* Por Ricardo Recchi, Hevandro Ferreira e Gerardo Wisosky
Hoje, já encontramos uma série de serviços públicos disponíveis de forma digital, mas é perceptível que a integração entre eles ainda é muito falha, ou seja, há uma burocratização eletrônica. Isso acontece devido ao processo de implantação das plataformas, que não é visto com a possibilidade de tramitação e compartilhamento da informação entre as esferas públicas.
Este cenário intensifica a necessidade de integrar os sistemas aos diferentes órgãos públicos, especialmente quando se trata de importantes esferas do governo, como saúde, educação e assistência social, promovendo, assim, informações completas e rastreáveis. Por exemplo, se há um paciente que passa por uma unidade de saúde e também é aluno da rede escolar municipal ou se a sua família pertence a algum programa de auxílio de assistência social.
Um dos desafios para implementar soluções que contemplem cada uma das singularidades da gestão pública está relacionado aos orçamentos. Com diferentes exigências, cada órgão acaba fazendo suas aquisições de plataforma sem ter um olhar holístico dos processos, envolvendo a integração e a comunicação com outros setores.
O resultado desse modelo singular é apenas a digitalização de um processo que era realizado no meio físico, ou seja, sem inteligência e com um tempo de resposta semelhante ao praticado anteriormente, sem informações integradas.
Quando falamos da desburocratização da administração pública, ela exige a revisão de processos de trabalho e de adequações para que se ganhe tempo e agilidade nessas informações e integrações. Nesse sentido, para que a informação seja rastreada de forma simples, é necessário investir em plataformas de GRP (Government Resource Planning).
Diferente dos ERPs (Enterprise Resource Planning), que atendem as companhias de economia privada, os GRPs são próprios para as empresas de economia pública e aberta, pois contemplam processos e exigências estritamente legalistas, sejam elas dos municípios, estados, tribunais de contas, ministérios públicos ou de questões vinculadas à União.
Outro aspecto da plataforma integrada, rastreável e com informações sem duplicidade de registros é a possibilidade de dar corpo às chamadas Cidades Inteligentes, que são compostas por uma série de indicadores sociais e geopolíticos administrados por diferentes esferas públicas. Ou seja, é um tema que passa pela gestão e rastreabilidade de todos os tipos de informação do entorno e de quem o habita, sendo realmente necessária uma plataforma que integre esses dados.
Se por um lado as equipes de desenvolvimento das plataformas de GRP estão focadas em contemplar as diversas integrações entre as esferas públicas e suas questões legais, também há a necessidade de abarcar a evolução tecnológica.
É neste ponto que o software low-code se torna um aliado, isto é, ele, por meio da Inteligência Artificial, automatiza etapas do processo de criação de software, além de melhorar a curva de aprendizado dos analistas e desenvolvedores, o que traz uma garantia maior sobre plataformas de gestão únicas e rastreáveis.
Temos claro que, com o GRP, é possível ter rastreabilidade da informação e um planejamento melhor dos serviços públicos, mas ainda há uma grande cultura na gestão pública de fazer contratações específicas de suas plataformas e de fornecedores distintos, o que dificulta a conexão entre os órgãos e dá ao governo informações parciais.
O grande desafio que colocamos para o futuro do Brasil é que os governos municipais, estados e federação olhem a contratação e a busca de plataformas únicas ou passíveis de integração para que, assim, seja possível ter uma visão ampla e completa de informações, o que beneficiará toda a cadeia, dos processos internos à população.
* Ricardo Recchi é country manager da GeneXus Brasil, Portugal e Cabo Verde; Hevandro Ferreira é Sócio Administrador do Grupo Assessor, e Gerardo Wisosky é CEO do Socium Partner Group