Na quinta-feira (11), a União Europeia deu mais um passo importante para a nova regulamentação das ferramentas de Inteligência Artificial (IA). Parlamentares dos comitês de Mercado Interno e de Justiça do Parlamento Europeu chegaram em um acordo sobre o texto base da nova lei, que foi aprovada por 84 parlamentares dessas comissões, com sete votos contra e 12 abstenções
Em suas emendas, os deputados visam garantir que os sistemas de Inteligência Artificial sejam supervisionados por pessoas, sejam seguros, transparentes, rastreáveis, não discriminatórios e ecologicamente corretos. Eles também querem que a IA seja projetada para ser tecnologicamente neutra.
As regras seguem uma abordagem baseada em risco e estabelecem obrigações para provedores e usuários dependendo do nível de risco que a Inteligência Artificial pode gerar. Os sistemas de IA com um nível inaceitável de risco para a segurança das pessoas seriam estritamente proibidos, incluindo sistemas que implementam técnicas subliminares ou que possam manipular, exploram as vulnerabilidades das pessoas ou são usados para pontuação social (classificando pessoas com base em seu comportamento social, status socioeconômico, características).
“Estamos prestes a implementar uma legislação histórica que deve resistir ao desafio do tempo. É crucial construir a confiança dos cidadãos no desenvolvimento da IA, definir o caminho europeu para lidar com as mudanças extraordinárias que já estão acontecendo, bem como orientar o debate político sobre IA em nível global”, afirmou o correlator Brando Benifei.
Os deputados alteraram substancialmente a lista para incluir proibições de usos intrusivos e discriminatórios de sistemas de Inteligência Artificial, como:
- Sistemas de identificação biométrica remota “em tempo real” em espaços de acesso público;
- Sistemas de identificação biométrica “pós” à distância, com exceção apenas da aplicação da lei para a persecução de crimes graves e apenas mediante autorização judicial;
- Sistemas de categorização biométrica usando características sensíveis (por exemplo, gênero, raça, etnia, status de cidadania, religião, orientação política);
- Sistemas de policiamento preditivo (com base em perfis, localização ou comportamento criminoso passado);
- Sistemas de reconhecimento de emoções em aplicação da lei, gerenciamento de fronteiras, locais de trabalho e instituições educacionais;
- Raspagem indiscriminada de dados biométricos de mídias sociais ou imagens para criar bancos de dados de reconhecimento facial (violando os direitos humanos e o direito à privacidade).
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Principais pontos da lei
IA de alto risco
Os deputados ampliaram a classificação de áreas de alto risco para incluir danos à saúde, segurança, direitos fundamentais ou meio ambiente das pessoas. Eles também adicionaram sistemas de IA para influenciar eleitores em campanhas políticas e em sistemas de recomendação usados por plataformas de mídia social (com mais de 45 milhões de usuários sob a Lei de Serviços Digitais) à lista de alto risco.
IA de uso geral – medidas de transparência
Os deputados incluíam obrigações para fornecedores de modelos de fundação – um desenvolvimento novo e em rápida evolução no campo da Inteligência Artificial - que tem de garantir uma proteção robusta dos direitos fundamentais, saúde e segurança e meio ambiente, democracia e estado de direito. Teriam de avaliar e mitigar os riscos, cumprir os requisitos, informação e ambientais e registar-se na base de dados da UE.
Modelos de fundação generativa, como o GPT, tem que cumprir requisitos adicionais de transparência, como divulgar que o conteúdo foi gerado por Inteligência Artificial, projetar o modelo para evitar que ele gere conteúdo ilegal e publicar resumos de dados protegidos por direitos autorais usados para treinamento.
Apoiar a inovação e proteger os direitos dos cidadãos
Para impulsionar a inovação da Inteligência Artificial, os parlamentares adicionaram isenções a essas regras para atividades de pesquisa e componentes de IA fornecidos sob licenças de código aberto. A nova lei promove ambientes controlados, estabelecidos por autoridades públicas para testar a IA antes de sua implantação.
Os deputados querem aumentar o direito dos cidadãos de registrar reclamações sobre sistemas de IA e receber explicações sobre decisões baseadas em sistemas de IA de alto risco que afetam significativamente seus direitos. Também reformaram o papel do Escritório de IA da UE, que seria encarregado de monitorar como o livro de regras de Inteligência Artificial é implementado.
Próximos passos
Antes que as negociações com o Conselho sobre a forma final da lei possam começar, este projeto de mandato de negociação precisa ser aprovado por todo o Parlamento, com votação prevista para a sessão de 12 a 15 de junho.
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