De 10 a 13 de novembro acontece a edição global e online do Startupi Innovation Week, reunindo os melhores talentos das comunidades mais avançadas em inovação, dentro e fora do Brasil. O evento foi criado para mostrar que existem muito mais casos de sucesso além do Silicion Valley. Durante 4 dias, os participantes estão se conectando e interagindo com mais de trinta palestrantes nacionais e internacionais, para conhecer os programas de incentivo e investimentos para startups, os casos de sucesso, a opinião de investidores e fundos de venture capital e entender como as empresas brasileiras de software podem se internacionalizar e ganhar escala global.
O evento tem como correalizadores o Consulado Geral de Israel São Paulo, a Câmara de Comércio Brasil-Canadá e a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Conta ainda com o Patrocínio da DELL e SPACES e com o apoio da ABSTARTUPS.
Veja os destaques do dia dedicado ao Canadá
Conexão Brasil-Canadá
Existem muitas organizações focadas em promover a conexão entre os países. Uma delas é a Câmara de Comércio Brasil-Canadá, organização independente, mantida pelo setor privado e sem fins lucrativos, que possui escritórios em São Paulo e uma estrutura em Montreal.
Paulo de Castro, diretor de Relações Institucionais do CCBC, apresentou aos participantes quais são os serviços e pilares de negócio da organização para criar conexões entre empresas e institutos do Brasil com o Canadá e também o caminho inverso.
Assim, com essa atuação bilateral, os serviços são divididos em três pilares: Internacionalização e negócios; Visibilidade e networking; Apoio para eventos; Estrutura física e virtual.
A partir desses três pilares são oferecidos serviços como a Cessão de espaço e salas virtuais; Missões comerciais; Gestão de eventos; Rodadas de negócios; Gravação e produção de podcasts, vídeos e e-books; Agendamento de reuniões e Comissões setoriais.
Ainda para acompanhar a expansão dos negócios no setor de inovação, a organização criou uma Comissão de Tecnologia para atuar como ponte na troca de informações entre empresas e startups.
Para facilitar esse processo, portanto, foi criada uma plataforma de matchmaking entre startups, investidores, prestadores de serviço e entidades apoiadoras do Brasil e do Canadá. Paulo destacou que o projeto é gratuito e os inscritos devem ter alguma sinergia com os dois países, por isso são avaliados pelo Conselho Curador da CCBC.
Paulo também explicou como ter acessos aos serviços oferecidos pela CCBC e quais os passos para levar uma solução ao Canadá. Antes desse passo, porém, são marcadas reuniões com as empresas e startups interessadas na parceria para discutir o projeto e alinhar estratégias e expectativas. “A partir do momento que a gente entende em conjunto qual é o plano e a viabilidade e a aderência dele com o ecossistema canadense, aí a gente sugere que essa startup se associe à CCBC”, explicou.
No caso de startups, há uma categoria exclusiva para elas, com preço reduzido, seguindo o momento atual do negócio. Assim, após essa associação, a CCBC vai entender qual a melhor estratégia para ela, sendo desde um parceiro canadense ou até um período de incubação no país.
Estímulo à Inovação no Canadá
Marie Hélène Béland, Vice-Cônsul e Gerente Comercial, Ciência, Tecnologia e Inovações do Consulado Geral do Canadá, participou do Innovation Week para falar sobre os estímulos à inovação no país, sobre o papel do governo no ecossistema e como ele funciona como um todo.
Segundo ela, o Canadá se posiciona em inovação através de 4 frentes: Talentos; Base Científica; Clusters e Conexões mundiais; e Estabilidade e maturidade financeira. O governo federal tem papel ativo nesse sentido. Basicamente, seu apoio em inovação é distribuído entre Indústria, Governo, Universidades/Faculdades e Hospitais Escola.
Um dos projetos com mais destaque nesse sentido foi a criação de cinco superclusters, a partir de um investimento de quase US$ 1 bilhão, para facilitar as conexões entre todos os atores do ecossistema de conexão, incluindo grandes empresas e Indústria. Sobre o investimento, Marie ressaltou que para cada dólar investido pelo governo, é necessária uma contrapartida do setor privado, dobrando assim esse valor.
