* Por Fabiano Nagamatsu
Estou no universo dos negócios e empreendedorismo há 20 anos. Neste mundo, sabemos que existe uma predominância aparentemente esmagadora de uma ideia positivista: de resolução de problemas e superação. No entanto, a realidade não é bem assim. A vida de empreendedor é feita mais de desafios do que conquistas – que raramente são fáceis.
Pouco se fala sobre o fracasso nesse universo e como ele pode ser desanimador para muitos. Como descendente de japonês, essa questão é ainda mais significativa. Culturalmente, somos ensinados a sempre vencer. “Segundo lugar é a mesma coisa que o último.” Esse tipo de afirmação é muito comum. Imagine o tipo de pressão e problemas emocionais que isso pode desencadear em seres humanos. Sujeitos a errar.
Compartilho esse relato de minha experiência pessoal. Cada um tem sua particularidade e não me proponho a ensinar como outras pessoas devem lidar com suas questões. Principalmente, a depressão sendo uma condição tão delicada e impossível de generalizar. Mas, este ano, a senti de uma forma expressiva e entendo que o diálogo é importante.
“Workaholic” é um termo que me descreve. Estou sempre trabalhando. Sempre pensando e querendo abraçar o mundo. A sensação de que eu posso fazer mais com meu tempo, da mesma forma que me motiva constantemente a procurar novas conquistas, começou a gerar uma insatisfação enorme. E, principalmente, a reduzir demais o tempo que eu me dedicava à minha família.
Muitos podem achar adorável, mas minha filha de 4 anos já se comunica como uma adulta, me pedindo para gravar vídeos nos quais ela fala sobre empreendedorismo inovador com a autoridade de uma especialista. Eu nunca passei ativamente esse conhecimento para ela. As crianças absorvem tudo o que falamos perto delas e precisamos ter cuidado. Esse não é o meu ideal para ela. Eu quero que ela tenha uma boa infância, brinque e se divirta. Que seja criança, enquanto ela puder.
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Empreendor durante isolamento social
A pandemia da Covid-19 e o isolamento social foi uma mudança de paradigma em diversos segmentos. Pude observar muitos empreendedores mentorados e programadores sentindo profundamente a falta de contato humano. Tivemos que organizar momentos em que estivéssemos juntos, usando máscaras e armados de álcool em gel por todos os cantos. Senão, não teríamos sido capazes de conquistar o que pudemos nesse período.
Eu estava em plena mudança do Mato Grosso do Sul para São Paulo, mentorando dezenas de profissionais, liderando equipes e montando minha própria aceleradora de startups com meu querido amigo Dr. Jorge Yamaniski. Eu tinha tudo. Mesmo assim, sentia um profundo vazio. Como se nada fosse suficiente.
Foi nesse período que entendi como seria importante me apoiar nas pessoas ao meu redor, na minha família. Minha esposa, que me acompanha já faz 21 anos, tinha comentários relevantes sobre minha personalidade e foi meu principal apoio para sair desse estado. Ela me aconselhou a ter mais confiança nos profissionais de altíssimo nível que trabalham nos projetos que participo, me ajudou a observar a vida fora do ambiente de trabalho e a alegria de passar tempo de qualidade com a família.
Quando estamos passando por um momento difícil, entramos no nosso próprio mundo e não conseguimos olhar para fora. É importante ouvir o que as outras pessoas nos dizem. Elas podem oferecer perspectivas que não conseguimos ver sozinhos. É a mesma situação de uma mentoria de negócios, quando oferecemos sugestões de um ponto de vista diferente.
Passar por esse desafio foi um grande aprendizado. Hoje sinto que posso entender melhor quando alguém que eu conheço está passando por algo parecido. É essencial praticar a empatia, em qualquer ambiente, pessoal e profissional.
O universo da tecnologia muda do dia para a noite e isso gera uma grande ansiedade no profissional da área. “Errar rápido e aprender rápido” é um dos pilares do nosso trabalho e estamos constantemente com a sensação de correr atrás do prejuízo. Nessas horas, dê um passo para trás, respire fundo, e planeje sua rota. E não esqueça da sua vida pessoal e de sua saúde mental.
Fabiano Nagamatsu é cofundador da Osten Moove, aceleradora indicada no Startup Awards, estabelecendo o Osten Investimentos, carteira de Equity Crowdfunding da marca, e mentor de negócios no InovAtiva Brasil, maior programa de aceleração de startups da América Latina, indicado dois anos consecutivos entre os 3 mais influentes em mentoria e investimento do Startup Awards 2019, iniciativa da Abstartups, e finalista como mentor do ano em 2020, 2021 e vencedor do prêmio em 2022.
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