* Por Karla Censi
Quando as primeiras máquinas de Henry Ford começaram a operar no início do século passado, abrindo caminhos para o que à época se entendia como “cultura corporativa moderna”, provavelmente não se imaginava que as corporações daquela fase do capitalismo se aliariam a negócios de menor porte para gerar inovações. Hoje, a chamada “cultura corporativa moderna”, implementada na esteira do fordismo, já não é tão moderna assim, e a união de grandes empresas com startups é uma realidade – principalmente quando a intenção é encontrar soluções inovadoras para atender demandas do nosso tempo, como a diminuição do impacto ambiental.
De lá para cá, as dinâmicas do capitalismo mudaram. A aposta de organizações de grande porte em parcerias com negócios menores, para avançar no campo de inovação, vem crescendo ano após ano. Dados de um levantamento realizado pela Open Startups mostram que, entre 2020 e 2021, o valor de contratos entre empresas tradicionais e startups saltou 175%. Em 2022, o aporte chegou a R$ 12 bilhão, segundo estudo realizado pela Distrito. Essa pesquisa revela ainda que, somente em maio desse ano, R$ 1,4 bilhão foram investidos no ecossistema de startups brasileiro.
Esse é um caminho sem volta – e é a sociedade como um todo quem mais tem a ganhar com isso, já que as inovações geradas por meio desse relacionamento vêm sendo norteadas, entre outras demandas, pelo desenvolvimento sustentável. Mais do que busca soluções tecnologicamente arrojadas, organizações procuram garantir a sustentabilidade em seus processos e em toda sua cadeia de valor, pois sabem que, mais cedo ou mais tarde, podem ser cobradas pelos seus públicos por esse tipo de compromisso.
A Braskem carrega a sustentabilidade no DNA e busca ser protagonista em iniciativas que contribuam com a construção de uma sociedade mais justa e ambientalmente correta, visando garantir a perenidade do negócio e um futuro melhor para as pessoas. Diante de todos esses desafios, entendemos que o caminho para o cumprimento desses objetivos passa por um processo colaborativo, via interações constantes com startups que tenham sinergia não apenas com o nosso core business, mas, principalmente, com o propósito de trazer impactos ambientais positivos.
Desde 2015, a companhia fomenta o relacionamento com pequenas empresas por meio do programa Braskem Labs. A iniciativa tem como objetivo fortalecer internamente o desenvolvimento tecnológico por meio de uma abordagem para a criação de produtos com base em plataformas de inovação, pipelines e gestão de portfólio de projetos, visando apoiar e impulsionar empreendedores cujas propostas ajudem a melhorar vidas por meio da química e do plástico. Trabalhamos para incentivar a inovação destinada à sustentabilidade em áreas como economia circular, embalagem, química sustentável, entre outras, com soluções que geram impacto socioambiental positivo.
Os resultados são extremamente positivos e confirmam que estamos no caminho certo nessa empreitada. Somente nesse ano, 30% das soluções selecionadas para a aceleração do Braskem Labs são voltadas para mitigação das mudanças climáticas, 25% para incentivo à economia circular e 15% para desenvolvimento da biotecnologia. Além dessas frentes, buscamos gerar soluções inovadoras e que proporcionem impactos positivos no meio ambiente em setores como embalagens, química sustentável, agronegócio, infraestrutura e construção civil. Além de beneficiar a sociedade, o trabalho realizado até aqui vem proporcionando ganhos expressivos às empresas participantes do programa. Desde 2015, 96% continuam no mercado e 34% atraíram investimentos externos.
Mesmo que muitos conceitos do fordismo ainda sustentem algumas dinâmicas do capitalismo atual, estamos diante de uma nova e promissora fase do mundo dos negócios. A contemporaneidade nos convida à uma reflexão sobre a importância de fomentar conexões no mundo corporativo em prol de soluções voltadas para o desenvolvimento sustentável. Assim, a união de grandes organizações com startups, por exemplo, pode de manter esse ecossistema ativo e engajado para as futuras gerações.
* Karla Censi é gerente de soluções sustentáveis na Braskem