Divididos em cinco segmentos (Digital Technology, Protein Industries (PIC), Next Generation Manufacturing (NGen), Scale AI e Ocean, eles funcionam como um ecossistema e o objetivo é levar o que há melhor de inovação em cada área, sendo as empresas responsáveis por decidirem quais serão os projetos que receberão investimento, sem nenhuma interferência do Governo. “É claro que como todos os projetos que tem muitos players – precisa ter uma decisão em conjunto”.
A ideia é que esses conglomerados sejam um complemento, por exemplo, aos polos de inovação em geral, mas com um impacto maior. Com isso, o Canadá espera gerar três importantes resultados: aceleração em termos de inovação, criação de novos empregos e um melhor desenvolvimento econômico.
Os participantes também puderam conhecer um pouco mais sobre Québec, uma província do Canadá, conhecida pela forma que trabalha inovação e tecnologia com Jason Naud, Diretor do Escritório do Québec em São Paulo.
Com uma população pequena, de 8,5 milhões, o gasto com Pesquisa e Desenvolvimento é 2,32% do PIB. Segundo ele, isso a torna a principal província do Canadá que investe em P&D, além de possuir uma das maiores concentrações de pesquisadores de IA no mundo.
Com relação ao ecossistema de inovação, Jason apresentou os principais setores da província: Mobilidade e Cidades Inteligentes; Aeroespacial; Nanotecnologia e Materiais avançados; Ciência da Vida; Eletricidade; Indústria 4.0; Cibersegurança e quântica; Inovação Social; Recursos minerais e naturais; e Silvicultura e construção.
Dentre eles, Jason destacou o Aeroespacial. São mais de 200 empresas no setor e mais de 40 mil empregos criados. Por ser um segmento de destaque para Quebec, mais de 70% de P&D canadense nesse setor é realizado pela Indústria Aeroespacial da província.
O diretor falou também que Québec tem se preparando e tem como meta se tornar uma das sociedades mais inovadoras e criativas do mundo até 2030. “Temos três objetivos principais: desenvolver talentos e habilidades; acelerar e amplificar a comercialização de inovação; e aumentar a capacidade de pesquisa e apoio à inovação.
Para alcançar essa meta, Jason contou que a província fechou algumas parcerias com universidades, centros de pesquisa e empresas para alcançar ainda mais desenvolvimento na área de P&D. “Nós temos que confiar em P&D para atender esses grandes desafios que despontam para nós neste século.
Ainda sobre essas parcerias e a possibilidade do Brasil cooperar com algumas iniciativas na província, Jason mencionou alguns programas que existem a fim de financiar projetos de P&D entre o Brasil e Québec: o PSO International, do Ministério da Economia e Inovação do Québec; o NRC IRAP e CanExport Innovation (CXI), do Governo do Canadá; e Mitacs Accelerate International do Mitacs.
“As empresas brasileiras, pesquisadores e centros de pesquisa que estiverem buscando cooperação internacional e participação em projetos de pesquisa, devem levar consideração Québec, pois existem muitas oportunidades de financiamento para projetos”, concluiu.
Cases de Inovação no Canadá
Leandro Passarini é Ph.D e trabalha atualmente no Collège communautaire du Nouveau-Brunswick (CCNB). Durante sua apresentação, ele falou sobre o trabalho de inovação feito principalmente pelas faculdades – que são instituições pós-secundárias com foco em atender a Indústria e comunidades locais.
Ele explicou que no Canadá, a maioria das faculdades possuem escritórios e departamentos de pesquisa aplicada que apoiam a comunidade local com suas soluções, como é o caso da CCNB Innov formada por três divisões.
A primeira, que fica em Bathurst, é especializada em Manufatura avançada; a segunda, em Caraquet, dedicada em Materiais avançados; e terceira, onde Leandro atua, fica em Grand Falls e produz pesquisas de inovação e serviços técnicos em agricultura, bioprocessos, bebidas, meio ambiente. “A nossa rede permite que as empresas de New Brunswick se destaquem no cenário local, nacional e também internacional da província”, ressaltou o especialista.
Silvicultura, Ciência de alimentos e bebidas, Agricultura e Bioprocessos são as quatro principais áreas de pesquisa do hub. Dentro disso, a rede também oferece aos parceiros a possibilidade de testar tecnologias em ambiente de produção e validar um processo ou uma tecnologia antes de iniciar o processo de produção de fato.
Daniel Lirette é CEO e fundador do GrowDoc, aplicativo que ajuda a identificar problemas com as plantas de cannabis, e trabalha em conjunto com a rede CCNB para para aprimorar o serviço oferecido.
