* Por Ana Debiazi
Quando o assunto é governança corporativa, pensamos de cara nas grandes empresas, com processos robustos, muitas pessoas e capital. Contudo, cada vez mais, torna-se essencial às empresas que estão nascendo, inclusive as startups, planejarem este aspecto.
A governança pode ser definida como um conjunto de processos internos, políticas e práticas que permitem que as organizações tomem decisões de forma mais eficaz e ética, bem como o monitoramento da gestão e das lideranças.
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBCG), essas boas práticas convertem princípios básicos em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização, facilitar seu acesso a recursos e contribuir para a qualidade da gestão da organização, sua longevidade e o bem comum. Ou seja, essa série de processos garante muitos benefícios para as empresas, e com os empreendimentos do ramo da inovação não é diferente.
Uma pesquisa realizada pela Better Governance mostrou que 82,1% das startups scale ups brasileiras estão nos estágios iniciais em governança corporativa. Estudos também demonstram os principais motivos da mortalidade das startups, tendo em vista que, em média, no Brasil, apenas 25% delas sobrevivem depois dos primeiros 10 anos de existência.
Conforme dados da CB Insights, 38% morrem por falta de investimentos, 35% porque o produto não tem market fit, além dos motivos como modelo de negócio defeituoso, problemas regulatórios, equipe incapacitada, desarmonia entre fundadores e investidores e até pivot errado.
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Nota-se que em todas as razões, se houvesse uma estruturação de governança, muitos problemas poderiam ter sido evitados. Não estamos falando aqui de se ter um conselho de administração constituído desde o primeiro dia, mas sim de contar com advisors ou conselheiros consultivos nas fases iniciais, como ideação e validação. Pessoas que entendam e possam contribuir com cada parte da gestão organizacional.
Os quatro princípios básicos que norteiam a governança são transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. Ora, não é este o contexto básico para a sobrevivência de uma organização? Seja ela do tamanho que for. E ainda mais, este texto acima não condiz exatamente com a jornada de vida de uma startup? Então, faz todo sentido aplicar os princípios básicos da governança corporativa desde o primeiro dia de vida de um novo negócio.
Os empreendedores devem construir um avião enquanto pilotam, e muitas vezes vemos essas pessoas serem consumidas pelo dia a dia de forma errada. As startups bem-sucedidas têm o foco em gerar e entregar valor a todos seus stakeholders. Devemos percorrer o caminho pensando em um modelo sustentável de longo prazo, e para isso, construir uma governança corporativa desde o início garantirá um futuro saudável.
Numa transformação constante, a inovação e a agilidade de uma empresa para escalar os seus negócios de forma totalmente disruptiva trazem um novo olhar para a governança dela, qualquer que seja o seu porte em termos de receita ou de valor de mercado.
Em cada fase de crescimento de uma startup podemos ter pessoas contribuindo para seu desenvolvimento. Por exemplo, na ideação um conselho consultivo ou um advisor pode trazer questões sobre o propósito da organização e responsabilidade dos sócios.
Na fase de validação, essa governança pode ajudar a tratar de assuntos como controles internos e indicadores de resultado. Na tração, os fundadores já devem pensar na estruturação do conselho e nas posições de cada um dos papéis dentro da empresa, inclusive seus próprios papéis como fundadores e executivos.
Muitos novos negócios não avançam porque os empreendedores não conseguem abrir mão da sua função de executivo, mesmo não tendo expertise para tal. E, por fim, na escala, é preciso efetivamente assegurar o compliance da empresa, com todos os princípios básicos da governança corporativa implantadas!
Existem algumas práticas de governança corporativa essenciais a serem adotadas por qualquer empreendedor ao começar sua empresa. Entre elas, podemos destacar: um acordo de sócios bem-feito, assessoria jurídica adequada e a escolha correta de sistema tributário.
Ana Debiazi é CEO da Leonora Ventures, corporate venture builder com DNA inovador e com proposta de trazer soluções para os setores de educação, logística e varejo e promover a aproximação entre organizações já consolidadas e startups.
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