* Por Allan Costa
O desafio de criar uma startup não é uma tarefa fácil. Além de ter uma ideia inovadora que possa trazer rentabilidade no futuro, uma das maiores barreiras para qualquer empreendedor é a falta de recursos financeiros durante os primeiros estágios do negócio. Para superar as dificuldades iniciais com maior solidez, a busca pelo aporte de um investidor torna-se o objetivo principal dos fundadores.
No entanto, o processo de captação não pode ser uma via de mão única, no qual somente os investidores avaliam os empreendedores. Também é preciso que o empresário consulte o histórico do investidor ou do grupo de investidores com o qual esteja negociando. Como o investimento em startups se tornou uma espécie de febre, o mercado acaba absorvendo um número considerável de amadores, curiosos e, até mesmo, de pessoas mal-intencionadas.
Para que você tenha cuidado e encontre o investidor ideal para o seu negócio, aqui vão algumas dicas:
Verifique o histórico
Antes mesmo de realizar o pitch, faça uma pesquisa do perfil dos investidores, coletando portfólio, conjunto de competências que pode aportar ao negócio, casos de sucesso, entre outros pontos. Por meio dessa busca, o empreendedor certamente terá uma boa base de informações sobre a competência e idoneidade do grupo de investidores.
Não aceite propostas indecorosas
Obviamente, investimento não é caridade. Mas é muito mais comum do que possa parecer, encontrar investidores que literalmente tentam se apossar de projeto inovadores em estágios iniciais, que dependem de recursos financeiros para fazer seus negócios decolarem. Propostas que pedem 40%, 50%, até 60% da startup em troca de um investimento muito menor do que seria o razoável, jamais podem ser levadas à sério.
Pesquise o background
Antes de fechar o contrato, os empreendedores devem ficar atentos também com o que o mercado chama de Smart Money. Tão importante quanto o dinheiro em si, é o que o investidor vai trazer para a empresa em termos de recursos intangíveis, como conhecimento do mercado de atuação, mentoria, rede de relacionamentos para facilitar contatos, a abertura de portas, entre outros pontos. Contar com um investidor que não está familiarizado com a dinâmica do mercado de startups e apenas conhece investimentos mais “tradicionais”, ao invés de ajudar, pode representar um transtorno. Com isso, o empresário pode acabar preso a uma teia de cobranças incompatível com o desenvolvimento de uma startup que, não raro, acaba por inviabilizar o negócio.
Regras de comunicação
Outro ponto de preocupação dos empreendedores é a forma de reporte a ser utilizada. A recomendação é fugir de grupos de investidores que não determinam claramente como será a interface do grupo com a startup e quem será responsável pelos contatos e acompanhamento. Tudo que um líder não precisa nessa fase do empreendimento, em que ele tem uma infinidade de ações para fazer a empresa crescer, é de um grupo de dez ou quinze pessoas ligando a toda hora e de forma indiscriminada no seu telefone celular para saber notícias do negócio. O empreendedor precisa de espaço para trabalhar, por isso a definição quanto a esse ponto também é muito importante.
* Allan Costa é ex-diretor superintendente do Sebrae/PR, formado pelo Programa de Gestão Avançada (AMP) da Harvard Business School. Também é mestre em Gestão Empresarial pela FGV e em Tecnologia da Informação, Gestão e Mudança Organizacional pela Universidade de Lancaster (UK).