Focado em três públicos: cultivadores domésticos, fazendeiros de cânhamo e produtores licenciados, o empreendedor explica que a plataforma visa minimizar os erros no diagnóstico da doença da planta e evitar que ela se danifique ainda mais com uma solução aplicada inapropriada.
Segundo ele, é muito difícil identificar qual é o problema, principalmente se houver uma questão de nutrientes, como por exemplo, uma restrição específica para aquela planta. “Se você colocar um remédio, pode também danificar ou causar problemas na planta”.
Para ter acesso ao diagnóstico da plataforma, o usuário deve tirar uma foto da planta pelo próprio aplicativo. “Aqui nós vamos identificar com Inteligência Artificial qual o problema e encontrar padrões da folha”. Isso foi possível após experimentos feitos pela startup que gerou, posteriormente, um banco de dados com problemas que podem danificar as plantas. Então, após esse processo de identificação, o aplicativo oferece ao usuário soluções ou produtos que possam ajudá-lo a resolver o problema.
Futuramente, ele contou que a ideia é continuar com o trabalho focado em Cannabis, e buscar soluções que reduzam o potencial de doenças e pestes por meio de novos produtos.
O trabalho com a rede, portanto, está sendo feito para que a CCBN ajude a aumentar a qualidade do serviço oferecido pela startup através de pesquisas sobre deficiências nutritivas, macronutrientes e padronização das plantas.
“Os aspectos mais importantes e essenciais para o nosso sucesso e credibilidade é ter toda essa experiência sendo realizada por um laboratório. Tivemos a sorte de estarmos em um país onde a cannabis é totalmente legalizada. Trabalhamos com laboratórios, como o Leandro, por exemplo, que abre as portas para que possamos ter empréstimos do governo para pagar essas pesquisas”, concluiu.
Cases de Open Innovation no Canadá
Elsa Bruyère é cofundadora e COO da Fabriq-A, empresa baseada em Montreal, que tem como objetivo otimizar os projetos de transformação ágil, cultura de experimentação e inovação contínua de startups, pequenas e médias empresas.
“Estudamos o contexto e, talvez vocês já saibam, mas 11 a cada 12 startups fracassam, não dão certo, porque normalmente resolvem crescer rapidamente, mas sem ter uma consistência suficiente ou um time sólido”, explicou ela, ressaltando que isso não é válido somente para startups, mas sim para a maioria das empresas.
Além disso, segundo a empreendedora, 96% das inovações apresentadas ao mercado não solucionam problemas reais. “Por isso, dentro dos dois primeiros anos, elas acabam não dando certo já que não conseguem identificar claramente quem são os clientes e quais os problemas que devem solucionar”, destacou.
Jonathan Harvey trabalha com Elsa e explicou um pouco mais sobre o projeto e como trabalham com dados. “Nosso objetivo é criar oportunidades para as empresas revelando a nossa força de inovação e as possibilidades de utilização do nosso produto. Isso significa que queremos tornar os nossos dados acessíveis dentro da empresa e fora também”, disse.
Ele falou sobre a importância de criar esse compartilhamento de dados, principalmente com startups. “Ao tentar abrir os seus dados para outras startups, essas startups poderão inovar com mais rapidez tentando cocriar valor junto com você”. Ainda, para segurança e proteção de informações privadas, por exemplo, a empresa pode escolher quais dados que serão compartilhados com outras empresas.
Com acesso a esses dados compartilhados, a Fabriq-A também consegue desenvolver produtos para os clientes de acordo com as métricas analisadas. “Nós criamos junto com os clientes: nós pegamos dados, aprendemos com os erros na maior rapidez possível e planejamos o futuro”.
Por fim, Elsa concluiu que esse o trabalho desenvolvido pela Fabrique-a não deve ser visto apenas como metodologia. “Todos nós pensamos nisso com uma metodologia relacionada a formas de trabalhar, de cooperarmos, etc., mas acredito que agora a tecnologia chegou em uma escala em que nós temos uma quantidade grande de dados e com isso nós podemos realmente ajudar a ter mais inovações. Nós podemos ajudar pessoas que tenham objetivos diferentes dos nossos a inovar, mas ao mesmo tempo precisamos respeitar o nosso objetivo e nossa inteligência de negócios”.
