* Por Beto Sirotsky
Vivemos tempos em que os avanços tecnológicos derrubam barreiras e criam possibilidades cada vez maiores de atuação global. A expansão internacional das empresas deixou de ser algo impossível ou muito difícil: para quem tem as ferramentas certas, é uma possibilidade a ser aproveitada intensamente.
Em um mundo com fronteiras fluidas, as barreiras passam a ser culturais. As limitações que criamos e impomos a nós e nossos negócios se tornam as verdadeiras barreiras que precisamos ultrapassar. Como consumidores, estamos acostumados a comprar de sites internacionais e acessar companhias aéreas, hotéis e sites de notícias de outros países. Mas, em nossas empresas, é comum travarmos nossa expansão.
OK, o Brasil é imenso e continua oferecendo inúmeras oportunidades, mas, em uma sociedade do conhecimento, por que nos limitarmos a atuar somente aqui? É possível ir muito além. Será que nos abrirmos para o mundo não é uma solução muito mais inteligente para acelerar a inovação nos negócios?
Em nosso entender, sim. Porque é preciso ir atrás do que o mundo produz de melhor – em vez de esperar chegar até nós.
Muitos anos de experiência em agências de publicidade me mostraram que ser ativo na construção de comunidades acelera a inovação. “Polinizar” a cultura do negócio com referências externas faz com que as equipes ampliem seu conhecimento, criem habilidades adicionais e reforcem sua capacidade de surpreender os clientes.
Como disse Einstein, “uma mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”. Um processo contínuo de evolução corporativa a partir da construção de comunidades “exercita o músculo inovador” das empresas e acelera a descoberta de soluções.
Esse conceito está no centro do nosso conceito de negócios. Desenvolvemos uma plataforma que une os projetos que as empresas desejam realizar aos profissionais que podem fazer com que eles aconteçam. Quando essa união acontece, as empresas conseguem acessar conhecimentos que seriam inalcançáveis – ou só seriam conquistados diante de muito esforço e investimento.
Pense nas necessidades de marketing do seu negócio. Se você desejasse ou precisasse, neste momento, desenvolver uma ação no Metaverso, quem contratar? Que tipo de profissional? Com que expertise? Provavelmente, você ficaria sem ação e alguém inovaria antes. Em um mundo em que tudo acontece muito rápido, ficar apenas no “feijão com arroz” pode ser um grande problema.
Um bom exemplo aconteceu em uma campanha que a Unilever desenvolveu para lidar com questões como a pressão do pós-parto e a instabilidade emocional experimentada na maternidade. Fizemos a conexão da empresa com vários fornecedores e a agência Dark Kitchen foi a selecionada. O resultado, além de um grande impacto junto às consumidoras, foi um Leão de Bronze no Cannes Lions 2022.
Ações como essa abrem caminhos para que nossos parceiros ampliem sua presença internacional. A maior barreira para que uma agência brasileira atue na Europa ou nos Estados Unidos não é o conhecimento técnico – e sim os contatos com clientes no exterior. Com isso, é possível realizar avanços contínuos na cultura e no conhecimento que os negócios têm sobre as inovações do mercado.
“Me apoio nos ombros de gigantes…”
Isaac Newton disse que só descobriu as bases da física porque teve a oportunidade de se basear no trabalho daqueles que vieram antes dele. Sem Galileu ou Copérnico, séculos antes, Newton não teria conseguido construir sua visão de mundo. Com as plataformas que integram fornecedores e clientes, todo negócio pode “se apoiar nos ombros de gigantes” para experimentar novos caminhos.
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Em um mundo baseado em ecossistemas, o papel dos negócios está em contínua transformação. No passado, cada empresa tinha um papel específico e muito bem definido. Fabricantes cuidavam da fabricação, transportadores da transportação e vendedores das vendas. Hoje, tudo é mais complexo: o que importa é satisfazer o cliente da melhor maneira – os negócios precisam descobrir os melhores caminhos para isso em cada caso.
É por isso que todo negócio precisa se inserir em ecossistemas. Não necessariamente como o organizador dessa rede, mas certamente como um membro ativo dessa comunidade, disposto a aprender e ensinar.
Em um ecossistema, as empresas se abrem para receber dados externos, comparar ao que possuem internamente e identificar áreas de melhoria. Com isso, podem tomar decisões estratégicas para alcançar seus objetivos de negócios.
Uma empresa que busca um fornecedor para desenvolver uma campanha busca aumentar sua capacidade criativa – seja pela multiplicação de forças em algo já conhecido, seja para experimentar algo que o time interno ainda não consegue fazer. E somente assim os negócios conseguem acompanhar o ritmo insano de inovação no mundo.
Mas seria muita audácia esperar que uma empresa – qualquer empresa, de qualquer tamanho – tivesse a capacidade de identificar, analisar, compreender e agir a partir dos sinais de inovação que surgem a todo momento em toda parte. O mundo é amplo demais para que alguém sozinho dê conta de tudo. Por melhor que você seja, certamente alguém fora da sua empresa faz o mesmo que você, tão bem quanto ou até melhor.
E é um desperdício ignorar as possibilidades de crescimento que vêm quando esse conhecimento externo é acessado. Por isso, todo negócio que vive de inovação e criatividade precisa estar conectado a um ecossistema. É a forma mais rápida, prática e eficiente de fazer seu negócio trazer soluções relevantes para os consumidores.
* Beto Sirotsky é cofundador e COO da BPool, startup que desenvolveu uma plataforma Enterprise Gateway Marketplace (EGM) com o propósito de transformar a contratação de serviços de marketing.
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