* Por Lucas Mantovani
Nos primeiros dias do mês de setembro de 2022, acompanhamos um dos maiores eventos já realizados sobre cripto e blockchain aqui no Brasil: o Blockchain Rio Festival.
Como entusiasta desse assunto e alguém que realmente acredita no potencial dessa tecnologia, não pude deixar de participar e aproveitar o espaço de conexões e aprendizado proporcionado no evento.
Talvez os impactos da transformação que essa tecnologia vai gerar estejam apenas começando, mas é fato que se trata de uma boa aposta. Não sou eu que estou dizendo isso, mas o próprio mercado.
Apenas em 2021, o número de aportes em startups que exploram soluções em blockchain aumentou 713%, alcançando incríveis 25 bilhões de dólares de venture capital.
A tecnologia blockchain e as criptomoedas encontram um campo fértil em países emergentes.
Todo esse alvoroço está despertando a atenção dos agentes regulatórios, como o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários, que já demonstram a vontade de regulamentar o assunto e trazer um mínimo de segurança jurídica para quem empreende nesse segmento.
Como a proposta deste artigo é trazer um conteúdo de relevância para você, leitor(a), eu fiz algumas notas a respeito do que aprendi, percebi ou simplesmente concluí após quatro dias de Blockchain Rio e quero compartilhar minhas impressões com você.
Especialmente se você tem interesse em aumentar a adesão à essa tecnologia.
1 – As criptos são inevitáveis e vão mudar o modo como interagimos com a tecnologia – mas não tanto no médio prazo.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido aqui no Brasil e, por mais que a tecnologia avance numa velocidade absurda, a educação do público geral precisa avançar para que a adoção da tecnologia se torne uma realidade.
2 – Este ainda é um assunto muito segmentado, técnico e distante do imaginário coletivo – e quem domina o tema não o comunica bem.
O funcionamento da tecnologia blockchain não é simples de entender, razão pela qual eu acredito que há um espaço grande para quem souber traduzir o assunto da melhor forma possível ao público.
3 – Muitas empresas comunicam mal as suas soluções em blockchain e tentam explicar demais o que é muito complexo enquanto poderiam focar mais no que podem entregar – com ou sem cripto.
Acredito que a curva de aprendizado é tão longa para o público geral que as chances de adotarmos cripto bo backend é muito maior. Está na hora de focar mais na solução do problema – com ou sem cripto – e menos no fator disruptivo da tecnologia.
4 – É provável que a curva de adesão seja mais curta do que imaginamos nas empresas, a depender de alguns fatores – como o ajuste da comunicação que citei antes.
Se as empresas começarem a ajustar a comunicação de suas soluções, sem perder tempo tentando explicar a tecnologia e focando no resultado final que vão atingir, as chances de diminuir a curva de adesão em determinados segmentos é maior.
5 – Ainda estamos muito focados em produtos e pouco em auditorias da tecnologia blockchain e smart contracts – oceano azul?
Um questionamento feito por um dos participantes no palco “Talks” do evento me chamou a atenção sobre esse problema real que é a ausência de soluções de auditoria. Sim, isso sim é um oceano azul.
6 – Os advogados precisam, no mínimo, ter noções a respeito da tecnologia e dos smart contracts – logo mais eles vão aparecer na jurisprudência dos tribunais.
Para não dizer que não avisei os colegas advogados, fica o alerta: faltam profissionais qualificados para lidar com os desafios jurídicos das empresas que desenvolvem soluções em blockchain.
7 – Descentralização é linda demais, mas precisa deixar de ser fantasia de libertário/ancap e começar a entregar valor para as pessoas, sem complicar demais as coisas.
Nada contra os libertários ou anarcocapitalistas. Precisamos diminuir os obstáculos para a adesão da tecnologia blockchain pelo público geral, retirando qualquer aspecto ideológico da descentralização e focando mais nos efeitos positivos que ela gera na vida das pessoas.
Espero que essas considerações possam te ajudar a repensar o seu negócio e o modo como você encara o go to market das suas soluções em blockchain.
Lucas Mantovani é cofundador do CMA Startups, advogado especialista em Direito da Tecnologia, mentor e legal advisor de startups.