* Por Luiz Penha
A transformação digital tem sido um tema recorrente ao longo dos últimos anos. Não à toa, o crescente desenvolvimento de conceitos e soluções disruptivas tem transformado por completo todo o ecossistema corporativo, aperfeiçoando processos operacionais e a relação entre empresas e clientes, assim como tantas outras demandas do dia a dia empresarial.
No entanto, se adentrar à transformação digital vai muito além de inserir ferramentas tecnológicas nas operações das empresas. É preciso desenvolver uma cultura organizacional que faça com que todo o time da corporação entenda e valorize a influência da tecnologia como uma ferramenta que pode agregar valor à empresa, substituindo a mão de obra por máquinas que realizem tarefas repetitivas e manuais, abrindo espaço para que os profissionais tenham uma atuação mais estratégica.
É importante, ainda, compreender que todo movimento de inovação está ligado diretamente à relação da empresa com o tratamento de seus dados. Digo isso pois, com a chegada de leis, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou em vigor no Brasil em agosto de 2020, toda a esfera corporativa global precisa estar atenta à maneira de lidar com a integridade de informações que são armazenadas.
Inserindo uma cultura de proteção de dados
A LGPD entrou em vigor há pouco tempo e, com ela, vieram uma série de dúvidas e incertezas sobre o tema. Afinal, como implementar um sistema de proteção dos dados pessoais? E qual a sua relação com o processo de transformação digital?
Antes de qualquer mudança na estrutura organizacional, é preciso que a empresa tenha definido um time especialista para cuidar desse sistema de compliance (que pode contar com profissionais de diversos setores estratégicos, entre eles as equipes de TI), mapeando toda a análise de riscos, a fim de criar e manter mecanismos de proteção e controle das informações armazenadas pela organização. E, por fim, esse sistema precisará ser testado e monitorado por meio de auditorias.
Nesse processo, vale reforçar que, mesmo diante de várias etapas decisivas, o ponto principal é a mudança da cultura empresarial. Afinal, mesmo contando com diversos sistemas e com o apoio da tecnologia, no fim, o fator determinante para manter a integridade dos dados, evitando possíveis vazamentos ou desvios, vem de quem opera o sistema implementado.
A relação intrínseca entre os dados e a digitalização
Toda empresa empenhada em estar de acordo com a nova legislação de dados sabe o papel determinante da tecnologia. Para além disso, independentemente da LGPD, é importante contar com uma boa infraestrutura de proteção de dados. É preciso, sobretudo, desenvolver métodos diversificados de proteção, reduzindo o nível de exposição da empresa e, consequentemente, os riscos de vazamentos ou de sofrer crimes cibernéticos. Nesse processo, os departamentos de TI serão cruciais.
É preciso ir na contramão do que até pouco tempo era priorizado dentro das empresas. Por um longo período, os departamentos de TI foram tratados com gastos secundários ou desnecessários para as empresas do país. Com a transformação digital e os avanços práticos de conceitos inovadores no dia a dia das organizações, esse pensamento equivocado vem perdendo força.
Nesse sentido, esses profissionais terão a função de planejarem e executarem políticas e processos para a gestão dos dados, gerando o resultado esperado. A TI sai do operacional e passa a participar ativamente da gestão do negócio de forma mais integrada com outros setores, visando alcançar os objetivos e metas da organização.
Com um time empenhado e bem estruturado no que diz respeito à integridade dos dados, a organização como um todo estará alinhada aos mesmos valores, a fim de alcançar todos os objetivos e metas.
Para finalizar, reforço que a Lei Geral de Proteção de Dados é um marco para todas as esferas da economia nacional. No setor empresarial, a Lei traz para dentro das organizações a necessidade de implementar uma cultura de valorização das informações, e sua adequação não deve ser tratada apenas como uma questão regulatória, mas como uma algo estratégico, que trará ganhos às empresas.
Quanto a sua relação com a digitalização, no fim, vai para além do apoio de soluções tecnológicas. Há que se desenvolver uma estrutura de governança de dados que abrace toda a companhia. Os colaboradores, sobretudo, precisam entender a importância dos dados e a essencialidade de se tratar as informações com responsabilidade.
* Luiz Penha é cofundador e COO da Nextcode. Com vasta experiência em Infraestrutura de TI e segurança de dados, o executivo possui mais de 11 anos de experiência na área.