Hoje, dia 13 de setembro é comemorado o Dia do Programador, profissão responsável por organizar códigos e linguagens de programação dentro da tecnologia da informação. O motivo da comemoração ser realizada nesta da – ou 12 de setembro, em anos bissextos, é porque o número 256, (contagem dos dias do ano até a data), é o número de valores distintos que podem ser representados com um byte de oito bits, um número bastante conhecido entre os programadores.
Porém, embora a data seja bem significativa, ela também traz alguns questionamentos sociais, principalmente relacionados às mulheres que atuam na área. Segundo dados da Mastertech, ainda hoje as mulheres representam menos de 1/3 da força de trabalho em TI. Já outro estudo, desta vez conduzido pela INEP, mostra que apenas 13% dos estudantes de ciência da computação são mulheres – das quais 47% acabam desistindo no meio do caminho.
“O machismo, justamente por ser estrutural, permeia tudo isso e está presente em todos os sentimentos que te bloqueiam e te empurram para a baixo, como a sensação de ser ‘velha demais’”, comenta Juliana Amoasei, desenvolvedora e instrutora de JavaScript na Alura, que é uma das maiores comunidades de ensino em tecnologia do país, e investe em programas e iniciativas gratuitas de capacitação ou destinadas especificamente para desenvolvimento de mulheres, como o Reprograma e Cloud Girls.
Segundo levantamento realizado pelo Reprograma, instituição objetivada em reduzir o gap de gênero no setor de tecnologia por meio da educação, entre 2016 e 2021, mais de 17,7 mil mulheres foram impactadas por suas iniciativas. No geral, cerca de 1.100 mulheres se formaram em TI através do Reprograma, sendo 9% mulheres trans e 69% mulheres pretas. Dessas, 80% foram empregadas em até 6 meses após formação, o que proporcionou e viabilizou que essas mulheres saltassem de salários de R$ 917 para R$ 3.212.
Um outro estudo, desta vez realizado pela Cloud Girls – projeto que capacita e direciona mulheres para o mercado de trabalho -, identificou que a maioria das mulheres migraram de áreas como Administração, Psicologia, Direito, Biblioteconomia e Geologia. “Sabemos que muitas empresas ainda são um pouco reticentes quando se fala na importância da diversidade, mas felizmente vemos que este cenário está mudando lentamente para melhor”, comenta Juliana. As mulheres continuam resistindo e seguem crescendo sua participação no mercado, as iniciativas gratuitas de capacitação ou destinadas especificamente para desenvolvimento de mulheres contribuem com isso.
“Ainda há um longo caminho a ser percorrido, pois a lacuna de gênero em tecnologia é apenas um dos sintomas de um problema estrutural, mas é essencial que existam iniciativas que ataquem esta face do problema de frente, pois o mercado de tecnologia não é um espaço qualquer, ele é responsável por partes essenciais da nossa vida: social, econômica, política, médica, nada disso hoje em dia existe sem tecnologia e por isso é tão importante que os grupos minorizados ocupem esses espaços”, finaliza Juliana.