* Por Lilian Primo
Nos últimos anos é notório o crescimento da preocupação com questões de sustentabilidade no mundo todo. Tanto empresas privadas como governos têm buscado um equilíbrio entre a sociedade e o meio ambiente.
A sigla em inglês ESG que significa Environmental, Social and Governance ou em português, Ambiental, Social e Governança, foi citada pela primeira vez em 2004 em uma publicação do Pacto Global da ONU, em parceria com o Banco Mundial com o título, em inglês, “Who Cares Wins”, em uma tradução livre para o português seria algo como “Ganha quem se importa”. O então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, teria enviado esse documento para 50 diretores e CEOs das principais instituições financeiras do mundo, para que repensassem as suas gestões e incluíssem questões sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.
Apesar de incialmente ter sido direcionada para o setor financeiro, essa sigla começou a ser usada para todo o mercado em geral. Em 2015 a ONU lançou a “AGENDA 2030” e o acordo de Paris, ambos com o foco na sustentabilidade, com 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável):
Os 3 pilares do ESG vão de encontro com os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável. De forma resumida as três letras da sigla correspondem aos seguintes aspectos:
1 – Environmental (Ambiental)
Pensar em produzir de uma forma harmoniosa com o meio ambiente e nosso planeta. Ter a preocupação de consumir recursos naturais de forma sustentável, diminuir emissões de carbono e outros gases que possam prejudicar o planeta, eficiência energética, gestão de resíduos, entre muitas outras ações, buscando que as empresas ofereçam produtos e serviços sempre preocupando-se com o equilíbrio entre a natureza e a sociedade.
2 – Social
Temas como inclusão social e diversidade, assim como relações dos trabalhadores e colaboradores com seus clientes e fornecedores, respeito com os direitos humanos em uma convivência harmônica. Estudos já mostram que empresas que se preocupam com o ambiente físico e mental de seus trabalhadores ou colaboradores são muito mais produtivas. Esse pilar leva em conta os fatores sociais de forma geral.
3 – Governance (Governança)
Esse pilar trata dos princípios da gestão da empresa ou da organização. Tendo foco na responsabilidade de diretores e acionistas com práticas anticorrupção, respeito à legislação e acima de tudo à Ética. Outro ponto importante é a questão da proteção dos dados, privacidade e integridade das informações dos colaboradores e da empresa. Esses princípios garantem as melhores práticas para que ninguém seja prejudicado, como colaboradores, acionistas ou clientes da empresa. Em resumo, uma gestão transparente.
Nos últimos anos, inúmeras pesquisas mostram um crescimento de consumidores que preferem produtos que sejam sustentáveis, pesquisam sobre os produtos que consomem, sobre empresas que não fazem práticas abusivas com trabalhadores e que tenham práticas sociais e ambientais. Esses consumidores preferem pagar mais caro por um produto de uma empresa, desde que ela siga os pilares da ESG.
Com esse cenário, muitas empresas começaram a planejar os investimentos tendo como pilares a ESG, onde é levada em conta as questões ambientais, sociais e de governança corporativa. Essa mudança se confirma com a pesquisa “ESG Radar 2023” feita pela multinacional de tecnologia da informação “Infosys”. Em 2022, segundo o GSIA (Global Sustainable Investment Alliance), investimentos que consideravam as questões ESG eram de US$ 35 trilhões. A projeção é que até 2025 esse tipo de investimento chegará em US$ 53 trilhões.
Aqui no Brasil essa tendência já começou. A Associação Brasileira de ESG, da qual tenho a honra de ser conselheira consultiva, já tem notado uma procura maior por empresas interessadas em adotar os pilares de uma gestão responsável focada no ambiental e social.
Como mostrado nas pesquisas, as empresas só têm a ganhar com esse modelo de gestão, ainda mais em um país como o nosso, cheio de riquezas naturais e de um povo tão diverso. O antigo modelo de empresas que focam no lucro acima de tudo, não importando em degradar o meio ambiente ou com a saúde física e mental de seus colaboradores, tendo uma gestão da forma antiga “onde eu falo e ele obedece”, está fadado ao fracasso na sociedade atual.
A pandemia de COVID-19 nos fez refletir muito sobre a importância das pessoas e do ambiente. Que uma sociedade só funciona se todos nos ajudarmos, e que vivemos no mesmo planeta e precisamos preservá-lo juntos.
Se você, empresário, está lendo esse artigo, busque conhecer mais o modelo de ESG, e você, trabalhador, se sua empresa ainda não adotou, mostre as vantagens desse modelo, todos só temos a ganhar.
Procure a Associação Brasileira de ESG (https://www.associacaoesg.org.br/) e se informe sobre esse modelo que tem crescido no mundo todo, e tem tudo para dar certo no Brasil.
E lembre-se: “O seu mundo muda, quando você muda”.
Lilian Primo é CEO e cofundadora da Mobye Mobilidade Eletrica. Executiva de Tecnologia, VP do Conselho Consultivo do Instituto Êxito Latino Americano de Empreendedorismo e Inovação e VP de TI na ANEFAC e Colunista na Nova Brasil FM.
Acesse aqui e saiba como você e o Startupi podem se tornar parceiros para impulsionar seus esforços de comunicação. Startupi – Jornalismo para quem lidera a inovação.