* Por Camila Farani
O caminho do sucesso não é óbvio e nem uma linha reta.
Isso se torna ainda mais evidente quando analisamos o cenário do ecossistema de inovação global em 2021, com investimento de risco registrando recordes absolutos de aportes em startups do mundo.
Vivenciamos um período de muito acesso à capital, altos valuations, empresas se tornando unicórnios, desenvolvendo novos projetos e contratando. Meses depois disso, o ambiente já era de alta volatilidade do mercado e muita cautela dos capitalistas de risco, com queda nos aportes – algo que estamos vivenciando também em 2023.
O que dizer, então, do colapso do Silicon Valley Bank (SVB), banco americano especializado em financiamento a startups de tecnologia. O problema eclodiu semana passada e já faz com que o mercado financeiro global receie um efeito sistêmico.
Por isso, eu digo e repito. Manter o caixa saudável deve ser a missão número 1 para 2023.
Que voltarmos a construir negócios reais?
Nós, investidores, estamos capitalizados. Os ciclos do investimento de risco não são imediatistas. Estamos sempre analisando os aportes que fazemos com uma visão de médio e longo prazo. A busca por empresas extraordinárias não vai cessar.
Mas, claro que eu, por exemplo, quando olho para o meu portfólio de investimento hoje em dia, estou atenta para ver como as startups estão equalizando a geração de resultado, com a produtividade e as pessoas.
Você tem coragem de repensar as suas certezas? Costuma reavaliar as respostas que tradicionalmente dá quando se vê diante de um desafio? Esse é o momento de focar na sustentação da sua empresa.
Você está lendo bem o mercado e tentando antecipar cenários de crise e de oportunidades? Avaliando constantemente como reduzir custos, aumentar receita e construir uma cultura atrativa para manter os melhores talentos na sua operação?
Faça isso.
O cenário é complexo? Ok, mas todas as novas vivências, situações e experiências contribuem para o desenvolvimento de novas capacidades.
Deixa eu dividir com vocês aqui algo que aconteceu no primeiro negócio que eu abri, ainda bem jovem.
Decidi criar um restaurante de comidas saudáveis. Investi todo dinheiro que eu tinha, mas no primeiro mês de funcionamento não vendi quase nada. No segundo, também foi pouco. As pessoas entravam e achavam que era uma sorveteria.
A arquitetura e as cores estavam completamente incoerentes com a minha proposta de valor. Eu fiz tudo como eu gostava, mas esqueci de tentar entender o que o meu cliente queria. Ao detectar isso, mudei a rota, reestruturei a proposta do restaurante e, no quarto mês de operação, começamos a ter fila na porta.
O mercado é cíclico. Esteja preparado para as crises e para as chances de crescer. Olhe com carinho para as bases de sustentação da sua empresa e para a sua força mental.
Empreendedorismo é sobre constância, insistência e resistência.
Nunca esqueça disso.
Camila Farani é presidente da G2 Capital, boutique de investimento em tecnologia, foi eleita uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg Línea. Shark Tank Brasil por seis temporadas, é membro do Conselho de Administração do PicPay e da Tem Saúde, e do Conselho de Marketing e Growth da NuvemShop. É sócia e investidora da Play9.
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