Cerca de 43 matérias sobre demissão foram publicadas na imprensa norte americana na primeira semana de maio, segundo a empresa de dados em tecnologia Crunchbase. Esse é o maior número desde setembro de 2020, quando os Estados Unidos ainda não tinha começado a vacinação contra a Covid-19.
Alinhado com o mesmo assunto, o CEO da Tesla, Elon Musk, escreveu em uma carta para executivos que seus pressentimentos sobre a economia do país são ruis e por isso ele terá que cortar cerca de 10% da equipe da montadora elétrica, de acordo com a Reuters, mas não detalho as razões dos seus sentimentos.
O e-mail, enviado na quinta-feira e intitulado “pause todas as contratações em todo o mundo”, veio dois dias depois que o bilionário disse aos funcionários para retornarem ao local de trabalho ou pedirem demissão. Para ele, o trabalho remoto não é aceitável e qualquer pessoa que deseja trabalhar remotamente deve estar no escritório por um mínimo de 40 horas por semana.
As crescentes polêmicas envolvendo o nome de Musk geram um alerta entre líderes empresarias sobre o risco de diminuição de atividades econômicas. As ações da Tesla caíram 9% nas negociações dos Estados Unidos na sexta-feira.
O CEO justificou a sua decisão em outro e-mail para os funcionários, nessa sexta-feira (3) e disse que a Tesla reduzirá o número de colaboradores assalariados em 10%, pois “ficou com excesso de pessoas em muitas áreas, mas o número de funcionários por hora aumentará. Observe que isso não se aplica a ninguém que realmente construa carros, baterias ou instale energia solar”, escreveu no conteúdo visto pela Reuters.
De acordo com a SEC anual, quase 100 mil pessoas estavam empregadas na Tesla e suas subsidiárias no final de 2021, mas não há dados sobre os números de trabalhadores assalariados e horistas (quem possui contrato por hora trabalhada). Antes do aviso de Musk, a Tesla tinha cerca de 5 mil vagas de emprego no LinkedIn.
O presidente dos EUA, Joe Biden, foi questionado sobre os comentários de Musk e brincou dizendo que desejava Musk “muita sorte” em sua “viagem à lua”. Em contrapartida com a visão negativa do CEO, Biden se mantem positivo nas redes sociais.
In May, the economy added another 390,000 jobs. Bringing the total since I took office to 8.7 million new jobs.
An all-time record.
— President Biden (@POTUS) June 3, 2022
Outras empresas aderem as demissões
Em maio, a Netflix disse que demitiu cerca de 150 pessoas, a maioria nos Estados Unidos, e a Peloton disse em fevereiro que cortaria 2.800 empregos. Meta, Uber e outras empresas de tecnologia também desaceleraram as contratações.
Enquanto a crise econômica começa nos EUA, a situação já está avançada no Brasil e afeta diretamente o ecossistema de startups, que está ficando na seca quando o assunto é rodadas de investimento.
A Facily, startup de compras coletivas com o título de unicórnio desde dezembro, fez um corte de mais de 200 pessoas, poucos meses após levantar US$ 135 milhões. O Quinto Andar demitiu mais de 70 pessoas e a Loft desligou 159 colaboradores em maio.