*Por Francisco Pereira
O mercado brasileiro de fintechs consolidou-se como o maior da América Latina, abrigando 1.592 startups financeiras ativas em julho de 2024, o que representa 58,7% do total na região. O volume de investimentos no setor cresceu 29% até outubro, impulsionado por inovações tecnológicas e mudanças no comportamento dos consumidores. No entanto, a sustentabilidade desse crescimento exige uma estratégia clara, que vá além das rodadas de captação de capital e assegure um modelo de negócios escalável e rentável.
A personalização das ofertas, baseada em análise avançada de dados, é um fator determinante para a fidelização dos clientes e a geração de receita recorrente. Tecnologias como inteligência artificial e aprendizado de máquina permitem segmentação granular do público e modelagem de riscos mais precisa, otimizando a oferta de crédito e outros serviços financeiros. No cenário atual, fintechs que estruturam suas operações sobre insights preditivos e automação conseguem oferecer experiências customizadas e escaláveis.
Outro vetor essencial para crescimento sustentável é a expansão para o segmento B2B, em especial para o atendimento de pequenas e médias empresas (PMEs). Esse mercado, historicamente subatendido por instituições financeiras tradicionais, demanda soluções que combinem crédito ágil, integração com ERPs e gestão financeira automatizada. O desenvolvimento de plataformas modulares e API-first permite que fintechs criem ecossistemas financeiros robustos, reduzindo barreiras de entrada para PMEs e maximizando a eficiência operacional de seus clientes.
Parcerias estratégicas representam outro pilar de consolidação. A sinergia entre fintechs e instituições financeiras tradicionais viabiliza ganhos de escala, acesso a novos mercados e aprimoramento da infraestrutura regulatória. O open finance, por exemplo, abre novas possibilidades para compartilhamento de dados e desenvolvimento de produtos financeiros mais competitivos e personalizados. Fintechs que exploram esse modelo se posicionam na vanguarda da inovação, oferecendo soluções mais robustas e integradas ao sistema financeiro.
A automação e a eficiência operacional também são diferenciais competitivos incontornáveis. Processos estruturados com RPA (Robotic Process Automation) e inteligência artificial reduzem custos, mitigam erros e liberam recursos para atividades estratégicas. Em um mercado dinâmico e altamente regulado, fintechs que priorizam uma operação enxuta e altamente escalável garantem maior resiliência financeira. Além disso, a dependência excessiva de capital externo via rodadas de captação externa, pode comprometer a sustentabilidade do negócio, tornando fundamental a diversificação das fontes de receita e a busca por um fluxo de caixa positivo desde os estágios iniciais.
A evolução regulatória exige flexibilidade e conformidade. Fintechs precisam antecipar mudanças normativas e estruturar suas operações para atender exigências regulatórias sem comprometer a experiência do cliente. O compliance baseado em tecnologia – RegTechs e ferramentas de KYC automatizado – reduz riscos e melhora a eficiência operacional.
Por fim, a educação financeira emerge como um diferencial competitivo estratégico. Fintechs que investem em conteúdos educativos e ferramentas de planejamento financeiro para seus clientes criam um ecossistema mais engajado e fidelizado. Clientes informados tomam melhores decisões financeiras, resultando em menor inadimplência e maior retenção.
Crescimento sustentável exige visão estratégica. Além da captação de investimentos, fintechs precisam estruturar modelos de negócios sólidos, priorizando a personalização de serviços, a eficiência operacional e a inovação contínua. O mercado brasileiro está amadurecendo rapidamente, e apenas aquelas empresas que souberem combinar tecnologia, escalabilidade e solidez regulatória prosperarão no longo prazo.
*Francisco Pereira é CEO da Trademaster
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