Por Bruna Galati
Em uma jornada marcada pela busca por equidade e oportunidades, a startup paulista Diversidade.io, fundada em 2021 por Marcelo Arruda, nasceu com o objetivo de aproximar empreendedores negros de empresas comprometidas com a diversidade e inclusão.
“Quando iniciamos a Diversidade.io, foi em resposta a percepção de que talentos negros não estavam sendo reconhecidos e valorizados”, revela Arruda. “Mas, ao invés de nos determos na desigualdade, optamos por agir. Acreditamos que a verdadeira mudança começa quando decidimos olhar além das limitações impostas pela sociedade.”
Uma das conquistas mais recentes da startup foi sua participação na aceleração global da Ambev, onde se destacou entre mais de 1.700 empresas candidatas. “Recebemos o apoio da Ambev, que buscava aumentar a presença de empreendedores negros em sua rede”, explica Arruda sobre a ida à Bélgica para a aceleração da Ambev. A Diversidade.io desenvolveu para o 100+ Accelerator 2023, um projeto da Ambev voltado para soluções sustentáveis e inovadoras, o maior banco de dados de afroempreendedorismo fora do continente africano, identificando 270 mil empreendedores negros.
Além da Ambev, a Diversidade.io também conquistou a parceria da Unilever, que tinha a dor de entender como seria possível conectar esses afroempreendedores às empresas. O plano era gerar conexão e desenvolver uma plataforma intuitiva, uma vez que apenas 50% dos empreendedores negros chegaram a fazer curso superior, como afirma Arruda. “Com isso, fomos uma das 26 empresas convidadas a ir para Nova York apresentar a solução em outubro. Agora, estamos em negociação para fazer nosso primeiro evento por lá para encontrar parceiros, empresas interessadas na diversidade e empreendedores norte-americanos negros para levar a solução para lá.”
A startup também foi convidada para desenvolver a plataforma da SomosMover.org, associação sem fins lucrativos formada por 50 empresas de diversos setores da economia que acreditam no empreendedorismo negro. O trabalho da ONG inclui o compartilhamento de boas práticas e aceleração dos processos já em curso nas empresas, além do investimento social coletivo voltado a criação de impacto positivo na educação, geração de emprego e na conscientização da sociedade quanto ao racismo.
Diversidade.io tem plataforma própria com IA
Em sua própria plataforma, que conta com as mesmas tecnologias do banco de dados para a Ambev e Unilever, a startup já homologou mais de 300 afroempreendedores, gerando uma receita de mais de R$ 2 milhões por meio de 27 negócios concretizados. Isso significa que os empreendedores estão conseguindo precificar seus serviços de maneira justa, com um ganho médio de cerca de R$ 86 mil reais. Para analisar se os empreendedores são pessoas pardas e/ou pretas, foi implementada uma inteligência artificial de reconhecimento facial dentro do sistema.
Esse valor é muito superior ao faturamento médio de empreendedores negros. É o que revela uma pesquisa do Sebrae, realizada com base em dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do terceiro trimestre de 2023. Segundo o levantamento, os afroempreendedores representam 52% dos proprietários de negócios no Brasil, totalizando cerca de 15,2 milhões de pessoas. Apesar de constituírem a maioria, enfrentam grandes desafios: 77,6% apresentam um faturamento mensal de até dois salários-mínimos.
Atualmente, a startup está trilhando uma jornada de crescimento: em 2022, registrou um aumento de 686% no faturamento, alcançando a marca de meio milhão de reais. Já em 2023, continuou sua trajetória ascendente com um crescimento de 400%, atingindo uma receita de R$1,8 milhão. Por ora, a startup é uma bootstrapping.
Para escalar, a startup disponibiliza uma assinatura anual para as empresas que querem ter acesso ao portfólio com os empreendedores – que podem se cadastrar de forma gratuita na Diversidade.io. Hoje, a Diversidade.io tem clientes como Natura, Ambev, Unilever, Accelerator +100, Pepsico, Mondelēz, PMI, Copos Stanley, Carrefour, Arco Educação, entre outras empresas de grande porte. Além disso, também faz a capacitação dessas organizações para receber colaboradores negros. E criou uma jornada de letramento racial corporativo, destacando as vantagens tangíveis para as empresas incluírem diversidade em seus negócios.
“A maior parte dessas empresas são multinacionais, então elas já vêm com esses pensamentos de fora do Brasil de que precisa ter diversidade. A segunda razão é que a B3 informou que as empresas só poderão estar na bolsa de valores se estiverem dentro do ESG e a terceira razão é a conscientização, além de que os consumidores estão buscando cada vez mais empresas que pensem em diversidade e inclusão”, conclui Arruda sobre a razão do aumento da busca por diversidade dentro das companhias.
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