* Por Fabiano Nagamatsu
A abertura de possibilidades vinda da desmistificação das criptomoedas tem atraído um público muito grande para o investimento descentralizado em criptoativos. Mas, por um lado, se cada vez mais pessoas começam a ter mais segurança em arriscar seu capital em investimentos desse caráter, por outro, tomar essa decisão sem dominar o tema pode aumentar o risco para toda a comunidade.
A importância de comunidades quando se fala em cripoativos geralmente não é abordada com a ênfase devida. No entanto, a lógica é simples. Se estamos entrando em um investimento descentralizado que, por propósito básico, não disponha de um órgão que o regule, suas variações no mercado vão depender intimamente da comunidade de pessoas que o apoiam.
Ou seja, aquelas que caminham junto e se tornam seus propagadores e embaixadores frente a outras comunidades de criptoativos. Se a comunidade é fraca, a moeda dificilmente terá retornos significativos. Outro ponto é sobre a consistência da proposta de valor no white paper do ativo digital.
Quando se considera investir em cripto, a primeira lição de casa que o investidor deve fazer é procurar entender sobre a tecnologia blockchain e seu potencial de oferecer transparência às negociações. Transparência, esta, que é fortalecida por sua própria comunidade. Se interessou por um criptoativo específico? Procure entender tudo sobre seu universo.
O que isso significa? De novo, sua comunidade. Pesquise quem o lançou e qual seu propósito. Saiba onde ela é transacionada – quais exchanges (corretoras especializadas) o negociam. É importante que elas sejam reconhecidas e tenham seu trabalho respeitado no mercado. Qual o seu perfil: existem criptoativos só voltados para games, por exemplo.
Se você não se encaixa nesse universo, melhor escolher outro. Qual é a sua amplitude de mercado: nacional ou internacional. Além disso, confira se ela é, de fato, descentralizada. Criptomoedas controladas por uma só pessoa eliminam todo o intuito desse tipo de investimento.
Para os íntimos na linguagem da tecnologia, todas essas informações devem estar listadas em um documento que chamamos de White Paper. O investidor deve, ao menos, verificar se o criptoativo que se interessou possui um deles. É lá que o criador demonstra de onde veio e quem é sua equipe.
Assim como em apresentações de startups para investidores, é preciso que os profissionais responsáveis pela atuação de um criptoativo sejam de conhecimento público. Não invista em ativos que não demonstrem transparência total sobre seus processos.
Por último, desconfie de ofertas que prometem grandes retornos em pouco tempo, com alta liquidez. Este é o tipo de golpe mais claro que existe. Talvez no início ele gere o retorno prometido, mas ao passo que o investidor se entusiasma e aumenta o capital investido, começará a perdê-lo, porque chega um momento em que a remuneração dos envolvidos é maior do que o ativo é capaz de entregar à comunidade.
Quando falamos de risco, é preciso também compreender o valor da experiência. Tenha calma. Não nascemos com todas as habilidades necessárias para ter sucesso em qualquer empreitada que almejamos entrar. O risco é sempre maior para quem está começando, mas ao passo que erramos, também aprendemos e nos tornamos melhores investidores.
Fabiano Nagamatsu é cofundador da Osten Moove e mentor de negócios no InovAtiva Brasil, maior programa de aceleração de startups da América Latina, indicado dois anos consecutivos entre os 10 mais influentes em mentoria e investimento do Startup Awards 2019, iniciativa da Abstartups, e finalista como mentor do ano em 2020 e 2021.