Protagonismo em tecnologia
Regina Noppe, cofundadora e CEO da Dream2b, venture builder internacional especializada no desenvolvimento de oportunidades de negócios para empresas de tecnologia e startups entre os mercados canadense e brasileiro, mediou um painel com Gustavo Oliveira, CEO da DeRose Meditation Global Platform, e Evandro Barros, CEO da DataH, para falar sobre as oportunidades do país e o protagonismo em tecnologia.
Gustavo explicou um pouco sobre o trabalho desenvolvido pela DeRose Meditation, metodologia criada e aperfeiçoada pelo professor DeRose durante os últimos 60 anos. “Treinamos as pessoas, profissionais, líderes e pessoas que causam mudanças no mundo para relaxaram quando vão dormir, se é o que querem, ou relaxarem, desligarem ou conectarem a mente no estado de percepção alterado quando a nossa mente trabalha melhor, mais eficientemente, mas sem colocar mais estresse”.
Além de clientes B2C, que já estão presentes em 16 países, a startup atua também com B2B2C. Com isso, o empreendedor contou que possui alguns desafios na área de tecnologia, principalmente por trabalhar com Inteligência Artificial para medir o progresso dos usuários e o retorno sobre seus investimentos (ROI). Assim, de acordo com ele, a escolha em trabalhar no Canadá partiu dessa necessidade de ter acesso a boas tecnologias e outras estruturas que o País oferece.
Sobre dicas para as empresas brasileiras que querem internacionalizar, Gustavo disse que um dos diferenciais é o acolhimento que o país oferece mesmo para empreendedores de fora do país e contou que foi recebido praticamente com um tapete vermelho. “Eu percebi que nós teríamos muito suporte e eles realmente estavam oferecendo muito apoio”. O que, segundo ele, vai ajudar nos desafios durante o período de adaptação, por exemplo.
Evandro também falou sobre a DataH, empresa da área de pesquisa e desenvolvimento aplicada à área de Inteligência Artificial ajudando empresas globalmente a juntarem todas as informações e dados dispersos para construir novos produtos e serviços baseados em algoritmos inteligentes.
O empreendedor contou que, inclusive, a startup está trabalhando em conjunto com alguns hospitais brasileiros para construir soluções de diagnóstico de pneumonia de forma mais ágil. “Durante a covid-19, nós conseguimos ajudar diversos hospitais no Brasil para encontrar os casos de pneumonia de uma forma mais rápida, especialmente em algumas áreas onde não há especialistas em doenças como pneumonia”.
Fundada em 2016 aqui no Brasil, a DataH foi para o país em 2018, com a ajuda da Dream2b. “Nós começamos nossas operações no Canadá para nos ajudar a crescer em vários países do mundo, principalmente aumentando as vendas na Europa a partir do Canadá”, explicou.
Sobre os primeiros passos, o empreendedor contou que seu primeiro pensamento foi “Como eu posso ser um estrangeiro no Canadá?”, “Como eu posso criar e desenvolver um negócio aqui no Canadá?”, mas que, assim como Gustavo, também teve uma recepção super positiva. “A dica que eu daria é a seguinte: tente aproveitar tudo que o Canadá tem para te ajudar”, acrescentou ele.
Regina também pontuou que todas as empresas, inclusive as brasileiras, devem nascer com o propósito de internacionalizar. “Nós precisamos diversificar, agora mais do que nunca nós observamos que não é apenas o tamanho do seu mercado, mas quanto mais você se diversificar, mais possibilidades de se tornar um empresa global”.
Por fim, ela disse que esse processo deve ser feito através de alguns passos. “É necessário mostrar que você quer saber sobre o país, você tem que ir no país, ver como as coisas funcionam. Eu diria que é necessário ter uma mente aberta: não é só traduzir o seu site para o inglês ou fazer algumas viagens comerciais para o país, é necessário cavar um pouco mais. Dá trabalho, mas vale a pena”.
Para Geraldo Santos, diretor-geral do Startupi, o Innovation Week marca o início de um ciclo de eventos que acontecerão em 2021 para levar cada vez mais conteúdo e informação de alto nível para o mercado brasileiro. O evento segue até dia 13/11 e pode ser acompanhado pelo Zoom (com tradução simultânea) ou pelo canal do Startupi no Youtube (com áudio original).
Para participar acesse o site aqui.
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