* Por Diogo Catão
Exit quer dizer saída. Para as startups, esse é o momento em que os fundadores ou investidores saem do negócio vendendo suas participações para outros investidores ou para empresas maiores.
Esse é um grande evento para o ecossistema de startups, pois é quando se gera retorno financeiro e confirma que a solução realmente é útil e lucrativa. Com o exit, é possível ver a valorização do negócio. Claro que existem exits que não são positivos, mas, em sua maioria, significa que a startup concluiu seu objetivo.
Há diversas formas para isso acontecer, as mais comuns são a aquisição dessa startup por outra empresa com interesse na tecnologia, equipe ou em ambos, a fusão com companhias maiores ou estreia na bolsa de valores, chamada de Oferta Pública Inicial – IPO (Initial Public Offering), que é quando a empresa oferta as ações para o público de maneira geral e começa a ser iniciada.
Independente da forma do exit, é sempre importante ter um planejamento, fazendo isso de forma antecipada e estruturada para realizar a transição. Isso é relevante, pois a partir desse ponto a relação entre trabalho e negócios irá mudar.
O exit é um considerado o “sonho dourado” de muitas startups, pois é o momento em que tudo o que foi construído dá o retorno esperado. Para investidores, fundadores e funcionários, é a chance de embolsar o lucro do esforço realizado. Antes disso, a startup pode gerar lucros, pois há renda e um valuation ativo. Esse é o sonho, já que muitas vezes a solução passa a valer milhões e até bilhões de dólares.
Na busca de uma startup para investir, os investidores primeiramente analisam o tamanho do mercado, para confirmar a movimentação financeira e o interesse dos investidores. A equipe também é avaliada se há habilidades complementares, se o time é capacitado e se a startup é inovadora. Investidores analisam, principalmente, se a solução é escalável e pode ir além, se há barreiras de entrada para a concorrência.
Para preparar uma startup para um exit é preciso planejamento
1) Plano de negócio claro e escalável e com propósito, além da capacidade de geração de valor em curto, médio e longo prazo. A definição de planos de marketing e vendas também é determinante para um exit de sucesso, assim como apresentar resultados financeiros sólidos e crescentes, com uma gestão competente sempre.
2) Regulamentações. O setor de tecnologia passa por reformulações frequentes, o que pode ser prejudicial para o negócio. Um exemplo disso foram as startups que forneciam patinetes elétricos em grandes centros e que, após uma regulamentação, tiveram seus negócios extremamente prejudicados. Por isso, é importante atenção às novas leis e como o negócio pode ser adaptável.
3) Registro financeiro detalhado, instrumentos jurídicos alinhados e contas corretas e indicadores. Os principais indicadores analisados para avaliar um exit variam de acordo com o setor. Porém, há algumas métricas importantes que são sempre avaliadas e consideradas quando chega essa hora. O primeiro é o crescimento da receita, através dele é possível determinar a evolução financeira de uma startup. Com essa avaliação, é analisada também a margem de lucro, que faz um paralelo entre a receita e as despesas.
4) Outro ponto avaliado é o ROI, que é o Retorno sobre o Investimento, uma métrica que define a eficiência ou rentabilidade de um investimento ou projeto.
5) Métricas do usuário, é avaliada a taxa de retenção, conversão e usabilidade de usuários. Assim, é possível observar o potencial de crescimento da empresa. Com isso, chegamos novamente ao tamanho do mercado, em que é possível indicar até onde a empresa irá crescer, se o negócio é escalável e replicável em outros locais. O Custo de Aquisição de Cliente (CAC) é uma métrica que calcula o custo médio para adquirir um novo cliente. Inclui os custos relacionados ao marketing, publicidade, vendas e outros esforços. E, por fim, o LTV, o Valor Vitalício do Cliente, que estima o valor líquido que um cliente traz para um negócio durante todo o seu ciclo de vida na empresa.
6) Alguns outros pontos que fazem parte da análise: o MRE, que é a Receita Recorrente Mensal, uma métrica usada para medir a receita gerada por um negócio mensalmente, junto disso, temos o ARE, que faz a mesma avaliação, porém anualmente.
O cenário perfeito para buscar um exit é aquele em que se segue o plano. Porém, existem alguns fatores que podem pressionar para que esse planejamento não seja executado.
Alguns pontos mais comuns e que podem pressionar as startups são:
1 – Condição do mercado
Se, por exemplo, estiver perto de uma recessão, pode ser mais difícil encontrar um comprador. Se ele estiver em expansão, surgirão propostas tentadoras que devem ser avaliadas pelas startups. Essas condições também podem ocorrer internamente se, por exemplo, for notável uma estagnação no crescimento ou isso estiver num horizonte próximo. Talvez seja a hora de realizar um exit.
2 – Pressão dos investidores
O que também é frequente acontecer é a pressão de investidores, que influenciam bastante a decisão dos fundadores.
3 – Falta de preparo
Outro exemplo poderoso é a mudança de visão dos fundadores sobre o negócio. Nesses cenários, é preciso avaliar o capital e analisar se esse é o momento correto de se dar um exit. Sejam quais forem as circunstâncias, é preciso avaliar de maneira criteriosa o cenário, as oportunidades, revisar o plano de negócio e entender cada proposta. Só assim, é possível realizar um exit satisfatório. Muitas startups não se preparam para esse momento e ficam com documentação insuficiente e despreparo para determinar suas diligências, dificultando a negociação.
4 – Valor real de mercado
O valuation precisa ser realista, já que, se a solução é superestimada, o investidor não vai se interessar ou irá rebater esse valor, dificultando o fechamento do negócio. É importante estar ao lado de parceiros de negócios importantes, que conheçam o mercado, saibam defender a solução e mostrar seu valor. Uma habilidade de negociação e conhecimento da empresa é importantíssima para o exit, assim como ser flexível e ouvir. Ter ao seu lado especialistas jurídicos também pode fazer um exit de sucesso.
Diogo Catão, CEO da Dome Ventures, uma Corporate Venture Builder GovTech que nasceu com o propósito de transformar o futuro das instituições públicas no Brasil.
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