* Por Carlos Cavalcanti
Você já ouviu falar em Inverno Cripto? É um conceito utilizado para explicar o período de desvalorização das criptomoedas em todo o mundo. Segundo especialistas, esses ativos digitais estão perdendo seu valor de mercado gradativamente do ano passado pra cá.
O Bitcoin, por exemplo, perdeu 70% do valor nos últimos 8 meses, já o Ethereum, quase 80%. E esse congelamento não ficou exclusivo às criptomoedas. O Inverno Cripto chegou aos tokens não fungíveis ou NFTs. Você se lembra deles?
A Era de Ouro das NFTs
Popular logo que ganhou fama, o ativo ficou conhecido por ser rentável para alguns artistas que possuem obras digitalizadas. Não houve muita explicação sobre a garantia de direitos autorais ou sua tecnologia, mas quem chegou obteve sua parcela de fortuna.
Na época em que as NFTs estavam com tudo, Neymar Jr. comprou duas unidades da famosa coleção Bored Ape por R$ 6 milhões.
A mudança do cenário em 2022
Hoje, segundo um levantamento feito pela Mastercard, 51% das pessoas da América Latina que entraram neste mercado em 2021 encontram um cenário diferente.
Atualmente, as mesmas obras adquiridas pelo camisa 10 da seleção brasileira valem aproximadamente R$ 1 milhão. Outro caso é o de um imóvel em Nova Iorque posto à venda com preço em Ethereum (ETH), o qual desvalorizou US$ 12 milhões em poucos dias, quando o mercado começou a sofrer com a recessão.
O mercado de NFTs no Brasil nos dias de hoje
De acordo com os dados divulgados pela plataforma CoinMarketCap, o valor de mercado dos tokens não fungíveis foi de US$ 23 bilhões em dezembro de 2021 para menos de US$ 1,8 bilhão em julho deste ano. Os números representam uma queda de 92%.
Isso quer dizer que a Era de Ouro das criptomoedas e das NFTs terminou? Não teve nada de positivo para tirar dessa tecnologia? Acredito que não é bem assim. Como entusiasta da inovação e da tecnologia, eu gosto sempre de ver o copo meio cheio.
Criptomoedas e NFTs trouxeram um novo conceito de segurança
Em um cenário com empresas cada vez mais digitalizadas, a busca pela criatividade e inovação tem um papel de destaque. Muitos dos recursos tecnológicos utilizados para proteger os dados e o direito à Propriedade Intelectual de um ativo digital podem ser adaptados e reaproveitados para potencializar um mercado que busca sempre a inovação.
Afinal, a tecnologia blockchain é um método de armazenamento de dados on-line, funcionando como uma espécie de livro de registros públicos totalmente digitalizado.
Como funciona o blockchain?
Quando alguém faz uma transação, ela é registrada e a sua veracidade é verificada de forma automática e simultânea por todos que têm acesso à tecnologia. Depois, esses dados são armazenados em blocos. O objetivo é eliminar intermediários e aproximar indivíduos que desejam trocar informações de forma segura.
No setor privado, por exemplo, o blockchain tem sido frequentemente utilizado por fintechs, bigtechs e healthtechs para proteger os dados sensíveis das pessoas, agindo em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Por que não conectar a tecnologia blockchain com o registro de direitos autorais e Propriedade Intelectual?
Existem algumas vantagens como a base de dados e transparência nos processos, preservação por meio de informações descentralizadas, registro de autoria automatizado, assim como mais agilidade e amplitude na cadeia de distribuição.
Por mais que seja uma solução nova e ainda precise de desenvolvimento, ela pode agilizar os processos de registro de marcas e patentes no Brasil, inovando e potencializando o trabalho de Propriedade Intelectual no país.
Mesmo com todos os desafios impostos pelo Inverno Cripto, é perceptível todas as qualidades que a tecnologia proporcionou e os diversos benefícios que ela pode trazer para os processos relacionados à Propriedade Intelectual. Diante de todos os fatores positivos e negativos, fica claro que o tamanho do desafio é proporcional à evolução do setor.
Cabe aos profissionais do setor testar, monitorar e analisar essa mudança e, com o tempo, corrigir ou reforçar, se necessário. Somente assim é que veremos um futuro lá na frente. Concorda?
Carlos André Cavalcanti é advogado especializado em marcas e patentes com mais de 20 anos de experiência na área de Propriedade Intelectual, sócio de Cavalcanti e Cavalcanti Advogados e sócio-gerente da Moeller IP Brazil, subsidiária da Moeller IP Advisors. É parceiro no gerenciamento de bens de Propriedade Intelectual, para que seus clientes foquem na inovação, garantindo processos seguros.