* Por Rafael Kenji
Os primeiros incentivadores e/ou conselheiros de uma startup são os FFF, carinhosamente chamados de “friends, fools and family”, que são amigos, familiares ou entusiastas que apostam na startup, mesmo com o alto risco por não terem validado o produto ou não existir ganho de escala a curto prazo. É o famoso “comprar prédio na planta” quando se trata de startups que acabaram de surgir.
São esses primeiros entusiastas que apostaram no negócio desde o início que compõem o primeiro time de conselheiros das startups, apoiando os fundadores em decisões estratégicas e cobrando os resultados estabelecidos no plano de negócios da empresa.
Muitas vezes, os primeiros conselheiros não são as principais referências no mercado, mas podem ser treinados por meio de situações que estimulem o pensamento estratégico e gerem resultados na expansão comercial da startup ou até mesmo na visibilidade da marca. É o chamado smart money, muito visado por startups em processo de escalada que procuram investimento por meio de venture builders.
Quando a startup começa a ser reconhecida no mercado, novos conselheiros vão surgindo, por indicação ou até mesmo por entrarem com aporte de capital, os chamados investidores-anjo.
Uma estrutura ideal de startup possui um Conselho Administrativo, com conhecedores nos aspectos jurídicos e estruturais da startup, que muitas vezes desempenha o papel de Conselho Fiscal e Consultivo, para estruturação de estratégias comerciais e que vão direcionar a empresa na escalada visando ao que é mais importante, não ao que é mais urgente. O CEO, que na grande maioria das startups é o fundador, é o guardião das informações estratégicas e o tradutor dos dados da empresa para o conselho.
O conselheiro também tem outros papéis na empresa, além de mediar conflitos internos entre os sócios fundadores e orientar o CEO com o planejamento estratégico da empresa, como:
1 – papel de mentor, apoiando decisões na carreira dos sócios;
2 – papel de árbitro, resguardando o regimento interno da empresa e do próprio conselho;
3 – papel de mediador, analisando de forma imparcial os conflitos que possam surgir na empresa;
4 – papel de negociador, fazendo a ponte com o mercado e até mesmo tomando decisões que vão melhor proteger ou impulsionar a empresa, como até mesmo a remuneração dos sócios ou a garantia de algum direito ou responsabilidade de algum colaborador, cumprindo as regras do Estatuto.
Portanto, existem perfis diferentes para os conselheiros ideais, de acordo com cada perfil de empresa, e o grau de dificuldade na atuação do conselheiro, com suas responsabilidades, aumenta quando ele também é governante ou investidor-anjo.
Em empresas multissocietárias, “conselheiros intermediadores” são mais adequados. Já em empresas familiares, “conselheiros conciliadores” são mais sugeridos. Em todas as ocasiões, o Conselho deve cumprir seu papel de aconselhamento, como o nome diz, e a empresa deve se preocupar em capacitar cada vez mais seus conselheiros, para que eles possam tomar decisões mais conscientes e imparciais em momentos sensíveis da empresa, orientando os fundadores e demais sócios e investidores bem como apaziguando conflitos.
Rafael Kenji Hamada é médico e CEO da FHE Ventures, uma Corporate Venture Builder cujo principal objetivo é desenvolver soluções inovadoras voltadas ou adaptadas para as áreas de saúde e educação.