*Por Hugo Rizzo
No ecossistema de startups, a falta de recursos é frequentemente apontada como um dos principais obstáculos para o sucesso. Segundo a CB Insights, a ausência de caixa é a segunda maior razão para o fracasso, afetando 29% das startups. No entanto, a escassez de dinheiro é mais uma consequência de decisões mal calculadas do que uma causa inicial. É nesse cenário que entra a importância de uma gestão financeira estratégica e inteligente.
O maior erro que muitos empreendedores cometem é subestimar a importância de planejar como e onde investir cada centavo disponível. O dinheiro oferece tempo, uma janela de oportunidade para validar hipóteses, testar produtos e corrigir rotas. Se uma startup falha, não é apenas pela falta de dinheiro, mas pela ausência de validações e estratégias eficazes. Diante desse desafio, a metodologia ‘finance hacking’ desponta como uma aliada para empreendedores que buscam otimizar ao máximo os recursos disponíveis, promovendo o crescimento mesmo sob restrições financeiras.
O finance hacking baseia-se em usar inteligência para multiplicar o impacto de cada real investido. Não importa se a startup é financiada por venture capital, empréstimos ou receitas de vendas; o objetivo é garantir que o dinheiro trabalhe de forma eficiente, gerando resultados no menor tempo possível. Nos últimos anos, acompanhei de perto a trajetória de uma startup que, em 2014 recebeu aporte e cresceu rapidamente até 2020, quando a pandemia impactou drasticamente suas vendas. Sem conseguir atingir as metas contratuais de faturamento, a empresa perdeu acesso a um segundo aporte e começou a enfrentar problemas graves de liquidez.
Para driblar essa situação, a Triven atuou na busca de recursos financeiros alternativos para cobrir o déficit de caixa e manter as operações ativas. Ao mesmo tempo, foi implementada uma rigorosa redução de custos, ajustando a empresa à nova realidade econômica. Em 2023, a operação foi estabilizada e a empresa passou a gerar caixa. Eu acompanhei todo esse processo do início ao fim, liderando as ações implementadas.
Este caso exemplifica como decisões estratégicas podem transformar um cenário de crise em um caminho sustentável. A falta de dinheiro, sozinha, não é o problema. O verdadeiro desafio está na gestão eficaz, na capacidade de adaptar a estrutura de custos e em como usar a criatividade para encontrar fontes alternativas de receita. O venture capital é apenas uma das opções, mas não deve ser a única. Em muitos casos, consultoria, serviços customizados e outras estratégias podem gerar receita sem diluir o controle acionário.
Em resumo, a escassez de recursos financeiros deve ser vista como um convite à inovação e à inteligência na gestão. Com estratégias certeiras e o uso adequado de metodologias como o finance hacking, é possível construir empresas mais resilientes, capazes de crescer mesmo diante de adversidades.
*Hugo Rizzo é CFO na Triven
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