Publico, com o consentimento da repórter Márcia Lima, as respostas inteiras que dei para a matéria “Empreender 2.0: o desafio das startups” publicada no início deste mês no site gaúcho de jornalismo sobre negócios em TI Baguete.
A matéria contou ainda com depoimentos de Edson Mackeenzy (Videolog) e Gilberto Jr (Amanaiê).
Perguntas que a Márcia fez para mim:
- 1) Qual o maior desafio de empreender na web, no Brasil?
- 2) Na tua opinião, quais os rumos dos negócios para startups brasileiras?
- 3) Quais os erros mais comuns para startups?
Respostas que eu dei para a Márcia:
- 1) Empreender já é em si um desafio no Brasil. Não por causa de burocracia, pois administrar empresa não é o mesmo que empreender. Empreender é uma motivação constante de, digamos, realizar sonhos, e quando se aplica isso ao campo profissional ou empresarial, fica difícil transpor séculos dos efeitos de uma educação que prepara para a estabilidade, o vestibular e o currículo. Os empreendedores web mais bem sucedidos explicam como empreender na web só pode ser comparado com paixão pela incerteza, mesmo que hoje em dia o mercado esteja muito propício para esse tipo de atividade. O empreendedorismo na web também tem algumas características especiais fundamentais que o diferencia das formas tradicionais de se empreender em outros setores, e as organizações de informação e orientação ainda estão lutando para entender que diferenças são essas. As características tecnológicas atualizadas e o alinhamento com o potencial social e comercial delas é algo muito sutil de se alinhar com a finalidade de ganhar escala.
- 2) Pelo déficit de educação empreendedora no Brasil, as startups brasileiras dependem muito de duas coisas: apoio a gestão e acesso a crédito. Se dependessem do sistema educacional formal e do sistema bancário oficial, dificilmente conquistariam sucesso pois essas organizações não conseguem, quase que por definição, dar conta de um setor que parece ainda estar abaixo do radar, mas já tem de altíssima performance. Percebemos que, por sorte, finalmente vem ganhando maturidade no Brasil uma comunidade de tecnologistas, empreendedores, gestores, consultores e investidores de startups. Aliás, existe uma camada intermediária de capital administrada pelo que chamamos de investidores anjos, que tem muito mais dinheiro do que um empreendedor conseguiria juntar sozinho ou com amigos, mas muito menos do que os fundos de capital de risco costumam administrar. Trata-se de quantias entre 80 e 500 mil reais anuais investidos por startup. Mas o principal não é o dinheiro, e sim a experiência de mercado dos investidores anjos. Eles ajudam a priorizar, focar, dinamizar. Nos Estados Unidos, onde se consolidou o Vale do Silício, há centenas de associações desse tipo de investidor. No Brasil, sabe-se de quatro associações: na Bahia, no Rio de Janeiro, em São Paulo e Florianópolis, além de dois fundos de mercado, profissionais, que vem fazendo bons trabalhos com startups em Minas Gerais.
- 3) Os erros mais comuns em startups são os dois lados da mesma moeda: não cuidar de um plano de negócios e, simultaneamente, não atentar ao mercado e alterar esse plano de negócios. Outros erros incluem a falta de critério na escolha de sócios ou a falta de pesquisa de concorrência no mercado. Recentemente, publiquei um artigo sobre os Fatores-Chave de Fracasso, atentando para uma série de pontos detectados por pesquisadores como comuns à maioria dos empreendedores que faliram: /2010/empreendedor-cuidado-com-os-fatores-chave-de-fracasso/
O que você pensa sobre isso? O que você está vivendo ou testemunhando?