* Por Gabriela Felizardo
Conciliar a vida acadêmica, profissional e pessoal é uma realidade para vários alunos por, pelo menos, 6 meses para o cumprimento do famoso “estágio obrigatório” da maioria das universidades. Comumente realizado nos semestres finais da faculdade, dividindo espaço com o trabalho de conclusão de curso (TCC) e diversas outras atividades, o estágio tem um papel fundamental de ser um período inicial de contato com o ambiente de trabalho, desafios organizacionais, aprendizados e tudo aquilo que os livros, professores e a faculdade te ensinam, só que, agora, na prática.
Eu fui estagiária em uma multinacional, em um ambiente bastante diferente do que eu conheço e vivencio hoje. Não tem melhor nem pior, vejo que ambas as experiências me agregaram em áreas diferentes e trago comigo até hoje, aprendizados, inspirações e conquistas que serei eternamente grata. Neste artigo, porém, eu quero dividir com vocês a experiência que é o estágio em uma startup, pois aqui, como líder, tenho a oportunidade de encontrar e aprender ainda mais com inúmeros estagiários talentosos, dispostos a encontrarem a melhor versão de si mesmos e a começarem uma história profissional incrível.
Como ponto de partida para esta conversa, vejo que o grande benefício em realizar o estágio em uma startup está atrelado ao ambiente empreendedor e com alto grau de inovação. As startups são, por breve definição, empresas de base tecnológica com o objetivo de criar algo novo/disruptivo, capaz de trazer grandes mudanças e melhorias para a vida da sociedade. Logo, trabalhar em uma startup é compreender que você estará num ambiente incerto, procurando e aplicando as melhores práticas de mercado no seu dia a dia junto à inovação, visando a escalabilidade e contando com a criatividade a seu favor, principalmente quando se tem poucos recursos, que é o caso da maioria das startups em fase inicial de desenvolvimento.
Ao longo destes quase 4 anos trabalhando neste ambiente de startup, já ouvi muitas vezes dos estagiários, logo após a primeira semana de onboarding: “São muitas informações e parece que estou aqui há 2 meses”. E eu sempre respondo: “Calma, fica tranquilo, o nome disse é contexto. ” Realmente é uma chuva de informações, novidades e contato com a nova rotina, mas, que faz, desde o início, toda a diferença para garantir que eles terão acesso a todas as informações e possam tomar as melhores decisões no dia a dia. Vale destacar ainda que é de suma importância o papel dos mais “velhos de casa” para serem também esta referência de conhecimento e cultura da empresa para quem está chegando, principalmente quando se trata do primeiro emprego. Além disso, vejo que os principais rituais integrativos e de trocas de conhecimento, como: all hands, onboarding, one-on-one aceleram o processo de conhecimento e aprendizagem, tanto do lado de conhecer mais sobre a empresa (time, processos, modelo de negócio) quanto do autoconhecimento (habilidades, preferências, dificuldades e entre outras).
Por conta de uma estrutura bastante horizontalizada – contato direto com todos da empresa e de diversas áreas de atuação – trabalhar em uma startup possibilita, em pouco tempo, ganhar responsabilidades e autonomia para tomar decisões. Isso, atrelado ao grau de qualidade das entregas e adesão à cultura e valores da empresa, você ganha, gradualmente, espaço e visibilidade diante de todos. Por isso, digo que a carreira de um estagiário não depende somente dele ter se formado no ensino superior, mas também, de outros fatores. Para conquistar um espaço de protagonismo na empresa, há um conjunto de fatores que vão desde a aprender a realizar as tarefas básicas com qualidade no dia a dia a conectar-se efetivamente com a cultura da empresa e indo até o ponto de potencial contribuição para a mudança de algum processo – por entendimento e comprovação de que aquilo não fazia sentido mais.
Portanto, posso concluir que, durante a minha trajetória como estagiária, eu aprendi muito nos locais em que estive e, hoje, sou muito grata por trabalhar em uma startup e poder contar com a sorte de cruzar com pessoas tão talentosas e que fazem deste ambiente, ainda, mais recompensador. Hoje eu olho ao meu redor e vejo que todos que estão aqui, acreditam no propósito da empresa, na competência do time, na visão dos fundadores e investidores. Além, da qualidade das entregas de si próprio e no que, ainda, pode ser feito, ainda, melhor.
Acredito que os estagiários podem, sim, contribuir de maneira mais intensa e inovar. E que, com o tempo, em troca, serão recompensados e terão grande espaço para o protagonismo e muitas histórias para contar e ensinar!
Gabriela Felizardo é graduada em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Uberlândia e MBA em Gestão de Projetos pela FGV. Em 2018 foi a funcionária Nº 1, contratada após a primeira rodada de investimentos da Grão Direto, startup membro do Cubo Itaú líder da América Latina em comercialização digital de grãos,em que hoje, com 26 anos, é sócia e Head de Operações liderando mais de 28 pessoas (inclusive, muitos estagiários talentosos).