A Central da Visão, healthtech focada na jornada digital de saúde para que pessoas carentes possam ter acesso a cirurgias oftalmológicas, que já transacionou na sua plataforma digital mais de R$ 6 milhões em cirurgias, apenas em 2021, atuando para alterar a drástica condição de saúde ocular da população brasileira.
Com este aporte de R$ 3 milhões, proporcionado pela Gávea Angels, Hangar 8 Capital e 4am Capital, a healthtech pretende ultrapassar R$ 40 milhões em transações em 2022, através do incremento de tecnologia e de equipe, a fim de expandir o projeto a todas as capitais do país, cuja demanda já chega através do atendimento digital que realiza.
Mas, não se trata de uma ONG ou filantropia, a Central da Visão é uma startup com operação focada em um modelo de negócio pioneiro, que oferece acolhimento e orientação no ambiente digital para que os pacientes tenham acesso à cirurgia sem depender do SUS, realizando o procedimento em clínicas particulares, de forma segura e com preços mais acessíveis, assim como com condições facilitadas de pagamento.
O modelo é baseado em parcerias realizadas pela Central da Visão com cirurgiões especializados, que oferecem janelas de horários vagos em seus consultórios e clínicas por valores diferenciados, com foco no bem social. O projeto hoje conta com 28 clínicas parceiras distribuídas por nove estados brasileiros, (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pernambuco, Bahia e DF), totalizando mais de 100 cirurgiões oftalmologistas.
Metodologia inovadora acompanha a jornada de saúde de cada paciente por meio de um sistema proprietário de gestão (CRM). Outro diferencial é que todo paciente que precisa operar a visão é atendido, não por robôs, mas por uma equipe especializada no acolhimento, utilizando uma linguagem simples e direcionada ao público de menor renda, ainda que em ambiente 100% digital. Tamanha inovação levou a startup a ser selecionada para o Programa de aceleração do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, em parceria com o consórcio AWL. Dentre mais de 600 startups qualificadas, apenas 25 foram selecionadas, entre elas a Central da Visão.
Com o objetivo de atender ao enorme gap nacional da lista de espera do SUS por cirurgias de visão – só em SP, em 2018, havia 24 mil pessoas aguardando por uma cirurgia de catarata e, no Brasil, se dimensiona quase 500 mil pacientes com catarata aguardando na fila do SUS – a Central da Visão, fundada em 2017, vem possibilitando que pessoas sem plano de saúde e com condições financeiras mais restritas, tenham acesso a cirurgias. Assim, a startup atua reduzindo a desigualdade e melhorando a qualidade de vida de pacientes que, quase cegos ou com baixa visão, seriam afastados do mercado de trabalho, do convívio social, o que acentuaria ainda mais o déficit social do País.
“A Central da Visão nos impressionou por ser uma empresa de tecnologia que tem uma jornada do paciente extremamente humanizada”, comenta o médico que lidera o investimento pela Gávea Angels e Hangar 8, Pedro Vieira, grande referência no mercado de Healthtech. “Vimos na startup a oportunidade de oferecer nosso smart money com grande impacto socioeconômico na vida de muitas pessoas e do país como um todo” sintetiza Vieira. “Enxergamos na diversidade dos grupos de anjos uma porta importante para acessarmos profissionais experientes de diversas áreas que podem nos ajudar com mentorias para acelerarmos ainda mais nosso crescimento e expansão do nosso projeto de impacto social para cada vez mais pessoas, devolvendo-as à família, sociedade e até ao mercado de trabalho”, sustenta Marta Luconi, sócia e diretora geral da Central da Visão. Segundo ela, o projeto enfoca o atendimento à quatro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU – “Erradicação da Pobreza”, “Boa Saúde e Bem Estar”, “Indústria, Inovação e Infraestrutura”, “Redução das Desigualdades”.
“O importante para nós é garantir que a pessoa cumpra as etapas da consulta, exames e faça a cirurgia, tão necessária para voltar a enxergar. A alta taxa de conversão cirúrgica comprova que somos bem sucedidos nesta missão, já que em uma das mais procuradas cirurgias de vista, a de catarata, temos 70% de conversão – a cada 100 pacientes, 70 operam”, afirma Guilherme de Almeida Prado, sócio fundador da startup.
Prado iniciou o projeto com uma pequena operação de oferta de crédito para financiar tratamentos médicos, quando percebeu que precisava atuar diretamente para tornar mais acessíveis estes tratamentos. “A cada cinco segundos, uma pessoa se torna cega no mundo, enquanto milhares de clínicas tinham horários ociosos em seus expedientes médicos. Construímos uma ponte entre eles e assim podemos atuar com a iniciativa privada para reduzir a desigualdade e melhorar a qualidade de vida de tantos pacientes cegos ou com baixa visão”, completa Almeida Prado.
No nicho de atuação da Central da Visão, a catarata é uma das cirurgias mais procuradas. Ela é responsável por 51% dos casos de cegueira no mundo, sendo a população acima de 50 anos a de maior incidência de catarata senil – processo natural de envelhecimento do cristalino e que pode ser reversível com a cirurgia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados se houvesse um número maior de ações efetivas de prevenção ou de tratamento, onde o acesso ao atendimento médico oftalmológico é decisivo. “Além das dificuldades de acesso ao médico especialista no Sistema Único de Saúde (SUS), outro grave problema é a falta de informação. Os sintomas mais comuns da catarata são, muitas vezes, negligenciados pelos idosos e até pelos familiares”, lembra a sócia, Marta Luconi.
A perda da capacidade visual leva a consequências em nível individual e coletivo. A cegueira dá origem a problemas psicológicos, sociais, econômicos e de qualidade de vida. Implica em perda de autoestima, status, restrições ocupacionais e em consequente redução de renda que, por sua vez, produz dificuldades de sobrevivência. Para a sociedade, representa encargo oneroso e perda de força de trabalho.
* Foto em destaque: Ronaldo Abati (Diretor de Operações), Guilherme de Almeida Prado (Cofundador) e Marta Luconi (Diretora Geral); da Central da Visão.
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