* Por Juan D’Antiochia
Um aplicativo que coloca ao alcance da ponta dos dedos centenas de opções de pratos e entrega seu almoço por drone. Um restaurante robotizado onde as máquinas atendem ao seu pedido, cozinham e trazem a comida para a mesa. Jantar de realidade aumentada que pode induzir o corpo a fazer escolhas mais saudáveis.
Não é de se surpreender que todas essas formas inventivas de se apreciar uma refeição estejam virando realidade na Ásia – um paraíso para quem gosta de gastronomia e tecnologia. No entanto, também podemos ver sinais dessas tendências no Brasil, onde inúmeras ideias inovadoras estão sendo apresentadas. Veja como aplicativos de entrega, como o Rappi, cresceram no país. Apenas em 2019, a startup colombiana expandiu em média 30% a cada mês.
Da mesma maneira, a rede de restaurantes Abbraccio fez das entregas via aplicativo sua prioridade em 2019, visando a quem prefere comer em casa e evitar filas. O plano funcionou e eles terminaram 2019 com 37 mil pedidos de delivery por apps, totalizando 10% do faturamento da empresa no ano passado.
Ao mesmo tempo, a empresa de shoppings Multiplan está testando novas soluções para agilizar o pedido de refeições em seus malls. Para evitar filas e diminuir esperas no Shopping Vila Olímpia, em São Paulo, foram implantados totens e sistema de códigos QR. O cliente nem precisa fazer o download de um aplicativo, tudo – do pedido ao pagamento – pode ser feito no site do shopping. A iniciativa foi lançada em dezembro passado e deve chegar em breve a outros shoppings da companhia. Por sua vez, a lanchonete Jeronimo, do mesmo grupo do Madero, já tem lojas com totens onde os clientes pedem e pagam sem a ajuda de um funcionário.
Os tempos estão realmente mudando. A empresa de estacionamento Estapar está repensando todo seu espaço da garagem e transformando parte dele em centros de coleta para comércio eletrônico e, é claro, entrega de alimentos. Eles também planejam transformar vagas de estacionamento em cozinhas para restaurantes de entrega.
O mercado de comida no Brasil também está se desenvolvendo em outra direção empolgante, por meio de parcerias que colocam a conveniência em primeiro lugar. Em 2019, a Mondelēz,– a empresa por trás de marcas como Lacta, Club Social, Oreo e Trident – se uniu à startup de serviços de bordo Numenu para vender seus snacks em carros compartilhados de aplicativos, como Uber e 99.
O Brasil ainda está se desenvolvendo neste acelerado mercado, mas o país trilha um caminho semelhante ao da Ásia quando se trata da inclusão de inovação em tarefas diárias, como comer fora ou pedir comida em casa. Esse estilo de vida digital usa como combustível demandas dos consumidores por experiências rápidas, fáceis e sem atritos, independentemente do que eles estão comprando.
Enquanto na Ásia as carteiras eletrônicas e os pagamentos móveis já são parte do dia a dia dos consumidores, por aqui elas ainda possuem um percentual pequeno de adesão – 10% das compras online e 1% no ponto de venda. Contudo, a expectativa é de que os números aumentem à medida que mais consumidores optem pela velocidade, segurança e conveniência de uma eWallet ao invés do pagamento em dinheiro.
E por falar em velocidade e conveniência, os consumidores no Brasil continuam adotando o comércio eletrônico rapidamente. Atualmente, o e-commerce representa 7% de todo o varejo da região e a projeção é de que continue a expandir: 19% até 2022. A explicação é simples: os brasileiros valorizam a ampla variedade de opções e a rápida gratificação que as compras online trazem para suas vidas.
De olho nessa demanda do consumidor, serviços de entrega de comida online seguem na mesma direção. O próprio Rappi, por exemplo, já está capitalizando isso avidamente, oferecendo a hiper conveniência no menu. Além de refeições deliciosas, o cliente também tem acesso a pagamentos com um simples clique, códigos de desconto instantâneos e algoritmos preditivos, tudo pensado para tornar a experiência do delivery de comida mais prazerosa.
As refeições, sem dúvida, continuarão a evoluir na sociedade cada vez mais cashless e conectada do Brasil, e as empresas que puderem oferecer pagamento sem atrito e inovarem continuamente terão as melhores chances de permanecer no topo.
* Juan D’Antiochia é Gerente Geral da América Latina da Worldpay Merchant Solutions, FIS.