi liderada pela Positive Ventures, um fundo de impacto brasileiro. Participaram também a IKJ Capital, Provence Capital, Aimorés Investimentos e investidores-anjo como Ricardo Villela Marino e Alexandre Soncini.
Em outubro de 2018, a empresa recebeu seu primeiro aporte, também realizado pela Provence Capital e alguns investidores-anjo estratégicos. Desta vez, a Neomed pretende ampliar suas duas novas linhas de produto: a chamada Jornada Digital do Paciente Agudo e a Jornada Digital do Paciente Crônico.
A primeira consiste em uma plataforma com inteligência artificial que identifica casos de pacientes com alterações no eletrocardiograma e já faz uma triagem para que o médico da Neomed dê prioridade máxima nesse atendimento, o que ajuda o profissional generalista no tratamento.
“Esse projeto já começa com 10 hospitais públicos no Brasil em poucas semanas e ajudará a poupar muitas vidas, principalmente daqueles que mais precisam”, destaca Gustavo Kuster, médico e CEO da Neomed. Segundo ele, no Brasil, mais de 400 mil pessoas por ano sofrem infarto do coração. “Muitos pacientes quando chegam no Pronto Socorro não recebem o melhor tratamento porque o médico generalista não sabe interpretar o eletrocardiograma”, completa.
Já a segunda é uma solução pensada em 40 milhões de brasileiros que possuem pressão arterial elevada. Através do MAPA, exame que mede a pressão arterial durante 24 horas e de um acompanhamento diário, a tecnologia consegue dar o diagnóstico e fazer o acompanhamento da jornada dos pacientes para que eles atinjam a meta de pressão adequada.
“Muitos não sabem que têm o problema e dos que têm conhecimento, poucos realmente visitam o médico regularmente. O tratamento de forma inadequada causa consequências irreversíveis como infarto do coração e acidente vascular cerebral (AVC)”, alerta Gustavo.
História
A história da Neomed começa em 2016 quando Kuster recebe uma proposta de conseguir médicos para laudar exames de cardiologia e neurologia para uma grande operadora de saúde do País. Naquele momento, essa empresa expandia seus serviços em regiões do Brasil onde não havia especialistas para atender a tal demanda. No ano seguinte, visando preencher essa lacuna, Kuster conhece Bruno Farias, atual sócio da Neomed e responsável pela gestão de produtos digitais na Movile à época, e juntos, fundam a startup.
Em 2018, após sua primeira rodada de investimento, trazem os dois outros cofundadores, Izabelle Ferreira, ex-Amagi como responsável pelo financeiro, e Luigi Pizzichemi, engenheiro carioca, para tocar a operação e expansão do negócio.
Em 2019, a empresa lança a primeira versão do produto, entregando valor para os dois lados do marketplace. Por um lado, os clientes (clínicas e hospitais) conseguem ter uma primeira camada de gestão dos exames, além de apresentar melhorias significativas em custo e tempo de entrega do resultado ao paciente. Já o médico tem a comodidade de não precisar sair do seu fluxo de trabalho habitual para laudar um exame.
No mesmo ano, a Neomed iniciou um forte processo de crescimento, estruturou seus primeiros squads, lançou diversas melhorias no produto, ajustou a casa para o processo de expansão e conquistou alguns dos principais players de saúde do Brasil como Hermes Pardini, Dasa e Alliar.
Números e perspectivas para o futuro
Atualmente, a Neomed atende pelo modelo B2B com foco em grandes hospitais, clínicas e laboratórios de exames. No total, 42 empresas e mais de 140 unidades de atendimento são assistidas. Com os serviços oferecidos, a startup viu os números crescerem no último ano: de janeiro de 2020 até o mesmo mês deste ano, o número de exames na plataforma cresceu quase 3 vezes. “A Neomed enxerga um cenário extremamente positivo para as healthtechs que resolverem grandes dores do mercado de saúde, e contarão com um mercado muito mais receptivo à inovação do que era antes da pandemia”, destaca Kuster.
Ainda segundo ele, o processo de adaptação da companhia ao trabalho remoto foi bastante natural, uma vez que todo time de engenharia e tecnologia da informação já trabalhava remoto, enquanto o restante da empresa tinha direito ao benefício uma vez por semana. “Dessa forma, a Neomed já possuía uma cultura de trabalho híbrido, além de rituais e ferramentas necessárias para que a performance do time não caia”.
Por fim, Gustavo reforçou o propósito da startup, que é o de encurtar a distância entre sintomas e tratamentos no Brasil. De acordo com ele, para os próximos anos, a Neomed deve focar seus esforços em ajudar os mais de 45 milhões de brasileiros com problemas cardiovasculares a terem uma melhor qualidade de vida e prevenir possíveis doenças.
“Dados de um trabalho de 2015 mostraram que foram gastos no Brasil mais de R$50 bilhões em 4 doenças cardiológicas (Hipertensão, Infarto, Insuficiência Cardíaca e Fibrilação atrial). É essa oportunidade que iremos atacar. Tudo isso aumenta nosso mercado de 7 bilhões para mais de 50 bilhões, agregando valor na cadeia digital da saúde”, finalizou.
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