O Magazine Luiza retomou sua estratégia de expansão por meio de aquisições, mirando sobre uma variedade de categorias de produtos incluindo a de supermercados, que no último trimestre foi responsável por crescimento acelerado de rivais que viram nas medidas de isolamento social oportunidade para avançarem sobre um segmento ainda dominado pelo varejo físico.
Mas o apetite da empresa não apenas envolve categorias de produtos, como “qualquer empresa”, disse nesta terça-feira o presidente-executivo do Magazine Luiza, Frederico Trajano, a analistas do setor de varejo.
“É muito amplo o espectro (de alvos de aquisição) quando se tem visão tão abrangente quanto a nossa. Não é qualquer peça que se encaixa no quebra-cabeças, mas podemos comprar todo tipo de empresa. Não se surpreendam”, disse Trajano.
O executivo citou exemplos de rivais como a Amazon.com, que fez aquisições de empresas em áreas que incluem robótica e rede de mercearias. “Em toda a crise tem uma seleção natural. É oportunidade para quem tem operação redonda”, afirmou Trajano.
Na véspera, o Magazine Luiza divulgou que suas vendas totais de abril a junho somaram R$ 8,6 bilhões, um aumento de 49% ante mesmo período de 2019, superando a rival Via Varejo, com R$ 7,26 bilhões no trimestre.
“Apenas no mês de julho, a companhia atingiu um aumento de 10% das vendas em lojas físicas combinado com um crescimento de 162% das vendas online, sinalizando as mudanças observadas no comportamento do consumidor no segundo trimestre serão permanentes e deverão favorecer o crescimento das companhias bem posicionadas no canal online, o que é o caso de Magazine Luiza”, afirmaram analistas do BB Investimentos. Eles lembraram que a companhia entrou na crise disparada pela covid-19 com o canal físico representando cerca de 55% de suas vendas totais.
Sobre isso, Trajano afirmou que a rede segue apostando na estratégia de dar a suas lojas físicas também o papel de serem mini centrais de distribuição de produtos e que a companhia vai retomar a abertura de pontos físicos no país neste semestre.
Segundo ele, parte do forte movimento de vendas do segundo trimestre foi impulsionado pelas medidas do governo de amparo à população que incluíram o auxílio emergencial de R$ 600. O executivo defendeu a manutenção da medida, afirmando que tem colaborado para fazer girar a economia e que se a ajuda for retirada bruscamente “as vendas do varejo físico no quarto trimestre ficarão mais incertas”.
Questionado sobre impactos da crise na divisão de financiamentos LuizaCred, tocada em parceria com o Itaú Unibanco, o diretor financeiro do Magazine Luiza, Roberto Rodrigues, afirmou que a inadimplência “está totalmente sob controle”.
“Conseguimos em junho voltar ao recebimento igual do ano passado e julho está melhor que antes da pandemia”, disse o executivo.
Últimas aquisições
Como dito por Trajano, o Magazine Luiza tem mirado em empresas de diversas áreas para aquisição. Em julho, por exemplo, o Startupi publicou sobre a compra da Hubsales, startup de digitalização de pólos fabris que conecta fabricantes a consumidores finais.
A operação teve como objetivo dar mais um passo para se tornar o maior ecossistema digital do varejo brasileiro. “A partir de agora, vamos integrar, de forma rápida e fácil, os produtos de uma série de fabricantes na nossa plataforma. Só em moda, por exemplo, temos 14 polos distribuídos pelo Brasil”, afirmou Trajano na época.
No início do mês de agosto, a varejista anunciou mais uma aquisição, dessa vez com foco em publicidade. Com a solução de localização da Inloco, startup especializada em tecnologia de localização, o seller poderá oferecer seus produtos para clientes que estejam próximos de sua região, reduzindo custos de frete e prazos de entrega. Para lojistas incluídos no Parceiro Magalu – pequenas empresas, ainda essencialmente digitais – a plataforma de geolocalização promove a captação de clientes para as lojas físicas.
“Sabíamos que o Magazine Luiza, com a escala que tem, conseguiria levar a solução Inloco Media para um patamar completamente novo. Por já terem um e-commerce forte e uma grande base de clientes em seu marketplace, existem muitas oportunidades para explorar sinergias entre os dados do mundo físico e os dados do mundo online. Tenho certeza que levarão este legado à frente, beneficiando a população, que terá uma experiência cada vez melhor”, afirmou André Ferraz, CEO e fundador da Inloco, em entrevista ao Startupi. Confira a matéria na íntegra aqui.