* Por João Teixeira
Vacinas contra a Covid-19, robô que cuida de crianças hospitalizadas, foguete de turismo e smartphone com tela dobrável estão entre as 100 principais invenções de 2021, segundo a revista Time. Os curadores avaliaram como fatores-chave: originalidade, criatividade, eficácia, ambição e impacto.
Marquem bem essas palavras, pois estarão na agenda prática de executivos do mundo todo. Em algum momento de 2022, os negócios terão que sucumbir a estas temáticas sem mais ou menos. De todos esses verbetes, chamo a atenção para a criatividade.
Em termos técnicos, o Brasil ainda é embrionário quando o assunto é inovação. Crescemos apenas cinco posições no Índice Global de Inovação (IGI) na comparação com o ranking de 2020. Ocupamos o 57º lugar entre 132 países. A colocação é baixa, pois estamos 10 degraus abaixo da nossa melhor marca, obtida em 2011, quando chegamos na 47ª posição.
As recentes posições, nem tão comemorativas do ranking, não tiram do Brasil a condição de ser um País inventivo com pessoas criativas por natureza. Sim! Somos criativos! Somos habilidosos na arte de conectar novas funcionalidades no dia a dia, de achar maneiras inéditas de pensar, de cooperar uns aos outros na procura mútua de novas condições de vida, até mesmo para invenções já existentes.
Joseph Schumpeter afirmava que o ápice da capacidade criativa do ser humano é até os 30 anos de idade. Poderíamos levar à risca a teoria do economista austríaco se pensarmos em Gugliermo, que criou o sistema de rádio aos 21 anos, ou em Tolimson, que inventou o e-mail quando tinha três décadas já completas, em 1971. Por outro lado, há controversas, ao trazermos exemplos como dos irmãos Lumiére, que já acima dos trinta desenvolveram o primeiro cinema de ficção. Ou de Roberto Marinho, que criou a Rede Globo aos 62 anos de idade.
Todas essas menções reforçam o pensamento de que não há uma regra etária para criar ou inventar. Aliás, a saber é que não há regra alguma pré-estabelecida quando falamos em inventividade e criação. Ambas são ações interdependentes do calor da idade.
Criar, desenvolver, adaptar, moldar… Seja qual for o verbo, sempre será caótico. Sempre vamos ser acionados por impulsos provocativos à procura de soluções viáveis. Isso com 20, 30, 80 anos!
Aliás, tenha isso como um mantra para os negócios em 2022. Toda e qualquer nova criação vem da provocação, nutrida por transpirações que sempre buscam (ou tentam) extrair o melhor de nós.
Tim Harford no livro “Caos Criativo” diz que “(…) Há uma certa magia na bagunça. Apesar do nosso ímpeto de lidar com um mundo ordenado, sistematizado, planejado e cuidadosamente estruturado em categorias, é importante se agarrar à bagunça (…)”.
Em 2022, encontraremos justamente um mundo ainda desordenado, a ser construído em cima da desconstrução, respirando ressignificações sociais e corporativas. Nada será como antes. E nem queremos! Tudo terá que ter um sentido!
Nisso, o brasileiro sai na frente de qualquer outra nação devido à sua resiliência acoplada ao seu carisma de agregar diferentes tipos de pessoas, de ideias e de ideais.
O resultado de toda essa sinergia caótica é a criatividade conectada ao propósito de melhorar a vida das pessoas, de viabilizar desejos ou de acalmar inquietações. Seja para criar aviões, urnas eletrônicas ou vacinas.
Que tal criar mais em 2022?
João Teixeira é Chief Ghrowt Officer (CGO) na Certsys, empresa especializada em soluções para Transformação Digital e inovação.