* Por Lucas Mantovani
O fundraising para startups é sempre um processo desafiador para os empreendedores. Entender qual o momento adequado para fazer a captação e onde encontrar o perfil de investidores ideal para o seu negócio é tarefa que exige resiliência e muita preparação.
Fazer uma boa captação de investimentos é 1% sorte e 99% transpiração. De um lado, a necessidade da empresa de se financiar para sobreviver e, de outro, uma longa jornada de validação, tração e crescimento com poucos recursos, muitos obstáculos e uma tendência de esfriamento em todo o setor de venture capital.
Já é notícia que o mês de novembro de 2022 registrou uma queda vertiginosa no volume de investimentos em startups. Ainda que essa queda se reflita mais nas empresas maduras (late stage), o fato é que todas as empresas vão sofrer, em maior ou menor escala, os impactos do VC winter.
Mas o tom deste artigo não é pessimista. Hoje, quero te mostrar o que você precisa ter em mãos na hora de abrir uma rodada de captação de investimentos para a sua startup e, mais do que isso, como negociar o deal buscando o melhor cenário para o seu negócio.
Esteja pronto para captar investimentos para a sua startup
Para além dos aspectos jurídicos do deal, é importante que você esteja munido dos números da sua empresa e de quais são os termos que devem ser negociados com o investidor.
Na ânsia de viabilizar a captação e voltar a focar no crescimento da empresa, é comum que os empreendedores aceitem péssimas condições para o investimento, prejudicando rodadas futuras e comprometendo – às vezes, permanentemente – o captable da empresa.
Aqui estão seis elementos-chave de uma negociação de investimentos:
1- Valor do investimento
Antes de abrir a rodada, é importante definir o aporte a ser fornecido pelo investidor, pois é isso que vai definir o preço da sua empresa.
E não é nada interessante deixar que o investidor coloque preço no seu negócio, apesar de ser essa a consequência natural do investimento.
Além disso, é importante garantir que o investimento seja suficiente para atender às suas necessidades e ajudar seu negócio a crescer e se tornar sustentável. É o momento ideal para pensar em burn rate e runaway.
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2 – Participação acionária
Considere também a participação acionária que o investidor terá em sua empresa em troca do investimento, pois é o resultado dessa regrinha de três que vai definir, de fato, o seu valuation.
Isto pode envolver a diluição de sua própria participação e de outros stakeholders importantes que vão participar da jornada, como investidores FFF (family, friends and fools), option pool para colaboradores e até equity negociado com conselheiros. Dica: cuidado com as regras de diluição, que podem impactar muito o seu captable.
3 – Representação em conselho
Em alguns casos, vale definir se o investidor terá algum tipo de representação no conselho de administração da sua empresa.
Na modalidade de investimento conhecida como “smart money”, é mais comum que isso aconteça, impactando a tomada de decisões e a direção do seu negócio.
Muitas vezes, a participação do investidor no conselho de administração é fundamental para alavancar o crescimento da empresa. Mas, lembre-se que investidor não é sócio. Deixe os papéis claros desde o começo.
4 – Direitos de voto
Particularmente, eu sou contra esse tipo de estipulação, mas em alguns casos o investidor pede direito de voto em algumas decisões.
As decisões que comportam esse tipo de ingerência devem se restringir apenas àquelas que impactam diretamente os rumos da empresa ou da sociedade (a expulsão de um sócio, por exemplo). Dica: Fuja dos direitos de VETO, onde o investidor pode impedir a tomada de alguma decisão.
5 – Restrições e condições
Os investimentos que são condicionados a qualquer acontecimento ou marco temporal se tornam um grande risco para a viabilidade do negócio.
Os empreendedores costumam fazer o cálculo de quanto tempo de “vida” a startup vai ter com o investimento da rodada e, se esse investimento não acontece pela eventualidade de alguma condição prévia não cumprida, o “combustível” acaba.
Quando o investidor coloca condições prévias para realização do investimento, sua empresa corre risco de “morrer na praia”, especialmente se ainda não atingiu o break-even.
6 – Estratégia de saída
Negocie as estratégias de saída do investidor ou como ele vai efetivamente realizar a conversão em ações na empresa.
Rodadas qualificadas, eventos de liquidez (M&A, por ex.) e a transformação da empresa em uma S.A. são marcos que costumam estar acompanhados de um exit do investidor das rodadas iniciais.
Espero que essas dicas possam te ajudar a fazer uma captação mais segura e que gere efetivamente os resultados positivos que se espera de um fundraising. Na dúvida, procure um time qualificado que possa te ajudar a definir cada um desses termos e viabilizar a captação do investimento com segurança jurídica.
Lucas Mantovani é cofundador da SAFIE, advogado especialista em Direito da Tecnologia, mentor e legal advisor de startups.
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