* Por Lilian Primo
Foi muito falado que a copa do Qatar 2022, que está acontecendo nesse momento, é uma das mais tecnológicas dos últimos tempos. Porém, muitos amantes do futebol acreditam que as novas tecnologias estão tirando a magia do futebol, que a incerteza do juiz em marcar uma falta ou um pênalti faz parte desse esporte, que principalmente no Brasil é uma paixão nacional. Mas será mesmo que a tecnologia atrapalha o esporte?
A princípio vamos falar da tecnologia que tem sido o maior alvo de cítricas, o VAR, “video assistant referee” (árbitro assistente de vídeo). Vale lembrar que essa não é a primeira vez que essa tecnologia está sendo usada, tivemos a estreia na Copa do Mundo em 2018, na Rússia, onde foi muito criticada por demorar para exibir os resultados.
Mas afinal o que é o VAR? Como o nome diz, trata-se de um “árbitro assistente de vídeo”, temos uma sala de monitoramento no estádio onde ficam alguns árbitros de vídeo para ajudar nas análises dos lances, além disso temos uma cabine no campo onde o juiz pode consultar o vídeo do lance caso achar necessário, além de comunicação por ponto eletrônico com a equipe na sala do VAR.
O sistema conta ainda com 12 câmeras de rastreamento que podem analisar a bola, que tem um sensor instalado em seu centro, que enviará dados 500 vezes por segundo para a sala de vídeo e até 29 pontos do corpo de cada jogador em campo, inclusive membros e extremidades dos jogadores. Esse ano o sistema conta com uma atualização chamada de Sistema de Impedimento Semiautomático, e ter esses dados faz toda a diferença para ajudar nessas análises.
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Vale lembrar que o VAR não pode atuar em todos os lances, ele só pode ser usado nas seguintes situações:
Gol: Checagem se o gol não teve irregularidade, caso o jogador esteja impedido, por exemplo como
ocorreu com o jogador Vini Jr. na partida entre Brasil e Suíça;
Pênalti: Se realmente foi pênalti ou uma simulação do jogador;
Cartão vermelho direto: Alguma falta ou antijogo que o árbitro de campo possa não ter visto;
Identificação de jogador: Corrigir o árbitro no caso de uma punição para o jogador errado;
Mesmo nestas situações a decisão final é do juiz dentro do campo, mesmo que os árbitros de vídeo tenham 100% de certeza de um lance, o juiz dentro do campo que tem a palavra final.
Agora que você conhece o VAR, por que um sistema que ajuda a diminuir os possíveis erros de arbitragem está causando tanta polêmica?
Para os fanáticos do futebol, justamente a imprevisibilidade do juiz é o que faz o futebol ser o que é hoje, essa paixão. Quem não lembra do famoso “mano de dios” do Maradona na copa de 1986 em um jogo contra a Inglaterra, nas quartas de final que classificou a Argentina para a próxima fase, isso faz parte do folclore esportivo do futebol.
Outro argumento é o próprio futebol americano, que já há muito tempo usa tecnologias de marcação e conferência de jogadas por vídeo, porém para muitas pessoas isso torna o jogo muito parado por todas essas conferências, deixando pouco dinâmico e muito técnico, e por isso não faz o sucesso que nosso futebol “Soccer” raiz faz.
Acredito que o maior medo dos torcedores, em geral, é chegarmos ao ponto de utilizar inteligências artificias arbitrando os jogos, onde não teremos espaço para erros tornando um esporte frio, pois faz parte do futebol as polêmicas dos torcedores discutindo se foi ou não pênalti, que o time foi roubado pelo juiz.
No final das contas o futebol é um entretenimento que muitos não querem que fique uma coisa mecânica e engessada, seguindo regras certinho, o futebol sempre foi conhecido por sua malandragem, carisma dos jogadores e principalmente pela paixão dos torcedores.
Mas independente do que acontecer o VAR veio para ficar, a FIFA e as confederações têm investido muito em novas tecnologias, para termos cada vez mais um jogo justo para as duas equipes.
Pelo que vi até agora nos jogos, o VAR tem criado situações muito interessantes, como a tensão da confirmação de um gol, o estádio todo parado olhando para as telas aguardando a decisão da arbitragem, se tornou uma emoção a mais no jogo, acredito que não se trata da tecnologia em si. Como é um esporte que mexe com a paixão sempre teremos reclamações quando for contra o nosso time e elogiaremos quando for a favor, mas uma coisa é certa, com ou sem VAR o Brasil vai humo ao Hexa!!!
Lilian Primo é CEO e cofundadora da Mobye Mobilidade Eletrica. Executiva de Tecnologia, VP do Conselho Consultivo do Instituto Êxito Latino Americano de Empreendedorismo e Inovação e VP de TI na ANEFAC e Colunista na Nova Brasil FM.
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