* Por Lilian Primo
No ano passado, tivemos um grande aumento de demissões em massa por empresas de tecnologia, como a Meta (grupo controlador do Facebook, Instagram e WhatsApp), que somam mais ou menos 10 mil demissões, além da Amazon que este ano atingiu 9 mil demissões. A Dell, Twitter, entre outras, também fizeram os seus grandes cortes de funcionários.
Outra questão foi a diminuição do lucro do último ano. Muitas empresas que cresceram com o aumento da propaganda e serviços on-line na pandemia, agora em uma pós-pandemia, com as pessoas voltando aos escritórios, o investimento on-line vem desacelerando.
Não podemos esquecer que a guerra na Ucrânia provocou uma crise na Europa e nos Estados Unidos. Como complemento sugiro que leia o meu artigo: “Será o fim das redes sociais?”. Exploro melhor a questão da crise das Big Techs, no final do ano passado.
Devido a isso, as empresas estão buscando novas formas de rentabilizar os seus negócios. Um exemplo recente foi o novo dono do Twitter, o bilionário Elon Musk. Assim que comprou a companhia, além de anunciar demissões em massa, informou que para rentabilizar a empresa passaria a cobrar pelo selo de verificação da conta.
Mas, antes de continuarmos, o que seria esse selo de verificado? No início das redes sociais, você criava um perfil com os seus dados, porém se você é uma pessoa famosa, como por exemplo, um jogador, artista, político ou até mesmo agora os influenciadores digitais, como saber se você é você mesmo? Apesar de existir algumas histórias sobre o surgimento desse selo, a mais provável é que por volta de 2009 o rapper Kanye West e o ex-jogador de basquete Shaquille O’Neal reclamaram para a plataforma Twitter que muitas pessoas estavam criando perfis falsos e se passando por eles.
No mesmo ano a plataforma lançou o selo de verificado, uma forma de garantir que aquele perfil é o oficial da pessoa e não um clone. As contas verificadas possuem um “tick” azul após o nome.
Até então esse selo era distribuído pelas redes sociais de forma gratuita, justamente para o usuário identificar se realmente era aquela celebridade ou não. Existiam alguns critérios para você receber esse selo da plataforma. Porém, como falado anteriormente, Elon Musk divulgou que passaria a cobrar pelo selo de verificado, mesmo das pessoas que já tinham recebido esse selo de forma gratuita anteriormente e qualquer pessoa poderia ter, de agora em diante, bastava assinarem o “Twitter Blue”, pagando R$ 42,00 por mês no Brasil, nos estados unidos o serviço custa US$ 8 dólares.
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Houve muita discussão nas redes sociais sobre essa cobrança, principalmente de quem já tinha o selo de forma gratuita, com ameaça até de se retirar da plataforma. O astro do basquete LeBron James, por exemplo, twittou: “Bem, acho que meu selo azul vai embora em breve porque se você me conhece eu não vou pagar”. Na época Elon Musk rebateu as críticas com vários “memes”, de como as pessoas pagam o valor da assinatura em coisas fúteis e não querem pagar para ter sua conta autenticada no Twitter.
Apesar de todas as polêmicas, é inegável que Elon Musk abriu um precedente. As outras redes sociais olharam de perto essas discussões vendo a possibilidade dessa renda extra. A META (grupo controlador do Facebook, Instagram e WhatsApp) divulgou no mês de junho deste ano que começará a testar o seu selo pago de certificado, o chamado “Meta Verified”, para as plataformas da empresa, Facebook e Instagram.
A princípio a primeira etapa do serviço será oferecido apenas para criadores de conteúdo, por R$ 55,00 mensais (No Brasil), porém esse valor é para cada plataforma, ou seja, se você quiser ter o selo de verificado no Facebook e no Instagram, terá que desembolsar R$ 110,00 por mês (R$ 55,00 para cada serviço).
A empresa viu a oportunidade aberta por Musk para passar a cobrar pelo serviço, porém tomou alguns cuidados para não gerar polêmicas. Em comunicado oficial a empresa Meta anunciou que: “Não haverá alterações nas contas do Instagram e do Facebook que já foram verificadas anteriormente”, e completou: “A longo prazo, queremos criar uma opção de assinatura para todos, incluindo criadores, empresas e nossa comunidade em geral”. Com isso, a ideia é ganhar dinheiro com os novos usuários ou com quem ainda não possui o selo, para evitar briga com usuários antigos.
Além do selo de verificado, a assinatura “Meta Verified” possui alguns benefícios adicionais: proteção de conta proativa com monitoramento para verificar se alguém está tentando se passar por você, maior alcance das postagens, comentários, pesquisas, recomendações e suporte em português com atendentes reais.
Outra empresa de tecnologia que também buscou outra forma de receita, e recebeu uma chuva de críticas, foi a Netflix. Em maio deste ano a empresa decretou o fim dos empréstimos de senha da plataforma e passaria a cobrar por esse compartilhamento. Mas você deve estar pensando, como assim? Não posso emprestar minha senha, mesmo pagando o serviço? Essa foi a grande discussão nas redes sociais.
Para contextualizar a situação, a Netflix é considerada a empresa que iniciou a era dos serviços de streaming de vídeo. Por muitos anos ela reinava absoluta e praticamente sozinha. Porém, vários estúdios começaram a remover seus filmes e séries do catálogo da empresa, devido a criação de seus próprios serviços de streaming de vídeo.
Para os clientes, esse aumento de oferta de serviços de streaming começou a encarecer, com isso surgiu a prática de uma pessoa assinar de forma oficial e emprestava para outras pessoas a sua “conta”, seja de graça ou mesmo dividindo a despesa, pois assim poderia assinar mais serviços, sem pesar tanto no bolso.
E é justamente para atacar essa questão que a Netflix passou a cobrar das pessoas que compartilham as senhas, criando a: Residência Netflix. Dessa forma, pessoas que não estão na mesma residência do assinante teriam seu acesso cortado até que o dono oficial da assinatura concorde com a cobrança adicional, por estar compartilhando a senha. A empresa sempre soube dessa prática e fazia “vista grossa”, porém com a perda de assinantes para outras plataformas e queda na receita, a empresa apostou nessa medida para aumentar o faturamento.
Segundo a Netflix será cobrado o adicional mensal de R$ 12,90 por assinante extra. Porém essa medida polêmica foi parar nos Procons de vários estados, que notificaram a empresa, exigindo explicações da legalidade da medida, visto que o assinante tem o direito de usar o serviço em qualquer lugar e não ficar preso em uma residência.4
Da mesma forma que no caso do Twitter, as redes sociais ficaram de olho na repercussão. As empresas de streaming de vídeo também estão de olho na aceitação do público e nos órgãos de defesa do consumidor. Pois, como dito no início, empresas de tecnologia estão buscando novas formas de monetizar os serviços. É muito provável que em breve mais selos de verificação e cobranças por compartilhamentos venham a surgir.
Acredito que esse seja um cenário irreversível, provavelmente veremos novas formas de monetização dos serviços on-line. Prepare o bolso!
Lilian Primo é CEO e cofundadora da Mobye Mobilidade Eletrica. Executiva de Tecnologia, VP do Conselho Consultivo do Instituto Êxito Latino Americano de Empreendedorismo e Inovação e VP de TI na ANEFAC e Colunista na Nova Brasil FM.
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