* Por Marco Zanata
Você já reparou que o número de startups cresceu muito ultimamente? Há seis anos, éramos apenas 4.151 empresas. Hoje, crescemos mais de 320%, e somos 13.521, segundo a Associação Brasileira de Startups. Todos os dias, vemos nascer novas fintechs, martechs e várias techs que estão solucionando gaps nos mais variados segmentos, visto que o que mais tem no Brasil é gap. Mas, uma coisa que, apesar de todo o avanço, não mudou: não existe um curso preparatório para ter sua startup.
Posso falar disso com propriedade, pois atuo no segmento desde 2017 e não tive outra escolha senão adquirir o que sei por meio de livros e conteúdos excelentes disponíveis, mas, ao mesmo tempo, o espectro de conhecimento necessário para crescer a operação é enorme. Falta algo mais estruturado, como nos outros setores. Porque, para você ser considerado uma startup, um dos requisitos é ter taxa de crescimento entre duas e três vezes ao ano, algo muito difícil de manter, até para negócios já consolidados no mercado.
Mesmo com essa dificuldade para buscar conhecimento sólido e se preparar, consigo ver que avançamos. Estamos vivendo a segunda geração de empreendedores no setor tech e ainda há mercado para aqueles que desejam empreender e deixar sua marca. A primeira onda veio há 30 anos, quando computadores e softwares começaram a entrar nas empresas. Vimos o nascimento das chamadas “empresas tradicionais de tech”, que atualmente são grandes corporações, e já estão consolidadas. Acredito que a segunda onda vai trazer ainda mais impacto para o mercado em função dos avanços tecnológicos vividos pelas startups nesse período. Elas são as protagonistas desse novo momento do mercado.
Para caracterizar essa segunda onda de empreendedores no meio tech e de inovação, vou usar o exemplo do setor em que eu atuo: o governamental. O Governo precisa, a todo momento, fiscalizar e propor melhorias em suas atividades para que o país se desenvolva e leve melhor qualidade de vida aos cidadãos. Mas, às vezes, isso acaba não acontecendo e abre-se uma lacuna para empresas entrarem e suprirem essa necessidade. Creio que já existe muito espaço para essas startups e ele tende a aumentar com o tempo e os avanços da ciência.
Vou elencar alguns motivos que fortalecem a minha opinião: há programas de seleção, fomento e investimento em negócios focados em soluções para o governo e o mercado de capitais está super líquido, sendo um dos melhores momentos da história para iniciar uma startup; o setor privado vive uma intensa digitalização, em função da pandemia do novo Coronavírus, e o setor público precisa se atualizar para não ficar obsoleto, e por aí vai! Além disso, o Governo Federal colocou em prática a Estratégia Digital do Brasil 2020 – 2022 (decreto federal 10.332) e pretende atualizar 100% dos serviços públicos federais para simplificar a vida dos cidadãos nos estados e municípios, fato que impulsiona ainda mais o surgimento de novas tecnologias neste setor.
Sendo assim, se você deseja empreender, principalmente no segmento tecnológico, você vai precisar de muita resiliência. Procure não buscar atalhos que possam te “beneficiar” e ajudar na construção da sua empresa de maneira rápida e prática. Confie no seu instinto e busque o máximo de conhecimento para remediar. Assim, além de se fortalecer, você melhora a qualidade do ecossistema de startups e inovação, tão importante para a economia atualmente. Boa sorte!
* Marco Zanatta é CEO & Fundador da Govtech AprovaDigital, govtech responsável por digitalizar e desburocratizar os serviços de cerca de 30 prefeituras espalhadas pelo Brasil, conta com MBA em Construções Sustentáveis, Ciência e Tecnologia da Arquitetura e é formado em Arquitetura & Urbanismo pelo Centro Universitário Assis Gurgacz.