* Por Lilian Primo
Nesse artigo gostaria de fazer vocês pensarem no papel do empreendedor, hoje, na sociedade. Muitos tem a visão do empreendedor que busca apenas o lucro, não se importando com as pessoas ou a sociedade a sua volta. Infelizmente ainda temos esse perfil empreendedor no mundo. Porém, cada vez mais tem se mostrado que esses empreendedores em busca apenas do lucro estão com os seus dias contados.
Para começar, precisamos diferenciar dois termos que muitas pessoas acreditam ser a mesma coisa, o empresário e o empreendedor. Mas você deve estar pensando: “Lilian, todo empresário não é um empreendedor?” E a resposta é não! Um empresário e um empreendedor, apesar de ter algumas semelhanças, são coisas bem diferentes. Então vamos a definição:
- Empresário: Ele é a pessoa voltada a gerenciar um negócio. Apesar de terem semelhanças com características de empreendedores, a vocação dele é gerenciar os meios de produção e obter lucro. Geralmente empresários abrem suas empresas ou herdam negócios prontos, e buscam administrar da melhor forma possível, geralmente mantendo o que está funcionado, evitando grandes mudanças, para não arriscar a saúde da empresa.
- Empreendedor: A definição para mim é do sonhador, no melhor sentido da palavra. Em muitos casos o empreendedor pode até possuir empresas, ou empreender mesmo sendo CLT, mas ele está sempre buscando a inovação ou a mudança. É a pessoa que não consegue ficar na área de conforto. Se a vida começa a ficar calma, ele busca novos desafios. A paixão dos empreendedores dos tempos atuais é inovar, enxergando oportunidade onde quase ninguém vê.
Como um exemplo de empreendedor dos tempos modernos, temos o bilionário Elon Musk. Apesar dos muitos erros e até polêmicas em sua forma de gestão, e seu jeito às vezes não muito profissional, é inegável que ele é um dos empreendedores que mais inovaram nesses últimos anos. Vou destacar dois exemplos bem resumidos de duas empresas que mudaram o mercado: a SpaceX e a Tesla.
A SpaceX, fundada por Musk em 2002, com um investimento inicial de US$ 100 milhões de sua fortuna pessoal, nasceu com o objetivo de transformar a humanidade em uma civilização espacial. Ele mudou o mercado privado da corrida espacial. Não só isso, tendo feito coisas que pareciam impossíveis, como a criação do primeiro foguete comercial reutilizável do mundo. Segundo um relatório da CNBC, feito em agosto de 2020, a SpaceX foi avaliada em US$ 74 bilhões, tornando-se uma das empresas mais valiosas do setor espacial. Isso só foi possível graças a Musk ter tido a coragem de apostar em um setor que ninguém queria investir, por ter um risco grande de fracasso, e não ter medo de inovar com ideias que as pessoas acham impossíveis de serem feitas.
A Tesla, ao contrário do que muita gente pensa, não foi criada por Elon Musk. A empresa foi fundada em 2003 pelos engenheiros Martin Eberhard e Marc Tarpenning. O nome da empresa foi uma homenagem ao famoso cientista Nikolas Tesla. Nessa época muito se falava sobre mobilidade elétrica, mas nenhuma empresa possuía algum destaque relevante no mercado. Em 2004 Elon Musk se tronou sócio, investindo US$ 6,3 milhões de sua fortuna pessoal. A partir desse momento ele propôs ideias novas e ousadas para a empresa. Vale lembrar que a empresa quase faliu em 2017, por problemas com o Model 3. Musk tuitou em 2020 que a empresa ficou a um mês da falência na época. Porém hoje a Tesla é considerada a empresa que democratizou o carro elétrico no mundo, é a montadora mais valiosa do planeta, tendo um valor de mercado em torno de US$ 800 bilhões.
Esse é o principal papel do empreendedor, enxergar oportunidades em áreas que ninguém está vendo e, principalmente, ser o responsável por promover a inovação em todos os setores. Porém, não podemos nos limitar apenas à inovação, hoje as questões sociais e de sustentabilidade fazem parte do negócio. Um dos modelos de governança muito adotado hoje em dia é o ESG. Até mesmo a ONU em 2015 lançou “AGENDA 2030”, e o acordo de Paris, ambos com o foco na sustentabilidade, com 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). Se quer saber mais do assunto, sugiro que você leia o meu artigo sobre “ESG – A nova tendência global das empresas“. Nesse artigo me aprofundo mais sobre o ESG e a agenda 2030 da ONU.
Seguindo essa linha de que empreendedorismo, ou mesmo a gestão de uma empresa, não está limitado apenas ao lucro e sim aos aspectos sociais e de sustentabilidade, gostaria de destacar o trabalho da minha amiga Pepita Soler, Fundadora e Presidente do “Pepitas Secretaries Club”, é idealizadora do FISEC (Fórum Internacional de Inovação em Secretariado), que ocorrerá em 30 de setembro e 1 de outubro desse ano no São Paulo – WTC Events Center. É considerado o maior evento de secretariado executivo da América Latina que irá focar em apresentar as melhores práticas mundiais e tendências do mercado.
O FISEC se apoia em uma tríade, que está alinhada com o momento atual, pois o evento é o resultado da imaginação de como será o futuro do secretariado. Sem imaginação não temos como inovar, não importa a área. Mas não basta apenas imaginar, temos que ter o movimento, que nos impulsiona para ação de executar o que imaginamos. Não podemos ficar apenas no mundo das ideias, sem nos movimentarmos para alcançar os nossos objetivos. E por último, e não menos importante, apenas imaginar e movimentar-se não basta, precisamos nos preocupar com as pessoas, ou melhor ter o afeto. Preocupar-se com a saúde mental dos funcionários, a sustentabilidade do negócio, além do impacto na sociedade de forma positiva, isso é ter afeto.
Hoje vivemos em uma sociedade onde os negócios não podem estar atrelados apenas em um ponto de sustentação, precisamos ter mais de um pilar para nos apoiarmos. Faço um convite a você, empreendedor, pensar fora da caixa e criar a sua tríade para guiar a sua vida. O lucro é importante, porém o papel de um empreendedor em uma sociedade é muito mais. Se permita sonhar sempre, por mais que os outros digam que é impossível, que não dará certo, lembre-se do que dizia Steve Jobs: “Cada sonho que você deixa pra trás, é um pedaço do seu futuro que deixa de existir”.
Lilian Primo é CEO e cofundadora da Mobye Mobilidade Eletrica. Executiva de Tecnologia, VP do Conselho Consultivo do Instituto Êxito Latino Americano de Empreendedorismo e Inovação e VP de TI na ANEFAC e Colunista na Nova Brasil FM.
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