* Por Natália Zeferino
O estereótipo do programador brilhante e muito jovem, recém saído da faculdade, muitas vezes se confirma. No cenário empresarial, os profissionais de tecnologia são predominantemente jovens, por serem nativos digitais ou conviverem com isso em casa desde muito cedo. No entanto, transformações da sociedade, fazem com os que profissionais fiquem mais tempo no mercado. Pessoas mais velhas não necessariamente se verão no final de suas carreiras, e a tendência é que a atualização se torne cada vez mais necessária e constante. Um exemplo disso é um estudo do MIT Sloan School of Management que levantou que nos EUA a idade média na qual um empreendedor alcança o sucesso é de 45 anos.
Sendo assim, a diversidade etária é uma questão a ser levada em consideração. Muito se tem falado, felizmente, sobre mulheres em tecnologia ou diversidade racial nas empresas, questões sem dúvida de extrema importância, mas outro aspecto menos discutido ainda da diversidade é a questão etária. A variedade de idades dos colaboradores também contribui para um ambiente mais inovador, com visões distintas sobre os assuntos e que permite a criação de soluções mais efetivas para um número maior de pessoas da sociedade. As diferenças, a colisão de ideias e pensamentos, tudo isso contribui para o desenvolvimento do time.
E como as empresas podem manter uma boa convivência em equipes com pessoas de diversas gerações? A boa notícia é que uma pesquisa realizada pela Mappit, do Talenses Group, revelou que no Brasil só 11% dos profissionais dizem ter dificuldade em trabalhar com pessoas de outras gerações. Pelo lado das empresas, o essencial é ter uma cultura forte, que dialogue com todos, dos mais jovens aos mais seniores. O desafio é criar uma comunicação, eventos internos e ações que sejam relevantes para todos, que encontre o que há de comum entre pessoas e ofereça insumos que cada um pode absorver à sua maneira, aplicar em sua própria realidade e momento da carreira.
Toda nova geração no mercado de trabalho influencia a dinâmica e os hábitos do ambiente em que se insere. Ela pode chegar mais adaptada às novidades, por exemplo, enquanto aqueles que já estão na área há mais tempo estão mais familiarizados com o mercado e o desafio de uma determinada área. Ainda que tenham prioridades diferentes, como o desenvolvimento profissional, a qualidade de vida ou a estabilidade, por exemplo, as gerações não necessariamente vivem em conflito no ambiente profissional.
É importante não se deixar levar por um viés simplista de que uma geração será melhor, mais inovadora do que a outra, e não duvidar que pessoas de qualquer idade podem aprender e se reinventar, mas estar atento ao que cada um traz de melhor ao time, de forma que todos se sintam pertencentes e colaborando ativamente na conquista dos objetivos coletivos.
Valorizando as experiências e qualidades de cada indivíduo é que se cria times coesos e cooperativos, sem que a idade se torne uma barreira. Pessoas mais novas podem liderar funcionários mais experientes, por exemplo, sem que isso se torne um impasse mais. Em uma cultura baseada em reconhecimento, idade não é um fator de promoção.
Uma boa forma de fazer isso é destacar a trajetória de cada colaborador, seus resultados, seu desenvolvimento e o que ele já construiu, para que sua liderança seja vista como algo merecido e sua figura como inspiradora, tornando assim a convivência mais simples e natural. Assim praticamos a diversidade em todos os seus aspectos e, com empresas sendo um retrato melhor da sociedade, podemos criar soluções mais pertinentes para todos os públicos.
* Natália Zeferino é gerente de Gente do Grupo Movile.