* Por Erik Nybo
“Simplificar” é a palavra do ano. Com o passar do tempo, diferentes áreas começaram a simplificar a forma como se comunicam com o público. Veja o sucesso que Nubank e tantas outras empresas fazem com uma comunicação simples e humana. É isso que o Legal Design se propõe a fazer: tornar mais acessível o entendimento de documentos ao destinatário final.
O Legal Design foi construído a partir da junção de três áreas: Direito, Design e UX (experiência do usuário). Esse processo está focado em transformar a experiência do usuário de documentos por meio do uso de elementos gráficos, interativos, cores e a troca da linguagem rebuscada por uma linguagem acessível (plain language). O ponto é remover as barreiras de comunicação que os documentos tradicionalmente criam.
Dessa maneira, o legal design tende a gerar resultados melhores por focar na experiência do usuário. Esses resultados estão ligados ao ciclo de vendas, quando falamos de contratos; ao cumprimento de normas internas, quando falamos de documentos de compliance;
Hoje, as empresas possuem diversos times de produto e de UX (experiência do usuário) justamente para focar na experiência do usuário. Imagine uma empresa como a Apple, com inúmeros times focados na melhor experiência que um usuário pode ter com seus produtos. Essas pessoas pensam desde como vai ser a experiência de um usuário tocar a caixa do iPhone até como as pessoas vão se sentir ao entrar na loja da Apple. Agora, o que acontece quando vamos para os seus contratos, políticas de privacidade e outros documentos da empresa? Toda essa experiência e planejamento sofre uma ruptura. Não são documentos intuitivos, objetivos, agradáveis e claramente não perpetuam o conceito da empresa.
Ao focar na experiência do usuário, um documento passa a atingir melhor os seus objetivos. Não só isso, como garante a continuidade da experiência com a marca ou coloca o tom da experiência com uma empresa. Isso ocorre porque um bom trabalho de Legal Design deixa mais evidentes os pontos-chave do documento, aumentando a percepção de transparência, melhorando a interpretação e gerando confiança para uma marca.
Esses documentos não impactam diretamente apenas a experiência do usuário. Por exemplo, se um contrato é criado para fechar uma venda ele não pode ser longo e difícil de compreender. Ele deve ser objetivo para consolidar todo o processo de vendas. Caso contrário, ele só vai aumentar o ciclo de vendas, porque as partes precisam ficar negociando termos complexos. Ou seja, esse documento causa mais atritos no processo comercial.
Ao adotar uma estratégia de Legal Design, as empresas acabam tendo um grande impacto na aceleração dos processos de venda. A produção do documento, sua análise e assinatura devem ser rápidos para garantir que este processo não vire um problema. No pior cenário, esses documentos podem até causar o abandono de um potencial cliente do processo de vendas.
Ao trazer essa metodologia para o seu negócio, você estará não só tornando os processos mais eficientes, mas pensando no futuro e em como isso impacta o desenvolvimento e velocidade do seu negócio. Métricas como ciclo de vendas, NPS / CSAT, faturamento, e-NPS, grau de compliance, dentre outras, podem sofrer impactos positivos pela adoção de documentos de melhor qualidade.
Erik Fontenele Nybo é fundador da BITS Academy. Foi gerente jurídico global da Easy Taxi. Autor e coordenador do livro “Direito das Startups” (Saraiva) e “O Poder dos Algoritmos” (Enlaw) e coordenador do curso “Direito em Startups” no INSPER. Advogado formado pela Fundação Getúlio Vargas.