*Por Ornella Nitardi
A inovação aberta é uma estratégia que vem ganhando cada vez mais espaço entre as grandes corporações porque pode acelerar a inovação, reduzir custos, abrir novos mercados, trazer diferencial, gerar vantagem competitiva e aumentar a satisfação do cliente. No entanto, como a cultura organizacional influencia na capacidade de uma empresa de adotar e implementar práticas de inovação aberta?
A simples implementação das ferramentas e práticas de inovação aberta não garante resultados positivos, se não houver uma cultura organizacional que molda o terreno onde a inovação aberta se desenvolve.
A receita para a transformação cultural em direção à inovação colaborativa inclui a transparência na comunicação – superando os obstáculos de hierarquia, incentivo à colaboração e trabalho em equipe, confiança e empoderamento para impulsionar a proatividade e criatividade e, principalmente, maior tolerância aos riscos e aos erros, para criar um ambiente seguro para proposição de ideias disruptivas que podem ou não dar certo e, claro, a experimentação
Avalio a experiência, de dentro de uma empresa alemã, centenária, com valores sólidos, e que tem a inovação “tradicional”, com foco em Pesquisa e Desenvolvimento, como chave para o sucesso da companhia. O investimento anual robusto e a dedicação de colaboradores como força inovadora fizeram a companhia alcançar a liderança global em P&D na indústria química. Essa potência em inovação abrange centenas de projetos de pesquisa científica para atender aos desafios dos clientes com foco em sustentabilidade. Essa transição verde inclui soluções para evitar emissões de CO2 em processos e produtos químicos, eficiência energética, bioeconomia e economia circular, por exemplo.
Nos requisitos para o sucesso em inovação aberta, as necessidades e expectativas dos clientes são o ponto central, guiando a busca por soluções eficazes e relevantes. Assim como também promover a experimentação dos colaboradores das diferentes áreas para poder explorar oportunidades mais promissoras
Peço licença para dividir aqui os valores como corporação que estão inseridos dentro do nosso esquema de incentivos, porque vejo que acabam sendo um alicerce importante para inovação colaborativa: somos criativos, abraçando ideias ousadas e damos a elas espaço para crescer; abertos, valorizamos a diversidade, em pessoas, opiniões e experiências, cultivamos respeito e confiança mútua e aprendemos com contratempos; somos responsáveis, valorizando a saúde e segurança das pessoas acima de tudo e fazemos da sustentabilidade parte de cada decisão; empreendedores, aproveitamos oportunidades, pensamos à frente, com foco nos clientes.
Essas características são importantes, mas o trabalho para uma mudança cultural na direção da digitalização e de inovação mais ágil, teve outras frentes e incluiu a criação do nosso Centro de Experiências Científicas e Digitais, onono®️. Para além de nos conectar ao ecossistema de inovação aberta, com este hub buscamos aproximar e inserir os colaboradores nessa nova cultura, oferecer programas de capacitação e letramento, novas possibilidades de intraempreendedorismo com foco em digitalização, programas de incentivo, com reconhecimento e recompensa, valorizando a participação em iniciativas de inovação aberta.
Outro esforço determinante nesse movimento de mudança cultural em uma grande corporação é envolver outras áreas da companhia, como compliance e jurídico, para reduzir a complexidade e requisitos que startups não conseguiriam cumprir para criar novos negócios com a empresa. Uma cultura flexível e aberta a novas abordagens depende, ainda, de uma liderança que promova e incentive conexões, inspirem suas equipes a participarem ativamente, mostrando entusiasmo e comprometimento com a busca de ideias externas que atendam desafios reais.
Estas são, na minha opinião, algumas iniciativas importantes para criar um ambiente fértil para o desenvolvimento de soluções disruptivas e a possibilidade de colher os frutos da inovação aberta e prosperar em um cenário cada vez mais competitivo. Com esse engajamento, estimulando a criatividade, colaboração, a inteligência coletiva que contribui para decisões mais estratégicas, é possível driblar obstáculos como a resistência às mudanças, medo de perder o controle sobre os processos e a comunicação inadequada, que dificulta o compartilhamento de conhecimento.
A cultura organizacional é um fator determinante na capacidade de uma empresa de implementar iniciativas de inovação aberta de maneira transversal. Uma cultura que promove a transparência, tolerância ao risco, colaboração, empoderamento e foco no cliente pode criar um ambiente propício para a inovação aberta, permitindo que a empresa se adapte e prospere em um cenário de negócios em constante mudança. E aí, vamos trabalhar juntos para cultivar uma cultura que apoie e incentive a inovação aberta?
*Ornella Nitardi é head de Inovação Aberta e Ecossistemas Digitais na BASF
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